Julieta Pelcastre
O Ministério da Defesa da Colômbia está desenvolvendo os primeiros sistemas de radar do país. Segundo as autoridades, os sistemas de radar irão monitorar o tráfego aéreo e terrestre.
Os sistemas serão desenvolvidos pela Corporação de Alta Tecnologia (CODALTEC), empresa vinculada ao Ministério da Defesa da Colômbia.
De acordo com as autoridades, os sistemas de radar melhorarão a segurança pública e ajudarão as forças de segurança em sua constante luta contra os grupos do crime organizado.
Uma equipe de 20 engenheiros militares colombianos e agentes da polícia formará o Grupo de Investigação para o Desenvolvimento de Sensores e Radares (GIDS) na Colômbia.
Quando instalado, o radar aéreo terá um raio de abrangência de 45 km. O radar terrestre alcançará 12 km.
As forças de segurança utilizarão os sistemas de radar para detectar aeronaves e veículos terrestres suspeitos. Os radares serão enviados para áreas sensíveis – oleodutos, usinas hidrelétricas e batalhões. Também serão usados para fins civis, como o controle de velocidade em rodovias e monitoramento de áreas de mineração.
“O progresso na ciência e a inovação contribuem para o desenvolvimento de todas as sociedades”, disse o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón. “O governo está comprometido com a busca de melhores mecanismos de defesa e segurança para garantir a segurança da população em todo o país.”
Uso da tecnologia para melhorar a segurança pública
As forças de segurança colombianas estão usando várias ferramentas tecnológicas para melhorar a segurança pública.
Por exemplo, em maio de 2013, autoridades de segurança lançaram o SIMART, um programa que permite pilotar aeronaves remotamente. O SIMART possibilita que as forças de segurança controlem à distância aviões militares em regiões remotas de selva, onde as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), o Los Urabeños, o Los Rastrojos e outras organizações criminosas operam.
Os engenheiros do GIDS estão recebendo treinamento em radar, equipamentos e desenvolvimento de sistemas na Universidade Politécnica de Madri (UPM). Eles também estão trabalhando com duas companhias espanholas para aprender a construir radares.
Segundo as autoridades, o GIDS apresentará esses dois protótipos de radares modernos em 2015. Os engenheiros continuarão trabalhando em sistemas de radar em Madri até seu retorno à Colômbia, em 2016. Os aparelhos deverão ser entregues à Força Aérea Colombiana (FAC) naquele ano. Os sistemas de radar serão fabricados na Base Militar Apiay, em Villavicencio, na região de Meta.
‘Pegaso’, o veículo militar blindado leve
A inovação tecnológica nos setores de defesa e segurança está predominando na indústria colombiana. Além dos projetos de radar, a COLDATEC deverá apresentar o Markab, o primeiro simulador militar produzido no país, no final de 2014. O Markab permite às forças de segurança operar o veículo ASV M1117, conhecido como Pegaso. Esse equipamento é um “marco” que mostra que as Forças Armadas estão trabalhando para se modernizar, criando capacidades e visando à proteção aos cidadãos, disse Pinzón.
O Markab é uma ferramenta de treinamento para as equipes do Exército Colombiano que dirigem veículos blindados leves. O equipamento permite que os soldados simulem operações militares e aprendam a identificar e evitar riscos.
O Markab foi desenvolvido por uma equipe de 24 engenheiros e 11 militares. O simulador aperfeiçoará o treinamento de equipes “sem colocar o veículo em risco”, disse o general da reserva Julio González, diretor da COLDATEC, de acordo com informações divulgadas na mídia.
A Colômbia espera receber 30 veículos blindados Pegaso nos próximos meses, que se somarão aos 39 adquiridos em 2008 e utilizados pelo Exército desde 2011. Os veículos foram fornecidos pela empresa americana Textro Marine & Land Services e são usados pelas forças militares no Iraque e na Bulgária.
O blindado QT (qualquer terreno) tem capacidade para transportar até 11 soldados protegidos com armamentos, artilharia e lança-granadas. A versão militar ampliada do veículo é ideal para exportação. De acordo com as autoridades, o blindado pode ser adaptado para outros modelos com “pequenas modificações” em seu desenvolvimento tecnológico. Um simulador como o Markab pode ser vendido por cerca de US$ 10 milhões no mercado internacional.
O desenvolvimento de tecnologia militar, para uso na Colômbia ou para o mercado internacional, é uma prioridade, disseram autoridades do setor de defesa.
Cibersegurança
Segundo as autoridades, as forças de segurança colombianas também estão trabalhando em programas de cibersegurança, desenvolvendo mecanismos para proteger a soberania do país no mundo digital e salvaguardar os direitos dos cidadãos.
As forças de segurança colombianas devem permanecer vigilantes em relação ao aperfeiçoamento das capacidades tecnológicas do país, diz Íñigo Guevara, analista de segurança da organização Coletivo de Análise da Segurança com Democracia (CASEDE), sediada na Cidade do México.
“O resultado do projeto do radar permitirá [à Colômbia] ter radares técnicos. Eles talvez não aprimorem outros radares atualmente disponíveis no mercado internacional, mas a questão principal aqui é a transferência de tecnologia para o desenvolvimento de radares na Colômbia”, afirma Guevara.
O simulador Markab também ajudará a treinar militares que utilizam as viaturas Pegaso, de acordo com o analista de segurança. A Colômbia tem potencial para tornar-se líder em determinados nichos do mercado de defesa, graças à experiência obtida na luta com as FARC e outros grupos do crime organizado, destaca Guevara.
“A indústria militar colombiana é um exemplo bem-sucedido de como tirar vantagem daquilo que é, em outras palavras, uma infelicidade – o combate”, diz o analista.
Alguns dos mais importantes projetos de defesa e segurança desenvolvidos pela Colômbia nos últimos três anos incluem: exportação de seus LPR-40 barcos patrulheiros pluviais, o simulador SIMART para VANTs (veículos aéreos não tripulados) e a embarcação de desembarque de veículo anfíbio BDA.
As políticas de ciência e tecnologia da CODALTEC são as mesmas adotadas pelo Ministério da Defesa, baseadas em quatro princípios: resolver as necessidades das forças de segurança, desenvolver tecnologia que seja aplicável a mais de uma força, oferecer produtos para uso militar e civil e ter sustentabilidade financeira ao longo do tempo.