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Brasil está mais perto de comprar caças da Boeing após visita de Biden

Brian Winter

O Brasil está mais perto de escolher os caças F-18 da Boeing em um dos contratos de defesa mais cobiçados no mundo em desenvolvimento, após o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tratar as principais dúvidas do governo brasileiro durante uma visita a Brasília, disseram autoridades à Reuters.

Biden se reuniu com a presidente Dilma Rousseff na sexta-feira passada e assegurou-lhe que o Congresso dos EUA deverá respeitar a promessa da Boeing de transferir tecnologia para o Brasil como parte do negócio, disseram três autoridades que estavam presentes, sob condição de anonimato.

O acordo envolverá 36 caças avaliados em 4 bilhões de dólares, com prováveis encomendas subsequentes que deverão aumentar o valor do contrato de forma significativa ao longo do tempo. O acordo é crítico no momento em que os EUA e muitos países da Europa estão apertando os orçamentos militares.

Os outros finalistas na competição são a francesa Dassault e a sueca Saab.

Dilma ainda não tomou a decisão final, e o momento para realizar o anúncio ainda não está claro, frisaram as fontes.

Mas elas também disseram que os comentários de Dilma para Biden e outros recentes acontecimentos sobre o tema sugerem uma preferência pela Boeing, com uma possível decisão antes da visita da presidente brasileira à Casa Branca para se encontrar com o presidente norte-americano Barack Obama, em outubro.

"Se for a Boeing, Biden vai merecer muito do crédito", disse um alto funcionário do governo brasileiro.

A principal preocupação de Dilma com a oferta da Boeing foi o fato de que o Congresso dos EUA poderia bloquear a transferência de tecnologia por questões de segurança nacional.

O Brasil tem relações amistosas com os EUA, mas irritou alguns legisladores norte-americanos nos últimos anos por suas interações com Irã, Venezuela e outros países que antagonizam com Washington.

Dilma disse que a transferência de tecnologia é ainda mais importante do que os caças em si, porque o negócio deve impulsionar a própria indústria brasileira de defesa, incluindo a fabricante de aviões Embraer.

Biden não fez promessas absolutas sobre o que o Congresso norte-americano faria. Mas ele citou suas mais de três décadas de experiência no Senado para tratar das preocupações da presidente, ponto por ponto, disseram as fontes.

Segundo o relato das fontes, Biden explicou que os senadores democratas nunca se colocaram contra Obama em vendas estratégicas na área de defesa, enquanto a maioria dos republicanos segue a liderança do senador do Arizona, John McCain, que manifestou apoio ao negócio com o Brasil.

Biden teria dito ainda que os cortes no orçamento de defesa dos EUA podem reduzir a oposição no Congresso a um acordo que ajudaria uma empresa dos EUA.

Ele também citou exemplos que mostram que o Congresso norte-americano bloqueou vendas no segmento de defesa em regiões estrategicamente difíceis no mundo, como no Oriente Médio, mas não em áreas pacíficas e democráticas, como a América do Sul.

Antes que a conversa fosse para outros assuntos, Dilma teria agradecido Biden pelos argumentos "fortes" à favor da Boeing, disseram duas das fontes.

Perguntado sobre a conversa, um representante da Casa Branca disse que não iria fazer comentários sobre encontros privados, "mas em geral os EUA apóiam fortemente a oferta da Boeing".

O Brasil começou a considerar a substituição de seus caças Mirage na década dos anos 1990, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou publicamente em 2009 que iria escolher a Dassault.

No entanto, por uma série de razões, desde restrições orçamentárias a ciclos eleitorais, a compra de caças pelo governo brasileiro ainda não foi fechada.

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