A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) lançou nesta terça-feira em Londres um projeto de 20 milhões de euros (cerca de R$ 59 milhões) para "levar a impressão 3D para a era do metal", construindo peças para aviões e naves espaciais e projetos de fusão nuclear.
O Projeto Amaze (acrônimo em inglês de "fabricação aditiva com o objetivo de fabricar produtos de metal de alta tecnologia com produção eficiente e zero desperdício") reúne 28 parceiros europeus, entre eles empresas como Airbus, Astrium e Norsk Titanum, e instituições acadêmicas como a Universidade Cranfield, do sul da Inglaterra.
Algumas peças de motores e partes de asas de avião de até 2 metros de comprimento já começaram a ser fabricadas por pesquisadores usando a tecnologia.
Mas, agora, fábricas estão sendo preparadas em cinco países (França, Alemanha, Itália, Noruega e Reino Unido) para alimentar uma cadeia de produção em escala industrial.
"Queremos construir os melhores produtos de metal já feitos. Objetos que você não pode fabricar de outra maneira", disse David Jarvis, diretor de novos materiais e pesquisa energética da ESA.
"Nosso objetivo final é imprimir um satélite em uma única peça. Uma peça de metal que não precisa ser soldada ou parafusada. Isso iria representar para nós uma economia de 50% dos custos – milhões de euros."
Designs complexos
A chamada fabricação aditiva, ou impressão 3D, já revolucionou o design de produtos plásticos.
Acredita-se que esse método de montagem em camadas de componentes metálicos permitirá maior economia e poderá reduzir o despedício de material na manufatura das peças.
"Para produzir um quilo de metal, você usa um quilo de metais – e não 20 quilos", diz Franco Ongaro, diretor de gerenciamento técnico e de qualidade da ESA.
"Precisamos limpar a nossa produção – a indústria espacial precisa ser mais verde e esta técnica vai nos ajudar."
Além disso, a tecnologia permitiria a produção de designs complexos que seriam impossíveis de ser executados por meio do sistema tradicional de fundição de metais.
Peças para automóveis e satélites poderiam ainda ser aperfeiçoadas para serem mais leves e – simultaneamente – incrivelmente resistentes.
Durante o lançamento do Amaze, no Museu de Ciência de Londres, foram apresentados componentes de liga de tungstênio que podem resistir a temperaturas de 3 mil graus centígrados.
Essas peças poderiam resistir até mesmo dentro de reatores de fusão nuclear e nos escapamentos de foguetes.
Problemas
Componentes de alta resistência são geralmente produzidos com metais caros como titânio, tântalo e vanádio. Daí a importância de se buscar uma alternativa de produção que reduza ao máximo o desperdício.
Os cientistas, porém, ainda precisam resolver alguns problemas impedem as impressões 3D com metais de ter um acabamento com qualidade industrial.
Um deles é a porosidade – é comum que surjam pequenas bolhas de ar nos objetos criados. Outro é surgimento de irregularidades na superfície dos produtos.
“E nós precisamos fazer que o processo (de fabricação) possa ser repetido em uma maior dimensão”, salientou Jarvis.