Por Vandson Lima e Cristiane Agostine | De São Paulo
Quase 400 mil pessoas já confirmaram, por meio de redes sociais, participação na série de manifestações que ocorrerão amanhã, no feriado do dia da Independência. Divulgado como "o maior protesto da história do Brasil", atos estão sendo organizados em 149 cidades em todo o país. Todas as capitais estão incluídas e duas cidades no exterior também aderiram: Christchurch, na Nova Zelândia, e Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Em São Paulo, acontecerão manifestações em 41 municípios.
A pauta dos protestos, segundo consta na página do Facebook que centraliza as ações – organizada pelo grupo hacker Anonymous – foi escolhida por votação e pedirá a prisão dos condenados no julgamento do mensalão; aprovação do projeto de lei 7368/2006, que cria novos órgãos de combate à corrupção; a PEC 280/2008, do deputado falecido Clodovil Hernandes (PR-SP), que reduz de 513 para 250 o número de deputados federais; a PEC 233/2008, do Poder Executivo, que simplifica o sistema tributário federal; a PEC 159/2012, do deputado Filipe Pereira (PSC-RJ), que acaba com o voto obrigatório; e a aprovação do novo Plano Nacional de Educação (PNE), enviado ao Congresso em 2010 e que ainda depende de aprovação nas Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Educação (CE) do Senado.
Preocupados com a possibilidade de serem taxados como entusiastas de uma pauta antidemocrática, os organizadores divulgaram que "a Operação Sete de Setembro busca uma país melhor e não quer um golpe militar, intervenção, fascismo ou socialismo, bem como não possui ligação com qualquer partido político".
Autoridades da Segurança Pública se organizam para lidar com os protestos. No Distrito Federal, a Secretaria de Segurança deslocará um contingente de 4 mil policiais militares (PMs), 320 bombeiros, 150 policiais civis e 110 agentes do Departamento de Trânsito para lidar com as manifestações. São esperadas 30 mil pessoas no desfile cívico, que terá a presença da presidente Dilma Rousseff. As Forças Armadas também farão a segurança do local e, de acordo com o Ministério da Defesa, haverá uma tropa destinada a atuar em caso de reforço.
Outra preocupação das autoridades locais é com protestos no entorno do estádio nacional Mané Garrincha, onde a seleção brasileira de futebol enfrenta a Austrália em amistoso. Na área do estádio, haverá um adicional de aproximadamente 2 mil policiais militares.
Em São Paulo, em meio à ameaça de protestos de policiais durante a parada cívica, que terá a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB), o secretário de Segurança, Fernando Grella, disse a categoria terá reajuste salarial, mas que o aumento não será concedido nesta semana, como forma de aplacar a manifestação.
"Não posso adiantar nada porque é uma decisão do governador", afirmou o secretário. A database da categoria venceu há mais de seis meses. Grella disse que o governo "respeita o direito de manifestação de todos", mas que a PM está "organizada" para os protestos. Ele garantiu que não haverá uso de bala de borracha se houver conflitos nos atos, que devem acontecer durante o desfile e na manifestação do "Grito dos Excluídos", organizada por movimentos sociais e pela Igreja Católica.