A Embraer está em fase de negociação para venda de cerca de 40 aviões para o mercado chinês, segundo fontes da delegação brasileira que desembarcou ontem em Cantão para a maior reunião bilateral anual com o governo da China. O tema das vendas da Embraer estará na agenda da reunião, presidida do lado brasileiro pelo vice-presidente da República, Michel Temer. A empresa brasileira está preocupada com a demora no processo de liberação das aeronaves uma vez firmado o contrato de venda para o mercado chinês.
É necessária uma tramitação para aprovação interna, que envolve de duas a três agências públicas chinesas. E a agilidade do chinês nesse caso não é exatamente exemplar. Segundo a interpretação de certas fontes, como a China está decidida a ser no futuro não muito distante um grande "player" no mercado internacional da aeronáutica, cada avião que libera significa um aparelho a menos para seus próprios jatos no mercado.
Os chineses têm dito aos brasileiros que é o importador que deve acionar mais rapidamente as autoridades. Só que, como geralmente existe uma presença estatal nas companhias, em última análise muito depende do próprio governo chinês.
A China prepara um avião que concorre com o Embraer-190. A batalha dos jatos regionais é forte. A canadense Bombardier tem seu C-Series, a China prepara o Comac C919 e a Sukhoi igualmente diz ter um superjato. Com seu plano de aeronave maior, de 118 a 144 assentos, a Embraer poderá concorrer com uma fatia do duopólio mundial de Airbus e Boeing nesse segmento.
Também o produtor de ônibus Marcopolo enfrenta dificuldades na China. A empresa se instalou em zona com incentivo fiscal fabricando carrocerias. Há dois anos tenta obter autorização para fabricar chassis, prioritariamente para exportação. Ocorre que esse não é o tipo de indústria que os chineses incentivam. A situação é considerada complicada para a empresa que, tendo vantagem fiscal, quer produzir num setor que os chineses dizem já ter oferta demais. "Eles estão insistindo e a autorização não sai", diz uma fonte.
Também a Votorantim estará na agenda bilateral. Quando comprou a portuguesa Cimpor, a Votorantim ficou com três unidades na China. Uma delas unidades teve problema com a licença ambiental. O assunto foi levantado junto ao governo brasileiro pelo antigo presidente da empresa. Agora, o novo presidente informou à diplomacia brasileira que a questão está bem encaminhada.