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Atos e Entre Atos de Conflito em Roma – Guerra Híbrida STF – Polícia italiana diz que agressor encostou ‘levemente’ nos óculos de filho de Moraes em Roma

Documento vai ser usado pela defesa de empresário para contestar a versão do ministro Alexandre de Moraes, que relatou que seu filho levou um tapa do agressor


Nota DefesaNet

Uma sequência de artigos em O Estado São Paulo (28OUT) e Veja (27 e 29 Out) explicitam a “Justiça Relativa”, em curso no país.

  • De Feroz Agressão passou a Leve
  • Análise produzida de forma ilegal
  • Opa fui pego minha narrativa não colou, De agredido e Ofendido Passo a “Assistente de Acusação”


Polícia italiana diz que agressor encostou ‘levemente’ nos óculos de filho de Moraes em Roma


BRASÍLIA – Um relatório da polícia italiana diz que o empresário Roberto Mantovani encostou “levemente” nos óculos do filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes durante bate-boca no Aeroporto Internacional de Roma, em julho deste ano. O documento vai ser usado pela defesa do empresário para contestar a versão de Moraes. Em depoimento, Moraes afirmou que ter sido xingado de “comunista”, “bandido” e “comprado” e relatou que seu filho levou um “tapa” do agressor.

Tácio Lorran
O Estado de São Paulo
28 outubro 2023

O laudo descreve as imagens gravadas pelas câmeras do aeroporto de Roma. O documento narra que o Alexandre Barci, filho de Moraes, reagiu provavelmente às agressões verbais da mulher do empresário. Mantovani, por sua vez, estava a alguns metros de distância e apontava com o dedo indicador ao filho do magistrado. “É evidente a reação verbal de Barci que, saindo da fila da aceitação à Lounge, interage verbalmente com os dois, permanecendo parado no próprio lugar, trocando várias palavras com Mantovani, que nessa circunstância tinha se aproximado até ficar cara a cara”, diz o relatório.

Em seguida, o documento confirma que Mantovani acertou levemente os óculos do filho de Moraes, após reagir a um movimento de Barci.

“Às 18h39, repara-se o único contato físico digno de nota, ocorrido entre Roberto Mantovani e o filho da personalidade. Nessa circunstância, esse último, provavelmente exasperado pelas agressões verbais recebidas, estendia o membro superior esquerdo, passando bem perto da nuca do antagonista, que, ao mesmo tempo, fazia a mesma ação utilizando o braço direito, impactando levemente os óculos de Alexandre Barci de Moraes”, conclui.

Polícia italiana diz que agressor encostou ‘levemente’ nos óculos de filho de Moraes em Roma Foto: Reprodução

Por fim, um passageiro intervém para tentar acalmar os ânimos e o bate-boca só termina quando o filho de Alexandre de Moraes ingressa na sala Loung Vip do aeroporto.

Em nota, o advogado Ralph Tortima avaliou que o relatório da polícia italiana difere em muito daquele elaborado pela Polícia Federal.

“Inclusive, pela descrição que é feita Roberto Mantovani Filho é primeiramente tocado em sua nuca por Alexandre Barci de Moraes, momento em que ele levanta o braço, como se numa ação de defesa, resvalando o óculos daquele”, diz o defensor. “Ou seja, fica cada vez mais evidente a necessidade de realização de uma perícia isenta, independente, em todas essas imagens do aeroporto. Só assim saberemos, com segurança, o que de fato aconteceu.”

O relatório da Polícia Federal concluiu que o empresário Roberto Mantovani “aparentemente” bateu com “hostilidade” no rosto do filho do ministro, Alexandre Barci, que segundo o documento conseguiu se esquivar parcialmente. “Após ter afrontado Barci, impulsionando seu corpo contra este, que estava de óculos, Roberto levantou a mão e, aparentemente, chegou a bater no rosto da vítima, que teve óculos deslocados (ou caídos no rosto)”, narra a PF


Entre AtosInvestigação da agressão a Moraes provoca embate interno na PF

Laryssa Borges
Veja Edição Impressa
27 Outubro 202
3

Em julho passado, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), se envolveu em um incidente com um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma. Há duas versões para o episódio. Segundo o relato do magistrado, ele foi xingado e seu filho, Alexandre Barci, agredido. Já os acusados — o empresário Roberto Mantovani, sua mulher, Andrea Munarão, e o genro, Alex Zanatta — confirmam que houve a discussão, mas negam que a agressão tenha ocorrido.

A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar o caso e, para confrontar as versões, requisitou as imagens das câmeras de segurança do aeroporto italiano. O material chegou ao Brasil há dois meses, mas, em vez de ajudar a esclarecer, por enquanto só ampliou a confusão. Para olhos leigos, as imagens não permitem um veredito. Para os agentes encarregados da investigação foi possível concluir apenas que o filho foi alvo de uma “aparente agressão” consumada por um “aparente tapa”.

A vagueza das conclusões gerou um embate interno na Polícia Federal. Por determinação do diretor-geral do órgão, a corregedoria abriu um processo disciplinar para apurar a conduta do perito Willy Hauffe Neto, presidente da Associação dos Peritos Criminais Federais (APCF). Motivo: a entidade divulgou uma nota questionando o fato de a análise das imagens do aeroporto ter sido realizada por um agente, o que, além de incomum, comprometeria a qualidade e a isenção do trabalho. “É preocupante que procedimentos não periciais possam ser recepcionados como se fossem ‘prova pericial’, uma vez que não atendem às premissas legais, como a imparcialidade, suspeição e não ter, obrigatoriamente, qualquer viés de confirmação, que são exigidas dos peritos oficiais de natureza criminal.”

Antes de determinar a instauração da sindicância, o delegado Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, fez chegar aos peritos que eles estariam ajudando a “defesa dos agressores” ao pôr em xeque os métodos utilizados na investigação. Em manifestação apresentada à corregedoria na quinta-feira 19, Hauffe alegou que as ponderações sobre a falta de perícia no caso envolvendo o ministro Alexandre de Moraes é uma posição de toda a categoria e que a abertura do procedimento disciplinar representa uma “interferência” no funcionamento da associação, ao constranger suas lideranças, que apenas cumpriram o dever funcional. A PF diz que decidiu não solicitar a perícia técnica nas gravações por considerar que não há dúvida sobre a autenticidade das imagens.

“A polícia fez apenas um storyboard do que se queria ver, como um viés de confirmação. A questão é que, se houvesse uma perícia, talvez sequer fosse possível atestar a existência de um tapa, uma agressão física de verdade”, disse a VEJA, sob reserva, um dos peritos da PF. Não é um debate saudável. A Polícia Federal é um órgão de Estado e não pode permitir que prospere qualquer desconfiança, por menor que seja, de que ela age ou deixa de agir guiada por interesses políticos. Um inquérito tem o obje­ti­vo de apurar a prática de um crime, deve seguir todos os procedimentos legais, independentemente se eles vão beneficiar ou prejudicar quem quer que seja. No caso da agressão, o relato do ministro, por óbvio, merece toda a credibilidade, mas a prova técnica não pode ser desprezada, sob pena de, aí sim, favorecer quem o abordou. Alexandre de Moraes contou que estava na sala vip do aeroporto de Roma, retornando de uma palestra, quando foi xingado de “bandido, comunista e comprado”. Durante a confusão que se formou, seu filho, segundo o ministro, foi atingido por um tapa no rosto. Os agressores afirmam que eles foram insultados, o que gerou uma discussão acalorada.

DISCÓRDIA – Andrei e Hauffe: perito questionou laudo feito por agente

O embate entre policiais e peritos, como era de esperar, será explorado pela defesa dos acusados. “O que garante que esse agente, por um engano técnico, não apagou alguma imagem? O que garante que eventualmente não houve até uma ação intencional de apagar algumas imagens?”, diz o advogado Ralph Tórtima, que defende a família Mantovani, ressaltando que, ao analisar o vídeo, a polícia italiana constatou que o único contato físico entre o empresário e o filho do ministro foi quando, durante a discussão, o braço de Mantovani impactou “levemente os óculos de Alexandre Barci”. Na terça-feira 24, o inquérito ganhou uma novidade que está provocando outra polêmica. O ministro do STF Dias Toffoli, relator do caso, autorizou que o próprio Alexandre de Moraes atue como assistente de acusação. O magistrado deve designar um representante de sua confiança que poderá inquirir testemunhas e propor novas diligências. O Ministério Público se manifestou contra a medida, argumentando que não há previsão legal para a existência de assistente de acusação nessa fase do processo. O que era para ser simples está ficando cada vez mais complicado.


Ato Final ?Moraes vira assistente de acusação em caso de agressão em aeroporto

LARYSSA BORGES
29 outubro 2023 
Veja.com

Desde a última semana, o ministro Alexandre de Moraes é formalmente assistente de acusação no processo que investiga em que dimensão ele próprio e o filho foram hostilizados e agredidos no aeroporto internacional de Roma, em julho. O magistrado reportou ter sido chamado de “bandido, comunista e comprado” no momento em que se dirigia a uma sala VIP do terminal italiano.

Na discussão, o filho do ministro, Alexandre Barci de Moraes, interveio e disse em depoimento ter recebido um “tapa” de um dos acusados, o empresário Roberto Mantovani. Na sequência, Mantovani e mais dois investigados, a esposa Andrea e o genro Alex Zanatta, tiveram celulares e computadores apreendidos e, interrogados, negaram a agressão física.

Na terça-feira, 27, o relator do caso, ministro do STF Dias Toffoli, autorizou que Alexandre de Moraes, a esposa e os três filhos se tornem assistentes de acusação já nesta fase do processo. Toffoli rejeitou as considerações da vice-procuradora-geral da República Ana Borges Coêlho Santos, que em parecer havia afirmado não ser possível que o magistrado se transforme em auxiliar do Ministério Público antes mesmo de o próprio MP decidir se fará ou não uma acusação formal contra os três suspeitos. A esta altura do processo não foi sequer oferecida denúncia contra a família de brasileiros.

Com a decisão do STF, a família do ministro pode, entre outras coisas, sugerir provas e perícias e questionar testemunhas. Conforme revelou a edição de VEJA desta semana, um dos pontos de discórdia no caso é o fato de peritos criminais federais terem sido escanteados do processo. Coube a um agente da corporação elaborar um relatório a partir das imagens das câmeras de segurança do aeroporto e concluir que Barci de Moraes foi alvo de um “aparente tapa”.

A Corregedoria da Polícia Federal decidiu abrir um procedimento disciplinar contra o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Willy Hauffe Neto, e exigir explicações depois que ele declarou, em uma nota pública, que o laudo da PF não deveria ser tratado como prova pericial por supostamente não se submeter, como ocorre com peritos, a regras de imparcialidade. A PF entendeu a manifestação como uma declaração de que a corporação trabalharia com parcialidade, e a Corregedoria foi acionada.

Em nota, a Polícia Federal informou que “as imagens recebidas via cooperação internacional foram devidamente analisadas por equipe de profissionais habilitada para essa atividade, em conjunto com as demais provas colhidas e não há suspeitas quanto a falta de integridade, adulteração ou edição, razão pela qual a perícia é desnecessária”. Segundo a corporação, “a direção-geral da Polícia Federal reitera sua absoluta confiança em seus profissionais e equipes de investigação e recebeu com surpresa e indignação os questionamentos acerca da integridade do trabalho realizado”.

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