Nota DefesaNet,
As manifestações são um importante marketing eleitoral para os grupos de esquerda. A inabilidade do governo chileno de tratar as manifestações estudantis, planejadas e conduzidas através de uma midiática planificação, pautaram e pavimentaram a eleição da socialista Bachelet à Presidência. Agora o mesmo acontece no México, onde não há eleições federais, em 2014, somente em dois estados, mas marcará e pautará a imprensa, sempre pronta a ajudar os manifestantes na divulgação de suas plataformas. O Editor |
Fabio Murakawa | De São Paulo
A presença de militantes do brasileiro Movimento Passe Livre (MPL) em protestos contra o recente aumento das tarifas de metrô na Cidade do México está chamando a atenção da imprensa e do governo mexicanos, que afirma que tentará deportá-los por estar supostamente em situação ilegal no país.
Na semana passada, o jornal "El Universal" publicou uma reportagem que diz que o governo identificou "sete jovens brasileiros do coletivo Passe Livre como assessores de quem organiza as manifestações contra a alta da tarifa do metrô na capital". O MPL confirma a participação de seus militantes nos protestos, mas nega que eles exerçam papel de liderança e afirma que jornais e autoridades tentam "criminalizar o movimento".
Os protestos começaram no início do mês, após o anúncio do reajuste de 66% o valor da
passagem, de 3 para 5 pesos mexicanos (cerca de R$ 0,92). O governo da capital mexicana diz ter pesquisa em que 55,7% dos usuários apoiam o aumento e alega que manterá o subsídio ao transporte, sem o qual a tarifa passaria a 10,50 pesos (R$ 1,95). Mas um estudo da Universidade Nacional Autônoma do México aponta que 93% dos entrevistados se opuseram ao reajuste.
O "El Universal" identificou dois membros do MPL brasileiro, Caio Martins Ferreira e Maria Aguilera, e estampou fotos deles e de outros militantes do MPL em extensa reportagem. "As autoridades da capital contam com fotografias dos sete jovens brasileiros que se apresentaram também em algumas estações para coordenar diferentes agrupamentos, considerados pelo governo da Cidade do México como radicais", disse o jornal.
No sábado, citando dados do governo local e da Procuradoria Geral da República, o jornal disse que os brasileiros podem estar em situação ilegal no país, motivo "pelo qual se procederia uma deportação no momento em que sejam localizados". O "El Universal" afirma que o Instituto Nacional de Migração (INM) investiga as condições de 14 brasileiros "que têm evidente liderança nas manifestações" e cuja entrada no país não se encontra nos registros do INM.
O MPL confirmou ao Valor a presença de alguns de seus membros nos protestos. "Mas eles não exercem nenhum papel de liderança no movimento nem estão no país para prestar consultoria", disse Mariana Toledo, militante do MPL, que está em São Paulo. "A exemplo do que ocorreu aqui no Brasil, em junho, parte da mídia e o governo tentam criminalizar um movimento legítimo contra o aumento da passagem."
Para a matéria de El Universal do México – Ubican a extrangeros en #posmesalto Link
Mariana diz que os brasileiros estão em situação legal no México. Segundo ela, Caio, Maria e "outros quatro ou cinco militantes" viajaram ao país para participar da "Escuelita Zapatista por la Libertad", no Estado de Chiapas. Criada pelo grupo armado de esquerda Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), a escolinha recebe membros de organizações de todo mundo para "participar do cotidiano e do saber do povo indígena zapatista" por alguns dias.
Segundo ela, o MPL tem sido procurado por entidades e universidades de outros países para compartilhar sua experiência nos protestos em São Paulo, "mas não para prestar consultoria sobre como protestar". Após onda de protestos liderados pelo grupo, o prefeito Fernando Haddad revogou um aumento de R$ 0,20 na tarifa de ônibus da cidade, que ficou mantida em R$ 3. "No México, foi a mesma coisa. Os militantes do MPL participaram de conferências totalmente públicas, relatando a nossa experiência no Brasil. Eles não tiveram nenhum papel de coordenação ou liderança nos protestos."
É o que dizem também os organizadores dos protestos no México. "Os companheiros do Passe Libre não estão participando de nenhuma assembleia. Não são parte do movimento contra a alta do metrô", disse o ativista mexicano Abraham Márquez ao jornal "Reforma". "Eles vêm e compartilham sua experiência, não têm nenhuma capacidade de decisão."