Com Informes do COPPE/UFRJ e Agência Brasil
No momento em que se planeja a construção do primeiro submarino movido a energia nuclear no Brasil, o Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE/UFRJ) inaugurou, no dia 30 de julho, o Laboratório de Tecnologia Sonar – LabSonar, que desenvolverá tecnologias para acompanhar, detectar e classificar ruídos produzidos pelos motores e condições operativas de navios, protegendo a costa marítima brasileira. O laboratório vai colaborar na capacitação da Marinha na produção dos seus próprios materiais e assessorá-la nas negociações para transferência de tecnologia. A inauguração do LabSonar integra as comemorações dos 50 anos da COPPE.
O LabSonar é uma parceria dos Programas de Engenharia Elétrica e Oceânica e vai aglutinar as pesquisas que a Coppe desenvolve com a Marinha na área de sonares, instrumentos de localização que utilizam sinais acústicas submarinos. Segundo José Seixas, coordenador do LabSonar e professor do Programa de Engenharia Elétrica da COPPE, o laboratório participará do grande arrasto tecnológico que virá a partir da compra pela Marinha brasileira de um submarino nuclear francês, fruto de acordo firmado em 2009 entre o Brasil e França para transferência de tecnologia.
“A construção de um submarino nuclear representa muito para o Brasil e será um grande incentivo para as pesquisas que realizamos na COPPE. No momento, nossos pesquisadores estão envolvidos na construção do sonar do submarino nuclear, mas outras tecnologias ainda terão que ser desenvolvidas no país, como sistemas para retirada de gases dos submarinos, postos nucleares para abastecimento, entre outros”, diz o professor José Seixas.
Projeto Pioneiro
A cooperação entre a COPPE e a Secretaria de Ciência e Tecnologia e Inovação da Marinha vem de longa data e parte do sonar que está instalado hoje nos submarinos brasileiros foi desenvolvido num projeto de colaboração com a COPPE nos anos 90. O sonar a ser desenvolvido no LabSonar é do tipo passivo, que acompanha, detecta e classifica os ruídos produzidos no mar pelos motores dos navios e suas condições operativas. Há também possibilidades de projetos com os sonares ativos, que emitem sinais, ouvem o eco e detectam os corpos presentes.
A construção de submarinos nacionais tem como objetivo proteger a costa marítima brasileira, o que é essencial para a soberania nacional. Mas a construção dos sonares para submarinos nucleares tem se mostrado uma tarefa cada vez mais desafiadora, segundo o professor Seixas: “Trata-se de uma área muito sensível, com tecnologia cara. Atualmente os alvos irradiam menos ruído e os sonares precisam ser cada vez mais sofisticados para detectá-los. Nesse contexto, está cada vez mais complexo projetar os sonares.”
Entre os desafios tecnológico que o LabSonar vai trabalhar, estão a fusão de dados, processamento estocástico de sinais, estatística de ordem superior, separação cega de fontes, inteligência computacional, engenharia de software e sistemas embarcados, congregando os programas de engenharia elétrica e oceânica do Coppe.
PROSUB
O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, almirante-de-esquadra Wilson Barbosa Guerra, explicou que o projeto do submarino nuclear tem como desafio construir uma embarcação tipicamente brasileira. “Nós vamos construir junto com a França quatro submarinos convencionais, esse é um projeto francês e nós temos índices de nacionalização. Mas o maior desafio é nós projetarmos. Então, hoje nós temos engenheiros que passaram dois anos no COPPE fazendo especialização e dois anos na França, e hoje estão em São Paulo projetando”.
De acordo com ele, a fase inicial e os testes de exequibilidade do projeto já foram aprovados pela Marinha, como tamanho, modelagem de deslocamento e engenharia de construção. Nos próximos dois anos serão tomadas algumas decisões, como o modelo do sonar a ser usado. O submarino nuclear brasileiro deve ficar pronto em 2025.
A cooperação entre o COPPE e a Marinha começou na década de 1980 e já possibilitou a instalação de sonares em submarinos brasileiros na década de 1990. O projeto atual vai construir um sonar passivo, que detecta os ruídos no ambiente marinho. Para o futuro, podem ser feitos também sonares ativos, que emitem sinais para detectar os objetos por meio da reflexão do som.