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Orla da Barra tem dia de campo de batalha

Célia Costa, Fábio Teixeira, Marco Grillo e Sérgio Ramalho 
 
Após um protesto inicialmente pacífico, manifestantes com os rostos cobertos entraram em confronto com agentes da Força Nacional de Segurança na Avenida Lúcio Costa, na altura do Posto 3, na Barra da Tijuca, durante a manhã e o início da tarde de ontem. Eles protestavam contra a realização do leilão do campo de Libra, o primeiro do pré-sal, que foi realizado, a partir das 15h, num hotel a menos de um quilômetro do conflito. 
 
O auge do confronto ocorreu às llh45m, quando cerca de dez vândalos depredaram, viraram e tentaram incendiar um carro da TV Record. Os manifestantes foram dispersados com tiros de bala de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Bombeiros chegaram pouco depois para apagar o princípio de incêndio. Próximo ao local, um veículo da TV Bandeirantes foi pichado. 
 
Manifestantes chegaram a derrubar a primeira barricada montada pela Força Nacional. Mais atrás, havia um bloqueio do Exército. Rechaçados, eles ocuparam o trecho da Lúcio Costa na altura da Praça do Ó. O cheiro de gás lacrimogêneo lançado pela Força Nacional chegou a ser sentido no interior do hotel. 
 
Carlos Lessa chama leilão de velório 
 
Na praça, vândalos arrancaram tapumes de metal de uma obra e os usaram como escudo. Em seguida, depredaram um ponto de ônibus. Mais tarde, por volta das 15h, atearam fogo a um banheiro químico. Helicópteros patrulharam o espaço aéreo da região, e um deles deu voos rasantes no local. Um atirador disparou balas de borracha contra os manifestantes. O general Modesto, comandante da operação, negou, no entanto, que tenham sido feitos disparos de helicópteros. 
 
Durante o tumulto, pelo menos quatro pessoas foram feridas por balas de borracha. Laércio Souza da Silva, de 20 anos, foi atingido na coxa: 
 
— Caí, e várias pessoas passaram por cima de mim. 
 
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que o policiamento atuou dentro do planejado: 
 
— Não houve nenhum deslize. 
 
Já o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que as manifestações aconteceram porque "o Brasil é um país democrático". 
 
Quem também participou dos protestos foi o economista Carlos Lessa. De preto, o ex-presidente do BNDES chamou o leilão de velório. 
 
— Participei da campanha "O petróleo é nosso" Nunca imaginei que, aos 77 anos, ia ver o Brasil entregar a sua riqueza — lamentou. 
 
No fim da tarde, em outro protesto contra o leilão, cerca de 250 pessoas fizeram uma passeata da Avenida Presidente Vargas até a sede da Petrobras, na Avenida República do Chile, no Centro. No caminho, manifestantes fecharam a Avenida Rio Branco, deixando o trânsito congestionado na volta para a casa. 

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