“O Nordeste está em guerra”. Já imaginou abrir o jornal e dar de cara com uma notícia dessas? Bom, pessoal, mesmo que pareça improvável, é fundamental estarmos prontos para o combate, não é mesmo? Por isso, a Força Aérea Brasileira criou o Exercício Cruzeiro do Sul (CRUZEX), para treinar seus militares em situações de conflito. A primeira edição aconteceu em 2002 e, desde então, tem mudado e aperfeiçoado a forma de empregar o poder aéreo na FAB. Operações como a CRUZEX são oportunidades únicas de os países trocarem informações, doutrinas e aperfeiçoarem a forma de agir em missões reais.
1) Atualmente, a região nordeste é o cenário ideal para o desenvolvimento do exercício. Mas por quê?
Das 6 edições da CRUZEX, três aconteceram no Nordeste. Isso porque, além de ser uma região com baixa fluxo de voos comerciais, foi investida uma grande quantidade de recursos para receber um exercício desse porte nas bases aéreas da região, especialmente Natal. Outros detalhes que destacam a região como mais favorável à realização do exercício incluem meteorologia, infraestrutura aeronáutica com alta capacidade de absorção de meios de pessoal e de material (Natal possui três pistas de pouso), além da capacidade hoteleira.
2) A primeira edição, em 2002, foi resultado da participação e aprendizado da FAB em importantes eventos internacionais.
Desde a década de 90, a Força Aérea Brasileira vem absorvendo conhecimento com forças estrangeiras que atuaram em conflitos como os do Iraque, Bósnia e Kosovo. Prova disso, foi a participação da FAB nas operações TIGRE II, Mistral I e Mistral II, em 1995, 1997 e 1999, respectivamente. Já em 2000, a participação na Operação Red Flag seria mais um fator incentivando a desenvolvimento da CRUZEX. Foi então que, em 2002, o então Coronel Aviador Gilberto Antonio Saboya Burnier conseguiria convencer o Comandante da Aeronáutica, à época, o Tenente-Brigadeiro-do-Ar Carlos de Almeida Baptista, a implementar o primeiro exercício internacional realizado e coordenado pela FAB no país.
3) Em 2010, na 5ª edição, dois países de primeiro mundo participaram juntos pela primeira vez na operação, na forma de coalizão de forças.
A França, que já colaborava com a CRUZEX desde seu início em 2002, participaria da Operação com os Estados Unidos. Em 2008, na edição em Natal, militares dos EUA vieram para a operação apenas como observadores. Em 2010, seria a primeira vez na história em que o caça F-16 americano, o Rafale francês e a aeronave de ataque A-1 brasileira cruzariam o céu juntos, para cumprir as missões da CRUZEX.
4) Em 2004, A FAB utilizaria também pela primeira vez no exercício uma aeronave própria para fazer o controle do espaço aérea da área da CRUZEX.
Ao contrário do que aconteceu em 2002, em que um avião de controle e alarme em voo (CAV) de outro país fazia a vigilância aérea do pacote (aeronaves que voam em conjunto para cumprir determinada missão), em 2004, a aeronave brasileira R-99 iniciaria sua vida operacional de controle de pacotes em conjunto com o E-3 francês (pois ainda estava em treinamento). Esse fato inédito deixaria marcada a 2° edição da Operação. Vale lembrar que em 2006 a FAB estava apta para assumir, de vez, todo o controle do espaço aéreo. Tudo isso para otimizar as missões de defesa e ataque aéreo.
5) A CRUZEX estabelece, desde seu começo, parcerias com universidades para promover estágios voluntários de estudantes na área de Comunicação Social.
Essa é uma das formas utilizadas para integrar a sociedade à Operação. Apesar de o número de vagas ser bastante variável, todas as edições contaram com a participação de estudantes de jornalismo e relações públicas. Essa prática foi adotada, inclusive, por outras Forças Aéreas, a partir de 2006, comprovando a efetividade da ação.
6) 2010 foi o último ano da CRUZEX com as versões “comando e controle” e “flight”.
Aos moldes da americana Red Flag, a CRUZEX foi dividida em duas versões com um único objetivo: redução de custos e maximização de aprendizado. Isso aconteceu devido ao fato de a CRUZEX obter cada vez mais participantes de Forças estrangeiras, expandindo sua proporção e complexidade iniciais. Soma-se a isso o emprego de cada vez mais aeronaves e equipamentos para culminar na divisão. Em 2012, dá-se início à versão com somente comando e controle, em que uma história de conflito é criada para o treinamento de planejamento e tomadas de decisão. Nesse ano, a versão flight colocará aeronaves da Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Uruguai e Venezuela para voar nos céus de Natal.
Sobre a CRUZEX Flight 2013:
Exercício Cruzeiro do Sul (CRUZEX) é um exercício aéreo multinacional organizado pela Força Aérea Brasileira com o objetivo de treinar de maneira avançada missões realizadas no ambiente de guerra moderna. A CRUZEX Flight 2013 contará com novidades como a participação de militares de forças especiais (que farão infiltração de paraquedas) e também o uso de um pequeno aparelho que pode ser levado até no bolso dos pilotos, para fazer o chamado “shot validation“. também desenvolve a cooperação e o bom relacionamento entre as Forças Aéreas participantes a partir da experiência compartilhada de realizar um treinamento em um ambiente de Coalizão.
Participam do exercício as seguintes aeronaves da FAB: F-5EM/FM, F-2000 Mirage, R/A-1 Falcão, A-29 Super Tucano, K/C-130H Hércules, E-99, SC-105 Amazonas/Pelicano, H-1H Iroquois/”Sapão”, H-60 BlackHawk, H-34 Super Puma e , estreando no evento, o AH-2 Sabre. Quer saber mais? Visite o site sobre a CRUZEX Flight 2013.
:: CRUZEX
Ano: 2002
Países: Brasil, Argentina e França
Observador: Chile
Aeronaves:
– Brasil: F-5, F-103, A-1, AT-27, RA-1, R-99, C-115, C-95, KC-137, KC-130, P-95, UH-1H, CH-34, UH-50
– França: Mirage 2000, E-3, KC-135
– Argentina: M-V, KC-130
Locais: Base Aérea de Florianópolis (SC), Lajes (SC), Chapecó (SC), Base Aérea de Canoas (RS), Base Aérea de Santa Maria (RS), Pelotas (RS), Caxias do Sul (RS) e Passo Fundo (RS).
:: CRUZEX II
Ano: 2004
Países: Argentina, Brasil, França e Venezuela
Observadores: Peru, Uruguai e África do Sul
Aeronaves:
– Brasil: F-5, F-103, A-1, T-27, RA-1, R-99, R-35, C-95, SC-95, KC-130, KC-137, H-34, H-50, H-1H
– Argentina: Mirage 2000, KC-135, E-3F
– Venezuela: F-16, Mirage 50, Super Puma, B-707
Locais: Base Aérea de Natal (RN), Base Aérea de Fortaleza (CE), Base Aérea de Recife (PE), Campina Grande (PB) e Mossoró (RN)
:: CRUZEX III
Ano: 2006
Países: Argentina, Brasil, Chile, França, Peru, Uruguai e Venezuela
Observadores: Bolívia, Colômbia e Paraguai
Aeronaves:
– Brasil: Mirage III, F-5, A-1, AT-26, A-29, AT-27, R-99, SC-95, H-34, H-50, H-1H, KC-137, KC-130
– Argentina: IA-58 Pucará, A-4AR Fightinghawk
– Chile: A-37B Dragonfly
– França: Mirage 2000, E-3F Sentry
– Venezuela: KC-707, VF-5A, Mirage 50, F-16
– Uruguai: IA-58 Pucara, A-37B Dragonfly
Locais: Base Aérea de Campo Grande (MS), Base Aérea de Anápolis (GO), Uberlândia (MG), Base Aérea de Brasília (DF) e Jataí (GO).
:: CRUZEX IV
Ano: 2008
Países: Brasil, Chile, França, Uruguai e Venezuela
Observadores: Bolívia, Canadá, Colômbia, Equador, Grã-Bretanha, Peru e Paraguai.
Aeronaves:
– Brasil: F-5, Mirage 2000, A-1, A-29, RA-1, E-99, SC-95, C-130, C-105, C-95, KC-130, KC-137, H-1H, H-50, H-34, H-60, VU-35
– Chile: F-5 III, KB-707
– França: Mirage 2000
– Uruguai: A-37 Dragonfly, IA-58 Pucara
– Venezuela: F-16
Locais: Base Aérea de Natal (RN), Base Aérea de Fortaleza (CE), Base Aérea de Recife (PE), Campina Grande (PB) e Mossoró (RN)
:: CRUZEX V
Ano: 2010
Países: Brasil, Argentina, Chile, França, Estados Unidos
Observadores: Bolívia, Equador, Canadá, Inglaterra, Colômbia e Paraguai.
Aeronaves:
– Argentina: A-4, KC-130
– Brasil: F-5, Mirage 2000, A-1, A-29, E-99, C-105, C-130, C-95, H1-H, H-60, H-34, KC-137, UH-14
– Chile: F-16, KC-135
– França: Mirage 2000, Rafale
– Estados Unidos: F-16, KC-135
– Uruguai: A-37 Dragonfly, IA-58 Pucara
Locais: Base Aérea de Natal (RN), Base Aérea de Recife (PE), Base Aérea de Fortaleza (CE), Campina Grande (PB) e Mossoró (RN)
:: Cruzex C2 – Comando e Controle
Ano: 2012
Países: Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Equador, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Peru, Suécia, Uruguai e Venezuela.
Observador: Portugal
Local: Base Aérea de Natal (RN)