Análise de André Luis Woloszyn do atual momento mundial – Foto do conflito na Ucrânia
André Luís Woloszyn
Analista de Assuntos Estratégicos e especialista em contraterrorismo.
O período atual se apresenta como um dos mais turbulentos nas relações internacionais desde o ápice da Guerra Fria e seus conflitos ideológicos na Coreia, Vietnã e Afeganistão. Há quem defenda que esta guerra nunca acabou, nos níveis psicológico, diplomático e da desinformação.
A crise e insegurança atuais podem ser classificadas em quatro eixos de conflitos e seus respectivos impactos:
Primeiro eixo, a guerra entre Rússia e Ucrânia que teve início em 2022 e acarretou uma nova corrida armamentista em países da comunidade europeia como a Alemanha e Polônia que vem se fortalecendo militarmente para uma perspectiva de invasão russa. Tropas da OTAN, composta por diferentes países, já estão presentes em território Ucraniano criando maiores tensões em uma região que se transformou em um grande tabuleiro de jogos de guerra com potencial para criar um caos incontrolável.
Paralelamente, ameaças da Rússia e do Irã contra os EUA e a troca de acusações mútuas vem se intensificando o que impede possíveis negociações na ONU, órgão de última instância que por sua vez, tem demonstrado, historicamente, sua incapacidade na mediação de conflitos armados, motivo para o qual foi criada em 1948 nos pós Segunda Guerra Mundial.
Segundo eixo, a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, iniciada em 2023 com apoio aos palestinos do Hezbollah no sul do Líbano e os ataques de drones do grupo Houthis, do Iêmen a navios mercantes no Mar Vermelho, atividades patrocinadas pelo Irã, que envolveram diretamente potências ocidentais como os EUA e Reino Unido. A perspectiva deste conflito recai no envolvimento de outros países da zona do Oriente Médio e na alta probabilidade de ataques de grupos terroristas em apoio aos palestinos de Gaza, situação já evidenciada por diferentes agências de inteligência além de uma possível resposta iraniana ao ataque aéreo israelense em sua embaixada em Damasco, na Síria.
Terceiro eixo, estão as tensões e a guerra psicológica entre China e Taiwan enquanto aumentam os conflitos de pequena intensidade na fronteira entre China e Índia. A Coreia do Norte, continua a desenvolver suas armas nucleares e enviando armas para a Rússia, utilizadas na Ucrânia além da constante ameaça a segurança da Coreia do Sul e do Japão que também vem se preparando militarmente.
Quarto eixo, as provocações de Nicolas Maduro em anexar o território de Essequibo, pertencente a Guiana à Venezuela com impactos no governo brasileiro. Aproveitando-se desta conjuntura, emergem diferentes tensões diplomáticas na América Latina, entre Equador e México, Argentina e Venezuela, Brasil e Venezuela. Com o fracasso da ONU em mediar o primeiro e o segundo eixos e diante do cenário atual, as perspectivas de recrudescimento para uma guerra prolongada envolvendo novos atores regionais e globais não pode ser descartada.
Na verdade, como em todas as guerras, sabemos apenas aquilo que os países beligerantes divulgam na imprensa internacional, geralmente, uma pequena parte da realidade e não raras vezes, distorcida o que dificulta análises mais amplas. Contudo, os impactos e consequências são muito maiores do que divulgam o que nos dá uma perspectiva sombria destes conflitos.