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Caos na segurança pública escancara ausência de política de inteligência integrada e eficaz no Brasil

Mata-se um miliciano ou traficante, a cidade vira um campo de guerra com ônibus incendiados e tiroteios. Mata-se um policial, dezenas de execuções vêm em sequência causando pânico na periferia. No meio disso, uma população exausta com a insegurança, enquanto o poder público tenta achar meios de enfrentar o crime organizado

(RFI) Crianças sem aula, trabalhadores sem ter como chegar ao serviço, bombas, tiros, fogo. O cenário de guerra vivido esta semana por moradores do Rio de Janeiro, após a morte de um miliciano, reacendeu o debate sobre como enfrentar o crime organizado num país que tem acompanhado este ano tragédia atrás de tragédia na segurança pública.

Das dezenas de execuções por policiais em São Paulo e na Bahia, ao desvio de armas do Exército para o crime, passando por médicos assassinados por bandidos na Barra da Tijuca, políticos parecem perdidos frente ao poder crescente de facções e milícias, que subjugam comunidades inteiras cobrando ilegalmente por serviços básicos como água e luz, além da punição coletiva levada a cabo por alguns policiais.

Enquanto o governo federal discute se cria um ministério específico para a segurança, o governador do Rio, Cláudio Castro, pediu agilidade ao Congresso para votar endurecimento de penas a criminosos e reivindicou à presidência da República um gabinete integrado de inteligência nacional.

“Não é uma pauta do Rio, é do Brasil. Já tivemos este ano crises em São Paulo, no Rio Grande do Norte, no Ceará, na Bahia. E todos em situações parecidas. Só através da investigação, da prisão de líderes, da asfixia financeira, do combate à lavagem de dinheiro e da proteção das nossas fronteiras, para que armas e drogas não entrem, vamos conseguir combater essas organizações, que não são mais locais”, disse Castro.

Lula compara situação com Faixa de Gaza

O presidente Lula concordou que o problema não é só de um estado e disse que comparou a situação do Rio ao conflito no Oriente Médio. “Era muito fácil eu ficar vendo aquelas cenas que ontem apareceram na televisão, que parecia a própria Faixa de Gaza de tanto fogo e de tanta fumaça, e dizer ‘é um problema do Rio de Janeiro, é um problema do prefeito Eduardo Paes, é um problema do governador Cláudio Castro’. Não. É um problema do Brasil. É um problema nosso que nós temos que tentar encontrar a solução”, declarou Lula.

“Já há uma força tarefa nacional no Rio que será reforçada, mas sem intervenção federal porque essa experiência, adotada na gestão Temer, se mostrou um desastre, com praticamente nenhum ganho à população em termos de segurança. Haverá um grande esforço, mas é certo também que o crime organizado cresceu muito nos últimos anos no Rio”, afirmou o senador Humberto Costa (PT/PE).

O senador Sérgio Moro, do União Brasil, criticou a frouxidão do Judiciário em certas situações, com consequências importantes para o combate ao crime.

“Uma Câmara Criminal da Justiça do Rio autorizou o retorno ao estado do principal chefe do tráfico da Rocinha. Ele estava num presídio federal de segurança máxima, onde é praticamente impossível continuar comandando ações do tráfico de dentro para fora, mas foi autorizada a transferência dele. Será que ele abandonou o tráfico de drogas? Será que ele abandonou o crime?”, indagou o ex-juiz que também citou a morte de um magistrado em Pernambuco. “O caso ainda está sendo apurado, mas o suspeito é justamente um homem contra qual já houve pedido de prisão preventiva por outro crime, mas isso foi negado pela justiça”.

O Rio pediu reforço da atuação da Marinha nos acessos por água e da Aeronáutica nos aeroportos para combater a entrada de armas e drogas.

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