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Indústria Naval – Crescimento mas com gargalos

Na década de 1970, a indústria naval brasileira era a segunda maior do mundo e empregava 40 mil trabalhadores. Virou o milênio com apenas 600 metalúrgicos. E somente nos últimos cinco anos retomou o crescimento. O fermento para a expansão veio da exploração offshore de petróleo em águas profundas e distantes da costa.

No rastro do pré-sal, o Plano de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio Marítimo (Prorefam), criado pela Petrobras, totalizará US$ 5 bilhões, entre 2008 e 2014, na contratação de 146 novas embarcações de apoio. Resultado: o segmento lidera a atual recuperação da indústria naval e fechou outubro de 2012 com 186 navios brasileiros de um total de 409 atuantes nesse nicho no país – em 2005, havia respectivamente 95 e 200 navios, conforme dados da Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam). Um dos expoentes dessa nova geração de armadores é a Brasil Supply, capitaneada por José Ricardo Roriz Coelho, presidente da empresa.
 
A exploração offshore fez renascer a indústria naval brasileira?

Roriz – Iniciativas como o Prorefam estão funcionando como uma grande “alavanca” para o renascimento da indústria naval, tanto pelo volume de investimento na construção de navios, quanto pela oportunidade de especializar a mão de obra, fomentar a criação de clusters marítimos que consolidem a indústria de navipeças e fortalecer o investimento em pesquisa e desenvolvimento por parte das universidades e empresas brasileiras. Essas ações, reunidas, nos levarão a ser mais competitivos na indústria naval mundial, concorrendo inclusive com países asiáticos, que não eram players relevantes na década de 1970. Outro benefício é que nos capacitará a participar de operações semelhantes fora do Brasil, exportando produtos e serviços de alto valor agregado.
 
Quais os desafios de atuar como armador hoje no Brasil? Como está a capacidade dos estaleiros nacionais para atender a demanda?

Roriz – Hoje, a Brasil Supply tem uma frota de 17 navios (parte prontos e alguns em construção) e nossa meta, para os próximos cinco anos, é aumentar a frota, principalmente com PSV's e AHTS (que são navios de grande porte e alta complexidade). Nossos navios são todos construídos em estaleiros nacionais e operam com bandeira brasileira. Assim, somos, de fato, um armador no Brasil. Mas ainda há deficiências nos processos de construção e de organização dos estaleiros, o que acarreta atrasos na entrega das embarcações. O fato positivo é que alguns deles começam a se especializar na construção de determinado tipo de embarcação, atingindo,  com isso, níveis bastante razoáveis de atendimento.
 
A Brasil Supply conta com recursos dos acionistas e também do Fundo da Marinha Mercante (FMM), o que implica estabelecimento de índices de nacionalização nos projetos. É possível cumpri-los?

Roriz – Todos os contratos do Prorefam, como forma de fomentar a indústria nacional, exigem percentual mínimo de conteúdo local nos barcos. O não cumprimento desses índices implica multas ou alterações nas condições de financiamento. A Brasil Supply tem atendido aos percentuais estabelecidos de conteúdo local. Apesar disso, temos que reconhecer que a obtenção de mão de obra e insumos locais é uma tarefa bastante difícil. A construção e operação de um navio no Brasil hoje envolve altos custos.
 
 As embarcações de apoio são consideradas de alta complexidade tecnológica e, portanto, estratégicas para o desenvolvimento da indústria e da pesquisa…

Roriz De fato. Em 10 de outubro, por exemplo, entregamos o projeto do BS Maresias, contratado no âmbito do Prorefam, e podemos dizer que se trata de uma embarcação de alta complexidade tecnológica, capaz de operar em qualquer campo de exploração mundial, como o Golfo do México e o Mar do Norte. Utiliza motores de alta rotação e sistema de propulsão waterjets (hidrojatos), podendo atingir velocidades de até 25 nós.

A Petrobras levará ao mercado, ainda neste ano, as últimas três etapas do Prorefam. Significa contratar mais 67 embarcações de apoio para completar a frota de 146. A Brasil Supply participará do desafio?

Roriz Temos interesse e capacidade para participar tanto com navios mais simples, como os crew boats, quanto com embarcações de alta complexidade operacional e de projeto, como os Anchor Handling Tug Supply (AHTS) e PSV 4500, que requerem tripulação altamente especializada, devido aos equipamentos sofisticados neles instalados.
 
Todas as embarcações contratadas da Brasil Supply até o momento são crew boat?

Roriz Não. Temos 4 crew boat tipo P2; 3 crew boat tipo P3, como o BS Maresias; 6 UT 4.000; 2 PSV 4.500 toneladas; e 2 PSV 3.000 toneladas. E, como falei, vamos participar das próximas rodadas para construir e operar PSVs e AHTS.

BS MARESIAS

Fabricados em estaleiros nacionais e com índices mínimos de 60% de nacionalização, os navios da Brasil Supply navegam com bandeira brasileira. É o caso do BS Maresias, que foi lançado dia 10 de outubro, na Ilha Fiscal, no Rio de Janeiro. Construída no Guarujá (SP), a embarcação é de alta velocidade, feita de alumínio e voltada ao transporte de pessoas e pequenas cargas. É a quarta de um total de 17 que a empresa irá produzir até  2017, no âmbito do Plano de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio Marítimo (Prorefam), criado pela Petrobrás para atender às demandas do pré-sal. 

De elevada complexidade tecnológica, o BS Maresias utiliza motores de alta rotação e sistema de propulsão waterjets (hidrojatos), podendo atingir velocidades de até 25 nós. “É uma embarcação arrojada e eficiente, que pode ser empregada em qualquer campo mundial de exploração de petróleo, como o Golfo do México e o Mar do Norte”, afirma Roriz.

 A velocidade média de um navio é de 10 nós, o que permite classificar o BS Maresias como bastante veloz. Ele comporta 150 toneladas de carga, 60 passageiros, 40 m3 de água doce e 138 m3 de óleo diesel. Ao entrar em operação, atenderá as plataformas da petroleira em tempo integral, inclusive nos feriados e finais
 
A Brasil Supply S.A.,  –  Constituída em 2002, é resultado da associação entre Cotia Trading, Petrobras Distribuidora, Grupo Suzano e Grupo Gerhardt Santos, e  tem como subsidiária a BSCO Navegação, formada pela Brasil Supply e a mexicana COSEPE. Atua no fornecimento de soluções integradas para a indústria do petróleo e gás nas áreas de logística, gestão ambiental e produtos químicos. Opera em Angra do Reis (RJ), Macaé (RJ), Guamaré (RN), Paracuru (CE), Anchieta (ES), Vitória (ES) e Itajaí (SC) e possui plantas de fluidos para perfuração e completacão nos portos de Angra e de Anchieta.

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