Brasília, 01/04/2014 – O Ministério da Defesa começa a implantar, nesta terça-feira (01MAR14), o novo sistema de comunicação digital do Governo Federal, o Expresso V3. Mais do que uma ferramenta de e-mail, a plataforma reúne funcionalidades como gestão de tarefas, agenda de contatos, comunicação instantânea e webconferência.
O software, que deve estar totalmente implantado no MD até o dia 30 de junho, é a resposta do governo federal contra a espionagem na rede. De acordo com o coordenador de Ações Governamentais do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Marcos Mello (foto), a ferramenta permite o uso de chaves e de certificados digitais que garantem a segurança no acesso ao e-mail, além de certificar a autenticidade do emissor ao destinatário. “A certificação conta com técnicas de assinatura digital e criptografia que asseguram a integridade e a confidencialidade da mensagem”, explicou.
Conforme Marcos Mello, a aplicação ganha em segurança por ser desenvolvida com inteligência nacional e com software livre. “Isso torna a ferramenta auditável por qualquer cidadão”, ressaltou. Mello lembra ainda que o domínio da tecnologia é nacional e administrada por uma comunidade de segurança coordenada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Ainda segundo o coordenador do Serpro, a expectativa é que a ferramenta esteja implantada em toda a administração federal até o final de 2015 – quando deverá ser utilizada por cerca de um milhão de pessoas. “O desafio é gigantesco. Nós buscamos parceria com vários órgãos como o Centro de Defesa Cibernética (CDCiber), do Exército, universidades federais e centros de pesquisa”, contou.
“Foram feitos todos os testes de segurança que analisaram componentes de solução de dentro para fora, simulação de invasores à infraestrutura da ferramenta, inclusive em ambiente real”, comentou Mello.
Expresso
Desde 2004, o Serpro vem desenvolvendo o Expresso V3 em parceria com outros órgãos como a Caixa Econômica Federal, a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), a Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (PROCERGS), a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar), e a empresa de consultoria PROGNUS. Também contou com o apoio de técnicos alemães. “Desenvolvemos desde a arquitetura até o código-fonte”, disse Mello.
O coordenador explica que o software implantando no Ministério da Defesa é a terceira versão da ferramenta, que já conta com 700 mil usuários. A qualidade e a segurança do Expresso V3 chamou a atenção dos governos da Argentina e do Uruguai estão interessados. “Vários órgãos públicos federais desses dois países mostram interesse em adquirir a ferramenta e os serviços do Serpro”.
O Expresso V3 já foi implantado em 14 unidades da administração pública federal. O processo foi iniciado em dezembro de 2013 e já contemplou, por exemplo, as secretarias de Relações Institucionais, a de Assuntos Estratégicos, a da Micro e Pequena Empresa, a da Aviação Civil, Promoção da Igualdade Racial, de Políticas para as Mulheres, o Gabinete de Segurança Institucional e a Vice-Presidência da República.
Todas as informações do projeto estão disponíveis nos sites expressolivre.org ou comunidadeexpresso.serpro.gov.br.
Espionagem
As denúncias de operações de monitoramento de e-mails e ligações telefônicas de representantes do governo e de cidadãos brasileiros, no ano passado, motivaram o governo federal a adotar um sistema de comunicação mais seguro.
Na época, o governo federal tratou o caso como ataques à soberania nacional e à privacidade. As práticas ilegais de interceptação das comunicações e dados de cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro foram considerados fatos graves e incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos.
Para prevenir futuras violações de informações governamentais, a presidenta Dilma Rousseff determinou ao Serpro a implantação de um sistema seguro de e-mails em todo o governo federal.
O novo serviço atende a recomendação contida no Decreto 8135/2013, da Presidência da República, que trata sobre o processo de segurança nas comunicações e infraestruturas de tecnologia da informação no governo federal.
Em setembro de 2013, o Ministério da Defesa criou um grupo de trabalho para estudar medidas com o objetivo de fortalecer os mecanismos de proteção das redes das instituições que compõem a defesa nacional, tais como os comandos das três Forças Armadas e o próprio Ministério. O grupo tem realizado encontros e levantamentos de dados e informações, e contado com o apoio de especialistas.