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Comentário Gelio Fregapani – Testemunho Geopolítico – O conflito Guiana- Venezuela

Testemunho Geopolítico, em 4 de dezembro de 2023, referente ao conflito Venezuela X Guiana (ex-inglesa)

Assunto: “O que eu assisti, o que fiquei sabendo, no que acredito, minhas dúvidas e conclusões.

Certamente a Venezuela não ousará invadir o território contestado nas circunstâncias atuais, mas sim, o Maduro aproveitará para unir o país em redor de si, mesmo apenas com retórica. Sendo essa a intenção, evitando-a terá sucesso em termos de popularidade, pois aquele povo simplesmente adora a imagem de Bolívar e de tudo o que for feito em nome dele.

Mais ainda, pode acontecer que para evitar o conflito, a Guiana (e a Shell) resolvessem ceder alguma parcela dos lucros do petróleo ou mesmo do território com as bençãos da ONU, o que provavelmente será cogitado ainda que apenas chamar atenção para a reivindicação venezuelana.

O que assisti ou fiquei sabendo – A Venezuela fora esbulhada por sentença arbitral como nós também, só que ela nunca se conformou. Nos seus mapas ainda mantém a área que era nossa e até 1968, ainda era habitada por nossos patrícios.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, e o presidente chinês, Xi Jinping, durante encontro na cidade chinesa de Chengdu, em julho de 2023 — Foto: Arquivo

Certamente a Inglaterra não tinha noção do petróleo ao conceder a independência, mas talvez quisesse se livrar de uma colônia deficitária, habitada por duas etnias hostis -50% de indianos e quase 50% negros sudaneses, bem diferentes dos nossos negros. Esses últimos trataram de tomar as fazendas da nossa gente (a margem direita do rio Tacutu) a qual se revoltou contra a Guiana e pediu para incorporar o território ao Brasil.

O exército guianense os atacou (colonos brasileiros) e matou os que não fugiram para o Brasil ou para a Venezuela, e nossas autoridades federais os tratou como subversivos e a República Corporativa da Guiana, a qual se intitulava de comunista, como se fosse um aliado.

Então, com seu lado da fronteira despovoado a Guiana convidou os chineses; isto sim assustou o nosso governo, que mandou um general como embaixador, ao qual contei esses fatos quase desconhecidos.

Naquele tempo a União Soviética e a China estavam se estranhando e a Rússia (anos 60) deslocou os chineses usando tropas cubanas, as quais administraram a Guiana até o esfacelamento da União Soviética.

Aí, sem o pagamento de seus patrões, os cubanos se retiraram e o caminho ficou aberto aos EUA, que inteligentemente está aproveitando a oportunidade para instalar uma base muito bem colocada para o controle do centro-sul do Atlântico e ainda terá acesso a imensas jazidas de petróleo. Irreversível a instalação de uma base naval dos EUA, na costa guianense, gostemos ou não.

Quanto ao nosso País, enquanto os EUA estiverem envolvidos em outros conflitos e não evidenciarem em apoiar possíveis secessões indígenas não há o que temer, mas se a situação mudar somente o povoamento pode manter a nossa soberania nas áreas mais mineralizadas da Amazônia.

Gelio Fregapani

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