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Alain Chouet: serviços de inteligência russos estão entre os melhores

Alexander Artamonov

Alain Chouet, analista militar, antigo chefe dos serviços internos de segurança do Reconhecimento Militar da França, autor de livros sobre a luta contra o terrorismo islâmico e agentes secretos estrangeiros, contatado pela emissora Voz da Rússia, comenta as recentes acusações de espionagem, lançadas à embaixada russa em Berlim em relação com o surgimento de “instalações estranhas e suspeitas no telhado do prédio”.

– A versão de “instalações suspeitas”, supostamente descobertas no telhado da embaixada da Rússia em Berlim, se enquadra numa vasta vaga de publicações e denúncias relativas a Snowden e às escutas efetuadas pela NSA na Europa?

– Neste assunto há muita histeria. Desde 1952, ano em que foi instituída a NSA, foi-lhe incumbida a tarefa de recolher informações mediante a intercepção das ondas rádio e outros meios de comunicação sem fios. Qualquer país, inclusive os Estados democráticos, contam com um dispendioso apoio de serviços secretos.

Não se trata de recorrer a serviços paralelos ou alternativos aos que existem, sob a alçada dos respectivos governos, mas sim de uma possibilidade de fugir, por vezes, à responsabilidade assumida ao abrigo de acordos internacionais. Todos os países o fazem.

A Rússia e a antiga União Soviética tinham desenvolvido tal atividade em larga escala por meio do KGB e do GRU (Direção Geral de Inteligência, sigla russa). Os EUA têm para o mesmo efeito a CIA, a França e a Grã-Bretanha também dispõem de serviços análogos. A maior parte dos países intercepta dados no momento de sua transmissão ou entrega.

Mas isso dificilmente pode ser qualificado de uma operação ilegítima: quando você procura transmitir a informação através de ondas rádio, tem de admitir o fato de haver alguém mais capaz de escutá-lo.

– Como pessoa conhecedora desta área, acha que a atividade dos serviços de inteligência russos aumentou nos últimos anos?

– Não tenho tal impressão pelo simples fato de que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a sua atividade nunca diminuiu. Os serviços secretos russos foram remodelados em 1991, tendo-se separado a inteligência interna dos serviços externos, o que caracteriza os países democráticos. Mas esses últimos sempre trabalharam sobre a intercepção. Espero que o façam hoje em dia. Seria estranho se assim não fosse. Todavia, não posso dizer se foram restabelecidas as antigas proporções dessa atividade externa.

– Como avaliaria a eficiência dos Serviços de Inteligência Externa russos numa escala de cinco pontos?

– Acho que daria a nota cinco. Os serviços russos possuem uma imensa experiência. Considero figurarem entre os melhores. Mas foi sempre assim desde os tempos czaristas.

Texto/tradução: Voz da Rússia


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