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China diz que não aceita críticas da ONU em relatório sobre Coreia do Norte

A China disse nesta terça-feira que não pode aceitar o criticismo da ONU em relatório divulgado pela agência denunciando crimes contra a humanidade cometidos pela Coreia do Norte. No documento, investigadores da ONU afirmaram que Pequim pode estar sendo cúmplice dessas violações.

Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, disse que o governo não pode aceitar essa culpa em encontro com jornalistas, de acordo com a agência Reuters. “É claro que não podemos aceitar esse criticismo despropositado. Nós acreditamos que politicas questões de direitos humanos não é propício para a melhora dos direitos humanos do país”, disse.

A China é principal aliado do regime de Pyongyang. O relatório da ONU indicou que a Coreia do Norte comete crimes contra a humanidade, como submeter sua popular ao extermínio, à fome e à escravidão, e sua liderança merece até ser levada ante um tribunal internacional.

Ao mencionar a China, o documento, elaborado por uma comissão constituída em maio de 2013 pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, diz que Pequim pode estar "sendo cúmplice de crimes contra a humanidade" ao enviar imigrantes e desertores de volta à Coreia do Norte para enfrentar a tortura ou execução.

Seul

O governo da Coreia do Sul deu seu apoio nesta terça-feira ao relatório da ONU que constata violações maciças dos direitos humanos na Coreia do Norte e espera que o mesmo ajude a elevar a consciência internacional sobre a situação do país.

Seul "espera que o relatório ajude a aumentar a consciência internacional sobre a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte", afirmou o Ministério das Relações Exteriores em um breve comunicado.

O governo sul-coreano elogiou os esforços realizados pela Comissão de Investigação da ONU para a Coreia do Norte e se comprometeu a "reforçar sua cooperação com a comunidade internacional para melhorar a situação dos direitos humanos" no país comunista.

A Comissão de Investigação publicou um documento de mais de 400 páginas que documenta de forma inédita um grande número de "atrocidades indescritíveis" na Coreia do Norte, baseado nos depoimentos de 240 vítimas e testemunhas.

Entre os crimes contra a humanidade, as autoridades norte-coreanas são acusadas de "extermínio, assassinato, escravidão, tortura, encarceramentos prolongados, violência sexual, abortos forçados, privação de alimentação, deslocamento forçado de pessoas e perseguição por motivos políticos, religiosos, racionais e de gênero".

O presidente da Comissão de Investigação, Michael Kirby, fez um pedido à comunidade internacional para que o caso seja levado ao Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia, uma opção pouco provável devido ao previsível veto da China no Conselho de Segurança da ONU.

Kirby também enviou uma carta ao líder supremo da Coreia do Norte, Kim Jong-un, para adverti-lo que, como principal responsável de todas as instituições do Estado, ele deve assumir sua responsabilidade sobre os crimes, inclusive se não participou diretamente deles.

Por enquanto, a Coreia do Norte não se pronunciou através da imprensa oficial sobre o contundente relatório das Nações Unidas, mas, em ocasiões anteriores, o regime negou sistematicamente todas as acusações e afirmou que elas são uma "propaganda capitalista".

Segundo o relatório apresentado ontem, entre 80 mil e 120 mil prisioneiros políticos permanecem em quatro grandes campos de trabalho, onde são privados deliberadamente de alimentação como forma de controle e castigo e submetidos a trabalhos forçados.

Além disso, o documento confirma que os norte-coreanos comuns não possuem os direitos de liberdade de pensamento, consciência, religião, expressão, informação e associação, em um país estruturado em um sistema de castas conhecido como "songbun", que condiciona as vidas dos cidadãos de acordo com sua lealdade ao regime.

 

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