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Entrevista do Comandante Militar do Norte à revista Diálogo das Américas

Neste dia 1° de novembro, o Comandante Militar do Norte, General de Exército Luciano Guilherme Cabral Pinheiro, concedeu entrevista ao jornal Diálogo Américas a respeito do exercício Southern Vanguard 24. Confira abaixo.

No Delta do Amazonas, soldados brasileiros estão treinando nos níveis operacional e tático para aumentar a interoperabilidade ao lado do Exército Sul dos EUA e dos soldados da Guarda Nacional do Exército de Nova York.

Eles estão participando do Southern Vanguard 24, um exercício anual do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM), que acontece de 1 a 12 de novembro, em Belém, Macapá e Oiapoque.

O General de Exército Luciano Guilherme Cabral Pinheiro, do Exército Brasileiro, comandante do Comando Militar do Norte, conversou com Diálogo sobre a importância do exercício para o Brasil.

Diálogo: Qual é o principal objetivo do Exercício Southern Vanguard 24?

General de Exército Luciano Guilherme Cabral Pinheiro, do Exército Brasileiro, comandante do Comando Militar do Norte: O principal objetivo do Exercício CORE 23/Southern Vanguard 24 é ampliar a interoperabilidade com o Exército dos Estados Unidos da América e forças compostas por países integrantes da OTAN.

Diálogo: Qual é a importância desse exercício militar bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos?

Gen Ex Guilherme: Incrementa o relacionamento com o Exército dos Estados Unidos e assegura a capacitação do Exército Brasileiro para participar de operações internacionais, de acordo com os interesses nacionais e os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.

Diálogo: Como o Southern Vanguard aumenta os níveis de interoperabilidade?

Gen Ex Guilherme: O exercício incrementa a interoperabilidade ao promover o intercâmbio de experiências de treinamento e certificação para o combate com o Exército americano. Além disso, proporciona a compreensão dos diferentes padrões de trabalho utilizados pela OTAN.

Diálogo: Em dezembro de 2021, mais de 900 soldados do Exército Brasileiro e do Exército dos EUA realizaram seu primeiro Southern Vanguard. Quais foram as lições aprendidas?

Gen Ex Guilherme: As lições aprendidas são inúmeras, mas posso destacar o nivelamento das técnicas, táticas e procedimentos (TTP) em todos os escalões empregados no exercício (Brigada, Batalhão, Companhia e Pelotão), cooperando para o emprego combinado de tropas.

Diálogo: Qual é o valor agregado de participar do Southern Vanguard?

Gen Ex Guilherme: Participar de um exercício combinado com o Exército americano, um dos mais avançados do mundo, contribui na atualização da Doutrina Militar, aprimora a gestão da informação e aperfeiçoa o sistema Logístico e de Educação e Cultura, com reflexos para o processo de transformação do Exército Brasileiro.

Diálogo: O que há de novo no Southern Vanguard 24?

Gen Ex Guilherme: No Exercício CORE 23/Southern Vanguard 24, a maior novidade é o ambiente operacional, que se caracteriza por possuir grupos específicos que devem ser considerados, como exemplo, a presença predominante de grupos indígenas. Além disso, o ambiente operacional amazônico apresenta grandes vazios demográficos.

Na dimensão informacional, deve-se atentar para a precariedade na área de estrutura de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), que impõe dificuldade na transmissão, acesso e compartilhamento da informação, especialmente nas cidades do interior e comunidades ribeirinhas.

Em relação à dimensão física, o ambiente operacional amazônico se caracteriza por grandes áreas de selva inabitada, onde predomina a via de transporte fluvial com pequenas localidades ribeirinhas ao longo dos rios, a escassez de vias terrestres e grandes distâncias para o transporte aéreo.

Neste sentido, o sucesso nas operações em ambiente de selva exige decisões oportunas e eficazes, tomadas com base no julgamento preciso dos conhecimentos e das informações disponíveis.

Diálogo: Qual é a importância de o Brasil sediar o Southern Vanguard?

Gen Ex Guilherme: Para o país, a diplomacia militar é uma ferramenta crucial para a prevenção de conflitos e para a construção de uma comunidade internacional mais segura e estável. Neste contexto, sediar exercícios internacionais como o CORE 23/Southern Vanguard 24, demonstra sua capacidade de cooperação, o que fortalece a diplomacia militar do Brasil e a promoção da confiança mútua entre forças armadas de diferentes nações.

Diálogo: Como o Exército Brasileiro se preparou para esse exercício?

Gen Ex Guilherme: O ciclo geral de preparo do exercício compreende as fases de mobilização, com a definição do universo de seleção de pessoal, realização de testes físicos, de tiro e psicológico, além de exames médico-laboratoriais, entre outros. [Inclui também] preparo do pessoal, com instruções do idioma inglês, realização de exercícios táticos, capacitações individuais específicas, estabelecimento de ligações com a tropa enquadrante e início do planejamento operacional, de acordo com o quadro tático do exercício e preparo logístico, concentração de meios na Área de Operações, sustentação e reversão dos meios empregados na atividade.

Diálogo: Qual é a importância de ter militares do Brasil e dos EUA em exercícios de treinamento como o de terreno de selva?

Gen Ex Guilherme: Aprimora a capacidade do Exército Brasileiro e dos Estados Unidos da América em comporem arranjos internacionais de defesa, promovendo salutar intercâmbio de doutrina e outros procedimentos, o que traz necessariamente ganhos operacionais, logísticos e administrativos para ambas as partes.

Fonte: De Diálogo Américas, por Geraldine Cook

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