O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou nesta sexta-feira (04/04) que Washington avalia se vale a pena continuar desempenhando seu papel nas negociações de paz no Oriente Médio. Apesar das várias visitas a israelenses e palestinos e de longas reuniões com parceiros, as negociações correm sério risco de terminar sem resultados concretos.
De acordo com o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, Kerry "observou que o tempo e os recursos que os EUA podem dedicar a um esforço com o processo de paz são limitados". Ele afirmou, ainda, que o país não pode investir esforços de forma ilimitada no Oriente Médio porque Obama tem uma série de importantes desafios em sua agenda.
Entre os motivos para as críticas dos EUA está a decisão por parte dos israelenses de anular a libertação do último grupo de prisoneiros palestinos no último sábado (29/03). Como reação, o líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pediu adesão a diversos tratados internacionais como forma de buscar um maior reconhecimento internacional do Estado palestino.
Israel havia anunciado que apenas libertaria os presos caso os palestinos dessem garantias de que as conversações de paz vão se prolongar para depois de 29 de abril – data do fim do prazo estipulado pelos EUA assim que o diálogo foi retomado para que as negociações dessem algum resultado.
"Há limites para a quantidade de tempo e esforços que os EUA podem dedicar, se as duas partes não estão dispostas a tomar medidas construtivas para que possa existir progressos", afirmou Kerry, acrescentando que seu gabinete já se encontra bastante atarefado com a guerra civil na Síria, a questão do programa nuclear do Irã e a crise na Ucrânia.
Nabil Shaath, um alto oficial da Autoridade Palestina, afirmou que a intenção de Abbas não é de prejudicar os esforços de Kerry, mas colocar em evidência a recusa dos israelenses de libertar os prisioneiros.
"Kerry deverá retornar porque nós não abandonamos o processo", ressaltou o veterano negociador em Ramalah, a capital da Autoridade Palestina na Cisjordânia. "Continuaremos com as negociações, conforme o combinado. Espero que a paciência dos americanos chegue ao fim com os israelenses, e não com os palestinos", afirmou.