Conheça a história da família Assis que está na Marinha desde 1970
Por Agência Marinha de Notícias – A bordo do NAM “Atlântico”
Esta história é sobre ciclos de vida que nascem e se encerram na Marinha do Brasil (MB). A primeira geração da família Assis começa com Francisco, que ingressou na Força como Sargento Músico Fuzileiro Naval na década de 1970. Ele seguiu a carreira militar e foi para reserva no mesmo mês em que seu filho, Wagner Ferreira de Assis, entrou para a Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará (EAMCE), em 1994. Atualmente, como Suboficial, Wagner também completou 30 anos nas fileiras da Força e irá para a reserva em setembro deste ano. Seu primogênito, Guylherme de Assis, também prestou concurso e, atualmente, é Aspirante da Escola Naval.
O Suboficial Assis conta que, quando criança, ia para a “Operação Rambo”, uma espécie de colônia de férias militarizada para filhos de Fuzileiros Navais. “A criançada usava camuflado, passava tinta no rosto e dormia em barraca”, lembra. Isso também o motivou para ser militar. Quando chegou na EAMCE, a rotina não parecia difícil, já que conhecia a cultura naval e suas tradições.
Ao longo da carreira, o Suboficial passou por diferentes Organizações Militares e teve a oportunidade de conhecer vários países a bordo dos navios da MB. “Participei de operações de paz, como a desminagem das cidades de Luanda e Lobito, em Angola, na África. Saí de lá aprendendo a ter mais empatia pelo ser humano e enxerguei o quão importantes são as ações da MB”.
Observando e participando da vida do pai, Guylherme de Assis decidiu seguir os mesmos passos. “Se eu não fosse militar, eu não saberia o que fazer”. Foi então que, em 2016, ele se inscreveu em um curso preparatório para concursos militares. Guylherme sempre ouvia a mãe dizer “quero ver você de farda branca”, referindo-se ao uniforme da Marinha. A primeira tentativa para o Colégio Naval foi em 2017, mas não obteve sucesso. No ano seguinte, decidiu estudar por conta própria e a aprovação foi conquistada.
“O cursinho dele era em outra cidade. Até nos finais de semana tinha aula. A nossa família abriu mão de tudo para viver o sonho dele. Depois da aprovação, começou outra fase: não deixar ele desistir, porque muitas pessoas que entram não se adaptam às características e peculiaridades da vida militar”, lembra o Suboficial Assis sobre as dificuldades que enfrentaram.
Toda segunda-feira, às 2h30, o Aspirante De Assis pegava um ônibus, que saía de Itaboraí (RJ), onde mora até hoje, para chegar ao Colégio Naval (CN), em Angra dos Reis (RJ), antes das 7h30. Além de o ônibus quebrar eventualmente, o trajeto era arriscado, pois incluía áreas de risco. A família decidiu, então, usar a reserva financeira para comprar uma van. A mãe, Fernanda Silva de Assis, tornou-se motorista do filho e de outros alunos do CN que moravam em municípios próximos. A viagem, que outrora durava 5h, passou a ser realizada em 2h30.
“Toda a minha força e da mãe dele era para ver ele formado e seguindo o caminho dele. Estamos realizados”, afirma, emocionado, o Suboficial Assis.
“O Colégio Naval foi difícil, porque eu era muito novo e imaturo e, com o regime de internato, sentia muita saudade de casa”, conta o Aspirante De Assis. Após três anos de estudos, o desafio seguinte foi a Escola Naval, onde os amigos de turma tornaram-se irmãos de farda.
Durante 20 dias, pai e filho ficaram embarcados no NAM “Atlântico”, durante a Operação “Aspirantex” 2024, que visa familiarizar os alunos da Escola Naval com a vida no mar. Esta é a última comissão do Suboficial Assis e a primeira do Aspirante De Assis.
Durante a produção desta matéria, Assis transmitiu ao filho um conselho que sempre repete: “a Marinha nos dá muitas oportunidades. Nos forja marinheiros de verdade. Entenda os problemas com tranquilidade para tomar decisões certas. Seja uma pessoa íntegra e preserve sempre a união de grupo, porque, assim, você vai ser um excelente líder”.
Fonte: Agência Marinha de Notícias