Júlio Ottoboni
Correspondente DefesaNet – São José dos Campos
A Viatura Blindada Multitarefa Leve de Rodas da Avibras, o Tupi, que disputa com outros veículos uma concorrência voltada a abastecer o Exército brasileiro. Feito em tempo recorde, de apenas 4 meses, o protótipo será entregue para testes no próximo dia 15, no Centro de Avaliações do Exército (CAEx), sediado no Rio de Janeiro. Ele é um forte candidato a fazer parte da frota do Projeto Estratégico do Exército.
O blindado 4×4 pesa 8 toneladas, mas é extremamente ágil e versátil para diversos tipos de terrenos. Inclusive seu projeto superou as expectativas previamente estabelecidas na concorrência. Entre abril e junho o veículo será submetido a diversos testes, inclusive de blindagem e resistência, junto aos peritos da armada. Os fuzileiros navais, que integram as Forças de Paz da ONU também demonstraram interesse no produto.
Em novembro provavelmente a decisão do ganhador da concorrência para o fornecimento de 30 a 32 veículos deste porte será divulgada. Informações não oficiais dão conta que o produto da Avibras leva grande vantagem sobre os demais, pois atendeu todos os requisitos e ainda superou algumas exigências, pois consegue carregar até 2,3 toneladas. O previsto em edital era até 1,3 toneladas.
O nome Tupi é uma homenagem a nação indígena que povoou inclusive a região em que a fábrica está instalada em Jacareí. A Avibras está construindo sua fábrica de número 4, num terreno contíguo a fábrica 2, onde serão produzidos os caminhões do sistema Astros 2020 e possivelmente essa nova viatura blindada leve.
O investimento nesta instalação nova gira em torno de R$ 100 milhões e está em plena construção. “A blindagem tem proteção balística para até 7,62 perfurante, também tem um sistema de suporte anti- minas, autonomia de 800 quilômetros com o uso de diesel, querosene aeronáutico e biodiesel e uma velocidade máxima de 100 quilômetros por hora, isso tudo com um sistema de vedação para ataques bacteriológicos e de áreas de radiação nuclear, pois temos um ótimo sistema de ar condicionado”, garantiu o gerente de desenvolvimento de negócios, Marcos Agmar de Lima Souza.
O carro ainda tem pneus com compensação de enchimento e sistemas lançador de granadas de fumaça entre muitas outras possibilidades, como levar uma metralhadora .50 em seu teto, tanto para operação manual como operada por controle remoto. Seu assoalho, além de reforçado com chapas de aço com revestimento cerâmico contraminas Stanag nivel 3A, pode ainda receber uma capa de proteção extra que protege inclusive o cardã e o chassi de explosões. Isso eleva o grau de segurança até o nivel 2B.
O tamanho do Tupi também conta muito neste processo de escolha. São 5,5 metros de comprimento, 2,2 metros de largura e 2,1 metros de altura. O que garante o seu uso urbano, inclusive em ações em favelas situadas em morros e locais de difícil acesso para uma viatura militar. Além de poder transitar facilmente pelas ruas, a blindado pode se transformar em ambulância, numa pick up, em versão com chassi alongado.
O modelo apresentado pela Avibras é para 5 passageiros. Ele foi concebido em parceria com a Renault Trucks Defense, tendo como base o Sherpa Light. A intenção da Avibras é avançar com o nível de nacionalização chegando a 60% em 2016. Toda a carroceria do veiculo é protegido por um produto da própria companhia contra corrosão e está customizado as diversidades e diferenças climáticas do Brasil. Sua tancagem é de 164 litros e situa-se numa área protegida. Seu motor é de 4 cilindros e 218 HP.
Os aviões cargueiros Hercules C-130 e o KC-390 podem carregar duas unidades do veículo. O Tupi carrega 4 baterias, duas para uso do veículo e outras duas para os sistemas embarcados. Os equipamentos eletrônicos previstos vão desde computadores, sistemas de navegação inercial, sistemas comunicacionais, visualizador diurno-noturno etc. “Temos expectativas para uma versão civil e é muito provável que haja outra para transporte de valores.
Pela imensa variedade de aplicações, nós vemos que há um mercado potencial imenso para esse tipo de veículo ”, afirmou Souza. O Exército não liberou informações sobre quem está na disputa e quais são os fabricantes envolvidos. Sabe-se que uma outra companhia brasileira está no certame. A Avibras, caso seja confirmada como vencedora, conseguiria entregar o produto num prazo entre 6 e 8 meses. O montante de investimento e o valor da compra também são mantidos em sigilo.
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