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Rússia quer Brasil em cúpula sobre Síria

 BRASÍLIA 
Jamil Chake 
CORRESPONDENTE / GENEBRA 
 
O Brasil foi sondado e aceitará, se convidado formalmente, participar como um dos negociadores de uma transição política na Síria, na conferência que está sendo chamada de Genebra II, marcada para o mês que vem. Um convite formal ainda não foi feito, mas a Rússia quer a participação dos brasileiros, segundo confirmaram fontes diplomáticas em Genebra. 
 
 
Negociadores envolvidos na organização da conferência disseram que o chanceler russo, Sergei Lavrov, é o principal patrocinador do convite ao Brasil. Em entrevista ao Estado, o chanceler francês, Laurent Fabius, disse que e "se o Brasil deseja (ajudar nos esforços de paz na Síria), claro que será bem-vindo" no encontro na Suíça (mais informações nesta página). 
 
 
Genebra II será a reedição de uma cúpula que ocorreu em junho de 2012, na qual emissários dos lados em conflito na Síria aceitaram um conjunto de princípios que os levaria a uma transição pacífica. Mas o plano naufragou e, desde então, a guerra civil deixou dezenas de milhares de mortos e deslocados. 
 
A ideia de incluir os brasileiros vai além da presença de uma grande comunidade síria local ou da crescente influência do Brasil no Oriente Médio. A principal motivação dos russos seria equilibrar a relação de forças na conferência de paz e evitar que Moscou fique isolado diante de americanos, europeus e países do Golfo, que exigem a imediata renúncia de Bashar Assad. Com seu discurso de defesa do diálogo e oposição à ingerência externa, o Brasil poderia servir para reforçar uma resistência contra aqueles que querem o fim do regime sírio como precondição para que a negociação avance. 
 
O Itamaraty espera um convite formal para indicar o diplomata que fará parte das negociações, sob orientação do governo brasileiro. A conferência de paz, que pretende dar fim a quase três anos de guerra na Síria, está marcada para 22 de janeiro. 
 
Em Genebra, assessores diretos do mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, confirmaram que a consulta sobre a participação do Brasil já estava ocorrendo, impulsionada por Moscou. Brahimi não se opõe à iniciativa e considera que novos países devem ser chamados para "facilitar" e reforçar a legitimidade da negociação. No entanto, ele alertou que não aceitará a inclusão de novos atores no diálogo caso isso tome o processo mais lento e ineficiente. 
 
Oficialmente, a ONU não confirma a relação de convidados para a conferência em Genebra. Entre governos, organismos internacionais e grupos da oposição síria, o número de convidados pode ultrapassar 30. 
 
Com as grandes delegações de vários países a caminho, um outro obstáculo surgiu em Genebra: onde hospedar a todos esses negociadores, principalmente se o diálogo se estender por vários dias. O problema é que, justamente na semana da conferência de paz, os suíços organizam em Genebra a maior feira do mundo de relógios e, entre a paz no Oriente Médio e o setor mais importante da economia local, as autoridades optaram por sair em defesa do segundo. 
 
O resultado é que Genebra II I pode justamente não ocorrer em Genebra, mas em Montreux, a cerca de 80 quilômetros da sede da ONU. 

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