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Guerra Híbrida ao Exército – Governo do Ceará desonra herói nacional

Governador do Ceará desonra herói nacional, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco

Luciano Clever
Fortaleza, Ceará
  20 Janeiro 2024

Marco do revisionismo ignorante e vingativo foi estabelecido pelo governador do Ceará, Elmano de Freitas. Neste 19 de janeiro de 2024, deu-se início a retirada dos restos mortais do mais ilustre dos cearenses, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, que repousavam num mausoléu erguido em homenagem ao ex-presidente. Morador provisório do Palácio do Abolição, o governador gastou o rico dinheiro do povo cearense para satisfazer a si e a seus sequazes, a fim de dar vazão à sanha vingativa que predispõe sua doutrina ideológica.

Pupilo de Luizianne Lins, Elmano de Freitas seguiu a cartilha da Loura. A ex-prefeita rebatizou a Praça 31 de Março, na Praia do Futuro, para homenagear o passado, na Barra do Ceará, com a figura do tenebroso facínora que empresta seu nome ao Cuca Che Guevara, ídolo da esquerda em todo o mundo. São decisões pessoais, fugindo do princípio constitucional da impessoalidade. Com isso, tanto ela como ele ganham os aplausos da esquerda e o repúdio ou a indiferença da sociedade de Fortaleza e dos cearenses.

Poucos conhecem a história do marechal Castelo Branco, que participou das duas Grandes Guerras. Voltou como herói na última, quando esteve à frente da campanha vitoriosa dos brasileiros, muitos cearenses entre eles, na Itália. A Força Expedicionária Brasileira, sob seu comando, impôs vitória aos alemães, na batalha do Monte Castello, na Itália. Estrategista, aplicou o que aprendeu na França e nos Estados Unidos, trazendo os conhecimentos para o Exército Brasileiro. “Castelo deu um chute na bunda dos nazistas na terra dos fascistas” (by Norton Lima Jr).

Para quem imaginava que não havia inteligência no universo militar, Castelo era um intelectual destacado e mantinha relacionamento com celebridades do mundo literário. Quando se deu o acidente aéreo que o matou, na manhã de 18 de julho de 1967, ele vinha de Quixadá, onde fora visitar a amiga e conterrânea Rachel de Queiroz, primeira presença feminina na Academia Brasileira de Letras.

Foi ele quem a apoiou Juscelino Kubitscheck e garantiu a posse na presidência da República diante de um movimento que se colocava contra o mineiro. Juscelino retribuiu a cortesia ao votar no Congresso que elegeu Castelo em 2 de abril de 1964, para dar continuidade ao mandato do renunciante Jânio Quadros. Depois, Juscelino ficou contra o governo de 64 em resposta à escalada autoritária, com a edição de atos institucionais.

Diante de um cenário de escassez, quando o governo se vê forçado a aumentar imposto, com majoração da alíquota de ICMS, e consequente elevação dos preços, quando o governo vai atrás de empréstimos, seria mesmo uma obra prioritária? Quanto custa? Segundo a Secult, o monumento será transformado em homenagem aos abolicionistas, embora já disponha, com muito mais visibilidade, do Centro Cultural Dragão do Mar. Se o governo é tão democrático, por que não realizou uma consulta popular?

Ao que tudo indica, não é uma obra que interesse ao povo, como urgente ou prioridade. A retirada dos restos mortais de Castelo Branco e de sua esposa, Argentina, não é apenas um vilipêndio à memória deles, à reverência aos mortos. Elmano expulsa os inquilinos da sede do poder para saciar sua sede de poder.


Governador  do Ceará, Elmano, anuncia retirada de mausoléu Castelo Branco do Palácio da Abolição

Segundo o governador do Ceará, é uma ‘incoerência’ manter a obra no prédio, em respeito aos perseguidos políticos pelo regime militar

Raísa Azevedo
Diário do Nordeste
31 Agosto 2023

O governador do Ceará Elmano de Freitas (PT) anunciou, na noite desta quinta-feira (31), a retirada do mausoléu de Castelo Branco do Palácio da Abolição. Durante o evento “Agosto da Memória e Verdade: 44 anos da Anistia”, o chefe do Executivo estadual afirmou ser uma “incoerência” manter a obra no prédio, em respeito aos perseguidos políticos pelo regime militar.

Segundo o chefe do executivo estadual, o espaço será transformado em um monumento em homenagem aos líderes abolicionistas cearenses, como o Dragão do Mar.

“No Palácio da Abolição não ficará o mausoléu de quem apoiou a ditadura”, iniciou o discurso. “A minha vontade é que dia 11 de dezembro, no Dia Internacional dos Direitos Humanos, nós tragamos para cá Dragão do Mar e os abolicionistas e os lutadores pela democracia, honrando a história daqueles que dedicaram suas vidas pelo bem viver do nosso povo”, completou.

Em publicação nas redes sociais, Elmano reafirmou o compromisso em defesa da democracia.

    Acredito ser uma incoerência manter o Mausoléu de Castelo Branco no Palácio da Abolição. Transformaremos o espaço em um monumento em homenagem aos líderes abolicionistas cearenses, como o Dragão do Mar, que lutaram por liberdade.
Elmano de Freitas
 Governador do Ceará

“Defendo a liberdade como o princípio da dignidade humana. Por isso, manifesto todo o meu respeito aos perseguidos políticos pelo regime militar. Que, com muita força, se mobilizaram e fizeram o movimento que resultou na Lei da Anistia”, disse o governador sobre a retirada do equipamento em homenagem ao primeiro presidente da ditadura militar.

Discussão sobre destino do mausoléu

Em maio de 2022, uma discussão acalorada sobre a destinação do Mausoléu Castelo Branco, em Fortaleza, acabou unindo a base do Governo do Estado e deputados de oposição, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). 

O deputado Renato Roseno (PSOL) apresentou requerimento pedindo nova destinação ao equipamento público, baseado na lei que proíbe homenagens a personalidades que constem no relatório final da Comissão Nacional da Verdade. O pleito foi barrado por maioria no Plenário, à época.

Inaugurado em 1972, o Mausoléu construído ao lado do Palácio da Abolição – sede do Governo do Ceará -, guardava os restos mortais de Castelo Branco, primeiro presidente da ditadura militar e de sua esposa, Argentina Viana Castelo Branco.

A Lei Estadual 16.832 de 14 de janeiro de 2019 veda a atribuição a prédios, rodovias, repartições e demais bens públicos de nomes de pessoas que constem no relatório final da Comissão Nacional da Verdade como responsáveis por violações de direitos humanos.

Castelo Branco

Humberto de Alencar Castelo Branco nasceu na cidade de Fortaleza, estado do Ceará, em 20 de setembro de 1897. Foi um dos principais articuladores do golpe militar de 1964, que depôs o presidente João Goulart. Através de eleição indireta passou a exercer o cargo de presidente da República em 15 de abril de 1964.

O governo de Castelo Branco foi marcado pela criação de um aparato legal que procurou legitimar o progressivo endurecimento do regime. As sucessivas manifestações de oposição ao governo resultaram em intervenção em sindicatos, extinção de entidades de representação estudantis, invasão de universidades, detenções e prisões indiscriminadas. Para muitos, a saída foi o exílio.

Uma das primeiras medidas do governo foi o rompimento de relações diplomáticas com Cuba, assinalando a mudança de orientação da política externa brasileira, que passaria a buscar apoio econômico, político e militar nos Estados Unidos.

Castelo Branco faleceu no Ceará, em 18 de julho de 1967, vítima de um acidente aéreo.

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