O Centro Experimental de Aramar, em Iperó (SP), deve ganhar um curso de engenharia nuclear. A iniciativa é uma parceria entre a Marinha do Brasil e a Universidade de São Paulo (USP). Segundo o capitão de mar e guerra e engenheiro de Aramar, Cláudio César Bezerra Teles, ter profissionais que dominam a tecnologia nuclear ainda é um desafio para o país. O Brasil tem deficiência de mão de obra na área, com apenas um curso, no Rio de Janeiro.
A área para construção do prédio que vai abrigar o curso de engenharia nuclear da Escola Politécnica da USP fica dentro do centro experimental e foi doada pela Marinha. A expectativa é de que até março do ano que vem a Comissão de Graduação da Universidade de São Paulo aprove o orçamento e as diretrizes acadêmicas como, por exemplo, a grade curricular.
Se tudo der certo, a primeira turma deve ser aprovada na Fuvest de 2015, mas os alunos só estudarão em aramar no terceiro e no quarto ano. Os três primeiros, de formação básica, serão realizados na cidade universitária, em São Paulo.
Para o capitão da Marinha Teles, os alunos irão se sentir motivados estudando na base de Aramar. “Para nós é importante porque um dos grandes desafios de quem trabalha com ciência e tecnologia no país é justamente a captação e a retenção de profissionais especializados. O país tem que investir para que a gente consiga fazer frente aos desafios desse século”, destaca.
Se aprovado, o curso de engenharia nuclear deve suprir uma grande carência de profissionais da área. Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear, existem hoje apenas 2,5 mil profissionais em atividade no país. Metade do que havia 20 anos atrás.
A formação de engenheiros nucleares vai diminuir o problema da falta de profissionais especializados, inclusive, em projetos desenvolvidos em Aramar, como o do sistema de propulsão do submarino atômico nacional, e o do reator multipropósito brasileiro, que ainda está sendo discutido, e que deve colaborar principalmente para a medicina nuclear do país.
Atualmente, apenas a Universidade Federal do Rio de Janeiro forma engenheiros nucleares no país, mas o foco do curso carioca é em sistemas de segurança e na construção de usinas. O curso de engenharia nuclear da USP terá ênfase na área de enriquecimento de urânio.
Para José Roberto Castilho Piqueira, vice-diretor da Poli da USP, o curso de engenharia nuclear só tem a contribuir para o desenvolvimento do país. “Aqui na região de Sorocaba há uma vocação já antiga para a indústria metalúrgica de materiais. A indústria de materiais nucleares também pode ser desenvolvida, e aí nós poderemos produzir aço com qualidade nuclear, e outros materiais com qualidade nuclear, para exportação e não só para uso interno. Nos podemos criar oportunidades industriais e, portanto, gerar empregos e girar a economia”, evidencia.