Líderes da União Europeia assinaram um acordo para fortalecer as relações com a Ucrânia, em uma demonstração de apoio depois que a península da Crimeia (sul da Ucrânia) aprovou em um referendo passar a fazer parte da Rússia.
O acordo foi assinado pelo primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, depois de uma reunião com os representantes europeus em Bruxelas.
Foi a rejeição em novembro desse acordo, o Acordo de Associação, pelo presidente afastado da Ucrânia, Viktor Yanukovich, que desencadeou a atual onda de instabilidade no país.
Diferentemente da proposta rejeitada por Yanukovich, a assinada nesta sexta-feira inclui apenas três dos sete capitulos do acordo. Os três incluem itens de natureza política – não os de ordem econômica e comercial que tem o potencial de gerar mais oposição por parte das autoridades em Moscou.
A assinatura se deu no mesmo dia em que o presidente russo, Vladimir Putin, assinou a lei que oficializa, aos olhos de Moscou, a inclusão da Crimeia na Federação Russa, não reconhecida internacionalmente.
Putin qualificou a incorporação da Crimeia de "evento notável" e não manifestou preocupação com a possibilidade de mais sanções internacionais contra o país – chegando até mesmo a fazer piadas sobre elas a jornalistas em Moscou.
Sanções
O presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, afirmou em uma declaração que o acordo "reconhece as aspirações do povo da Ucrânia, de viver em um país governado por valores, pela democracia e pelo Estado de direito".
Rompuy ressaltou que a UE “espera assinar em breve as partes restantes, não apenas as provisões econômicas. Juntas com as políticas, elas formam um instrumento único”. A assinatura, porém, só deve acontecer após as eleições presidenciais no país, marcadas para 25 de maio.
O novo acordo entre Ucrânia e União Europeia foi fechado horas depois de o bloco europeu ter ampliado as sanções à Rússia devido à anexação do território.
A União Europeia adicionou mais 12 nomes à lista de 21 que já estavam com os bens congelados e viagens proibidas.
Na quinta-feira, a tensão aumentou entre Estados Unidos e Rússia, pois os dois países anunciaram sanções mútuas devido à anexação da Crimeia.
O presidente americano, Barack Obama, anunciou sua segunda rodada de sanções punindo autoridades e um banco russos. Obama também assinou uma permissão para que o país imponha sanções a setores da economia russa.
Obama afirmou que os Estados Unidos observam com preocupação a situação no sul e no leste da Ucrânia. "A Rússia precisa saber que o agravamento da situação só deixa o país ainda mais isolado da comunidade internacional".
Por sua vez, Moscou anunciou na quinta-feira suas primeiras sanções contra os EUA.
Na assinatura de incorporação da Crimeia à Federação Russa nesta sexta-feira, Putin indicou que não vê a necessidade de Moscou adotar mais sanções contra o país. No entanto, posteriormente o Ministério das Relações Exteriores russo disse que Moscou irá responder “duramente”'às novas sanções de Washington, indicando que poderá anunciar uma segunda rodada de represálias.
Círculo interno
A Casa Branca disse que a nova leva de sanções foi imposta a 20 russos que têm interesses na Crimeia e pertencentes ao círculos de contatos próximo ao presidente russo, Vladimir Putin. Entre eles, estão o chefe de gabinete Sergei Ivanov e os magnatas Arkady Rotenberg e Gennady Timchenko.
O Banco Rossiya também foi alvo destas sanções por dar a apoio a autoridades do país, segundo afirmou o Tesouro americano.
As sanções envolvem restrições a transações comerciais e transações financeiras em dólar, além da imposição do congelamento de bens nos Estados Unidos.
Os Estados Unidos e a União Europeia impuseram as primeiras sanções a cidadãos russos e ucranianos na segunda-feira, um dia depois de 97% dos cidadãos da Crimeia em um referendo sobre a anexação da Rússia.
Nessa primeira leva, os Estados Unidos congelaram bens e proibiram viagens de 11 indivíduos, enquanto a União Europeia fez o mesmo com 21 pessoas.