Jornal do Comércio – ES
As Forças Armadas devem deslocar cerca de cinco mil militares para atuar em cinco pontos estratégicos da fronteira, numa operação coordenada com a Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Força Nacional de Segurança (FNS). A Operação Ágata será deflagrada nos próximos dias e abrange as Regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, e deve complementar o patrulhamento ostensivo – liderado pela PF – nos 16 mil quilômetros de fronteiras terrestres. Paralelamente, Brasil e Colômbia negociam acordos de cooperação militar e patrulhamento de fronteiras para frear o trânsito de traficantes e contrabandistas.
O planejamento da cooperação entre civis e militares brasileiros nos pontos críticos da fronteira – dentre os quais localidades até hoje fora da tradicional rota da criminalidade – foi anunciado ontem pelos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Nelson Jobim (Defesa). O governo, entretanto, não anunciou os custos nem o cronograma das ações, como estava previsto. Segundo argumentaram Jobim e Cardozo, ainda faltam acertos técnicos para a formalização do acordo, que devem ocorrer na semana que vem.
Os ministros limitaram-se a apresentar o Centro de Operações Conjuntas (COC), sala de comando instalada na sede do Ministério da Defesa. Militares e agentes policiais terão assento para redimensionar planos de ação, monitorar o sistema de defesa e contabilizar aeronaves ou embarcações que ofereçam risco ao território nacional.
Mesmo sem dizer o valor da conta para diminuir os buracos da fiscalização, o ministro da Justiça afirmou que não faltará dinheiro. “Posso dizer que o efetivo será muito elevado, com uma força maior do próprio Ministério da Defesa. É evidente que a alocação de recursos será suportada pelo orçamento. Quando o plano for revelado, poderemos divulgar em parte. Na medida que nós tivermos a integração, nós conseguiremos uma efetivação muito maior dos mecanismos de fiscalização, do controle e de combate à criminalidade”, afirmou Cardozo.
O titular da Defesa, Nelson Jobim, informou que se reúne em 24 de junho com o comando militar-policial da Colômbia para tratar da cooperação bilateral. Ele revelou que o plano conjunto com a Colômbia está em estágio avançado. Porém, o Brasil ainda busca a aproximação com outros vizinhos, como Peru, Paraguai e Bolívia. Jobim admitiu que o Brasil precisa reforçar o uso de tecnologia avançada.
Assegurou que está em curso um acordo de transferência de tecnologia israelense para que o País comece a produzir Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants), equipamentos capazes de rastrear sinais de calor, que facilitariam a identificação de suspeitos. E salientou que um dos maiores desafios é identificar carros ou pessoas nas rotas do tráfico.