Por Redação DefesaNet
Durante a LAAD Defence & Security 2025, realizada no Rio de Janeiro, oficiais da Força Aérea Colombiana (FAC) confirmaram, no dia 03 de abril, que o país planeja adquirir entre 16 e 24 caças Saab Gripen E/F. O anúncio, feito em um dos maiores eventos de defesa da América Latina, sinaliza um passo concreto na modernização da aviação de combate colombiana, que há anos busca substituir sua frota envelhecida de caças IAI Kfir, operados desde os anos 1980 e atualmente limitados por questões de manutenção e obsolescência tecnológica.
A decisão, ainda em fase de intenção formal, reflete meses de especulações sobre o futuro da FAC e coloca o Gripen como favorito em um processo que envolveu concorrentes como o Lockheed Martin F-16 e o Eurofighter Typhoon.
A escolha pelo caça sueco, segundo fontes presentes na LAAD, é impulsionada por sua combinação de alta tecnologia, custo operacional competitivo e flexibilidade de financiamento — aspectos cruciais para um país com restrições orçamentárias, mas necessidades estratégicas crescentes em um cenário regional complexo.
Declaração da Saab
A Saab, fabricante do Gripen, reagiu ao anúncio. Em comunicado, Micael Johansson, CEO da empresa, celebrou a decisão colombiana e destacou os benefícios estratégicos e industriais da parceria:
“Celebramos o anúncio do Presidente da República da Colômbia, Gustavo Petro Urrego, e a intenção do governo em adquirir aeronaves Gripen E/F, tornando-se um aliado de longo prazo. Sem dúvida, é uma notícia muito positiva para a Saab. Temos a oferta mais completa para a Colômbia e estamos convencidos de que o Gripen E/F é a melhor opção em termos de capacidade operacional, eficiência de custos e financiamento. Além disso, nosso pacote de cooperação industrial e offset para o país permitirá a transferência de conhecimento e tecnologia em diversas indústrias, fortalecendo a economia colombiana e gerando múltiplos benefícios para os colombianos, incluindo a criação de empregos. Isso também poderá gerar benefícios industriais e bilaterais para o Brasil, especialmente na produção, manutenção, treinamento e logística dos caças Gripen. Esperamos finalizar as negociações com a Colômbia em breve e avançar para a assinatura do contrato”, afirmou Johansson.
Contexto Estratégico e Operacional
A aquisição de 16 a 24 unidades do Gripen E/F permitirá à FAC recuperar sua capacidade de dissuasão e patrulhamento aéreo, essenciais em um país com extensas fronteiras e desafios de segurança interna e externa.
Equipado com radar AESA Raven ES-05, sistemas de guerra eletrônica avançados e compatibilidade com uma ampla gama de armamentos, o Gripen E/F é considerado ideal para operações em cenários assimétricos, como os enfrentados pela Colômbia.
O número de aeronaves — entre 16 e 24 — sugere flexibilidade no planejamento, possivelmente atrelada a questões financeiras ou à definição de prioridades operacionais.
A escolha final dependerá do pacote financeiro negociado com a Saab e de eventuais aportes de crédito sueco, um modelo já utilizado com sucesso no contrato brasileiro de 36 Gripens, assinado em 2014.
Impactos Regionais e Cooperação com o Brasil
A entrada da Colômbia no “clube Gripen” terá implicações regionais significativas. O Brasil, que opera o Gripen E desde 2019 e mantém uma linha de produção parcial em Gavião Peixoto (SP) em parceria com a Saab, poderá se beneficiar diretamente dessa aquisição.
A proximidade geográfica e a compatibilidade operacional entre as forças aéreas dos dois países abrem portas para cooperação em treinamento, manutenção e até mesmo produção de componentes, fortalecendo os laços bilaterais no setor de defesa.
Johansson destacou esse ponto em sua declaração, sugerindo que a sinergia industrial com o Brasil poderia reduzir custos logísticos e ampliar a base de suporte técnico na América Latina.
Para a Saab, a venda à Colômbia reforça a posição do Gripen como o caça preferido na região, consolidando sua presença no mercado sul americano.
Próximos Passos
Embora o anúncio na LAAD 2025 seja um marco, o processo ainda está na fase de intenções. A formalização do contrato dependerá de negociações detalhadas sobre valores, cronogramas de entrega e os termos do pacote de offset — que, segundo Johansson, será robusto e focado em transferência tecnológica. A Colômbia também precisará alinhar a aquisição com seu orçamento de defesa, um desafio em meio às prioridades sociais do governo Petro.
Enquanto isso, a Saab e a FAC devem intensificar as discussões nos próximos meses, com expectativa de que um acordo final seja assinado ainda em 2025. Se concretizada, a compra posicionará a Colômbia como o segundo operador do Gripen na América Latina, marcando uma nova era para sua força aérea e para a influência sueca no continente.