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Ação de Black Blocs desviou foco de reivindicações, diz sindicato

A diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), Beatriz Lugão, disse à BBC Brasil que a ação dos Black Bloc nos protestos dos professores na segunda-feira desviou o foco do movimento.

"Na semana passada quando houve repressão no protesto da Cinelândia, a população se solidarizou com os professores agredidos", disse Lugão. "Ontem, o foco já foi na ação dos Black Bloc", afirmou. Segundo Beatriz, o objetivo do movimento é pressionar os governos estadual e municipal a negociar com a categoria.

Na segunda-feira, professores voltaram a se concentrar em frente à Câmara Municipal, na Cinelândia, após uma marcha pelo centro da cidade. A polícia estima em 10 mil o número de manifestantes, já o movimento fala em até 50 mil pessoas.

O quebra-quebra começou por volta das 20h, com a ação de integrantes do movimento Black Bloc. Muitos professores se retiraram da manifestação deste momento. Lojas foram depredadas.

Um dia após o protesto, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, defendeu a repressão policial.

"A determinacão foi garantir a manifestação e impedir a violência de vândalos. A polícia só começou a agir quando começou a atuação dos baderneiros", disse, fazendo referência aos Black Blocs. Ao todo, 18 pessoas foram detidas.

A diretora do sindicato, que se esquivou de dizer se a presença dos Black Bloc ajudou ou prejudicou o movimento, afirmou que o grupo agiu sozinho.

"Nossa manifestação terminou às 20h de forma pacífica. Depois o outro grupo que se uniu ao protesto começou a agir", afirmou.

Ainda segundo Lugão, a diretoria do movimento deve discutir em breve a participação dos Black Bloc nas próximas manifestações. O próximo ato da categoria deve acontecer no dia 15 de outubro, dia do professor. Ela não disse se os professores pretendem entrar em contato com o movimento.

Lugão afirma que apesar de a cobertura da imprensa ter priorizado seu desfecho violento, ela espera que o governo se sensibilize com as milhares de vozes que tomaram o centro do Rio em defesa dos professores.

Nesta terça-feira, a Polícia Civil do Rio anunciou que autores de vandalismo sejam enquadrados na nova lei de Organização Criminosa, que entrou em vigor em setembro. A legislação prevê que a reunião de quatro ou mais pessoas para prática criminosa seja considerada parte de uma organização criminosa.

São Paulo

O movimento dos professores do Rio ganhou o apoio dos colegas de São Paulo. Cerca de 300 pessoas se concentraram na praça da República, em frente à Secretaria de Estado da Educação.

O movimento logo virou quebra-quebra. Um carro da polícia foi virado e várias agências bancárias foram depredadas.

A Secretaria de Segurança Pública informou a detenção de 14 manifestantes. Um casal chegou a ser preso com base na antiga lei de Segurança Nacional, dos tempos da ditadura, gerando controvérsia entre juristas.

Na terça-feira, o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, afirmou que os policiais voltarão a usar balas de borracha em manifestações. Esse tipo de armamento foi proibido durante os protestos de junho.

O governo também anúnciou a intenção de formar em conjunto com o Ministério Público uma força-tarefa especializada em tratar de manifestações.

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