Brasília (DF) – A Operação CORE 24, realizada em parceria entre o Exército Brasileiro e o Exército dos Estados Unidos, marcou mais um capítulo na cooperação militar entre as duas nações. Desde o início da operação, em agosto, as tropas brasileiras demonstraram capacidade de integração e interoperabilidade com as forças americanas, reforçando sua prontidão e a eficácia em cenário internacional.
O Comandante de Operações Terrestres, General de Exército André Luis Novaes Miranda, acompanhou parte da atividade e reforçou o laço histórico entre as duas instituições, mencionando as parcerias entre os Exércitos durante a Segunda Guerra Mundial e em outros conflitos.
Outro aspecto levantado pelo Comandante de Operações Terrestres foram os ganhos para a prontidão do Exército Brasileiro. “Todo o sistema de preparo e o Sistema de Prontidão Operacional do Exército está ganhando com a CORE, porque nós estamos comparando, aprendendo, compartilhando problemas com um exército que tem uma doutrina muito parecida com a nossa”, explicou o General Novaes.
A Preparação
A 23ª Brigada de Infantaria de Selva (23ª Bda Inf Sl), com sede em Marabá (PA), conduziu os exercícios Munduruku com o objetivo de elevar o nível de adestramento de suas tropas e preparar os militares para a participação na CORE 23 e 24. A Operação Munduruku I, realizada de 6 a 10 de março de 2023, marcou o início dessa série de treinamentos intensivos. Outros cinco exercícios ocorreram antes da CORE 23. Em 2024, foram realizados outros três exercícios em preparação para a CORE 24.
Os exercícios Munduruku, além de prepararem a subunidade que participou da CORE 24 nos Estados Unidos, tiveram um impacto positivo em todo o efetivo da 23ª Bda Inf Sl. Para o Comandante de Brigada, General de Brigada Eduardo da Veiga Cabral, o preparo de aproximadamente um ano e meio propiciou à tropa a progressão contínua e gradativa da operacionalidade, desde o grupo até a integração de todas as funções de combate da companhia já integrada no batalhão.
“A gente pôde observar um avanço muito grande na parte de planejamento, do estudo e a consciência situacional, na integração de todas as funções de combate e, sobretudo, na parte de comando e controle, no apoio de fogo e na integração, na interoperabilidade com as demais tropas norte-americanas”, ressaltou o General Veiga.
A Operação
A fase inicial da operação, conhecida como RSOI (Reception, Staging, Onward Movement, and Integration – acrônimo do Exército Americano que pode ser traduzido como Recepção, Preparação, Movimento contínuo e Integração), fez parte da adaptação e preparação das tropas brasileiras, que ocuparam um Aerial Port of Debarkation (APOD) e receberam viaturas operacionais para as manobras subsequentes. A Operação CORE 24 foi realizada no Fort Johnson/Louisiana, no Centro de Treinamento e Preparação Conjunta dos Estados Unidos, o Joint Readiness Training Center (JRTC). O exercício envolveu uma série de atividades, incluindo assaltos aeromóveis e manobras táticas com aeronaves AH-64 Apache, UH-60 Black Hawk e CH-47 Chinook.
Um dos destaques da CORE 24 foi a participação de 15 observadores e controladores brasileiros, que passaram por treinamento específico na Observer Coach and Trainer Academy. Esses militares desempenharam um papel fundamental na certificação da prontidão das tropas, contribuindo para o aperfeiçoamento da Doutrina Militar Terrestre brasileira. Além disso, o Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx) realizou avaliações detalhadas da composição corporal e do estado de hidratação dos militares, garantindo a manutenção do poder de combate em condições adversas.
Histórico e futuro
A Operação CORE 24 reafirma a capacidade do Exército Brasileiro de operar em conjunto com forças estrangeiras, demonstrando alta competência e adaptabilidade. As operações são parte de um programa de cooperação assinado em 2021, que prevê exercícios bilaterais anuais até 2028. A origem desse acordo está na Operação Culminating, realizada em 2021 nos Estados Unidos. A partir daí, começaram as edições da CORE, intercaladas entre o Brasil e os Estados Unidos.
O General Novaes, Comandante de Operações Terrestres, reforçou que os ganhos para a tropa brasileira já podem ser percebidos. “Esse treinamento está num ciclo de oito anos. O objetivo é ir ganhando maiores níveis de interoperabilidade e nós já estamos chegando perto do nível que a gente visualizava para os oito anos”.
A continuidade desses exercícios fortalece os laços entre os dois exércitos e proporciona um ganho contínuo em termos de doutrina e capacidade operacional. Em 2025, A CORE vai ser realizada na Caatinga brasileira.