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Estado de alerta em Minas Gerais

Depois dos protestos na capital  mineira no fim de semana, que contabilizaram 28 feridos e 32 presos, a Polícia Militar prevê um cenário preocupante para a próxima quarta-feira, quando a Seleção Brasileira joga contra o Uruguai no Mineirão pela semifinal da Copa das Confederações.

Na data em que os olhos do Brasil e outros países estarão voltados para Belo Horizonte, e com promessa de novos protestos na cidade e em outras capitais, as autoridades acreditam que terão de enfrentar vândalos de outros estados, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Cylton Brandão, a corporação já tem informações de baderneiros identificados desses três estados infiltrados em meio aos arruaceiros e incentivando a população a participar da próxima passeata pelas redes sociais.

A Polícia Militar afirma que sabe que haverá mais trabalho. "Não tenho dúvida de que quarta-feira nós teremos um embate muito mais acalorado, com ações muito mais contundentes por parte dos infratores", diz o comandante da PM, Márcio Sant"ana.

Serão 3.550 policiais na operação, além do reforço que virá de missões especiais do interior do estado. Mais de mil homens do Exército estarão posicionados dentro da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para agir caso o câmpus Pampulha seja alvo dos vândalos, mas o coronel Sant"ana descartou contar com esse efetivo para o trabalho nas ruas. "A Polícia Militar tem um efetivo suficiente treinado, capacitado e qualificado", garante. Será montado um bloqueio no estádio, como foi feito na partida entre Japão e México.

Além dos 32 presos que tiveram relação com o quebra-quebra de sábado e madrugada de domingo, a Polícia Civil já identificou 30 pessoas e cerca de 50 estão sendo investigadas. Entre os presos, a maioria já liberada, há pessoas com ficha policial.
 

Feridos se recuperam

Em um hospital da cidade, onde três jovens permanecem internados, a mãe de Luiz Felipe Aniceto, de 22 anos, que caiu do Viaduto José de Alencar, não conseguia esconder o sofrimento. "E a culpa é de quem?", questionou, aos prantos, Maria Soares de Almeida, segurando nas mãos as roupas que o filho usava quando se feriu. Na queda, Luiz Felipe sofreu fraturas nas pernas e nos braços e de madrugada foi submetido a duas cirurgias.

Certa de que o jovem foi empurrado, a família tentou fazer um boletim de ocorrência (BO), mas foi informada pela Polícia Civil que somente poderia fazê-lo caso tivessem testemunhas do fato ou quando o próprio Luiz puder contar o que houve. "Não temos o que fazer. Vamos agir contra quem? ", lamentou Luciano Aniceto, outro familiar de Luiz.
Já Caio Augusto Costa Lopes, de 17 anos, acidentou-se no viaduto quando fugia das bombas de efeito moral.

"O viaduto se divide em duas pistas e achamos que era possível pular de uma pista para outra, já que tínhamos a sensação que somente uma mureta separava as duas vias. Mas, quando Caio pulou, ouvimos os gritos. Ele caiu no vão entre as duas pistas", conta o amigo, Vítor Gouveia, 18. Ele sofreu fraturas nos braços e perna, está consciente, e passa bem.

Além de Caio e Luiz, também está internada Júnia Teles Frade Paulineli, de 25. Ela foi atingida no rosto por balas de borracha e, segundo boletim médico, sofreu traumatismo craniano. Até a tarde de ontem, ela passava bem e logo receberia alta. Ao todo, 28 pessoas ficaram feridas no tumulto, sendo 21 manifestantes e sete policiais. Todos os militares já receberam alta.

Ontem, o cenário ainda era de guerra no local do confronto. O alvo principal foram as concessionárias de veículos e agências bancárias, mas o patrimônio público também foi depredado. As pichações se espalharam por muros, viadutos e fachadas de prédios. Postes de semáforos e de radares foram totalmente arrancados do concreto. Vários painéis luminosos com relógios e termômetros também foram quebrados, assim como as grades que separam as pistas.

Uma concessionária teve a fachada quebrada e três veículos atingidos pelas pedradas. Outra foi destruída pela segunda vez, mesmo tendo contratado mais 10 vigilantes para protegê-la. "Arrancaram os tapumes que protegiam a frente e vieram com barras de ferro e pedaços de pau para cima da gente. Invadiram de uma vez só e nós ameaçamos atirar. Senti que ia morrer. Eram uns 15 homens encapuzados que não estavam aqui por Justiça, mas por vandalismo. Eu gritava que sou mãe de família, que tenho três filhos e que tinha que trabalhar", conta uma vigilante de 37 anos.

Outra loja de carros, destruída em manifestação anterior, fechou a frente com tapumes e colocou uma faixa: "Esta concessionária apoia o movimento, porém sem violência". O apelo não adiantou.

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