A primeira linha de produção do caça estabelecida fora da Suécia foi um marco histórico no programa F-X2 da FAB
Agência Força Aérea, por Tenente Myrea Calazans
Dia 17 de outubro é o Dia da Indústria Aeronáutica Brasileira e, para celebrar essa importante data, vamos “viajar” pelos bastidores da linha de montagem do F-39 Gripen no Brasil. A primeira linha de produção do caça estabelecida fora da Suécia foi um marco histórico no programa F-X2 da Força Aérea Brasileira (FAB). Isso porque elevou a capacidade de defesa e garantia da soberania do espaço aéreo do Brasil e de suas fronteiras.
Situada nas instalações da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo, a linha ocupa um hangar dedicado exclusivamente para essa atividade que é conduzida por funcionários da Embraer capacitados pela Saab, na Suécia, por meio do programa de transferência de tecnologia e cooperação industrial estabelecido no contrato de aquisição do Gripen.
A iniciativa abre portas para tornar o país um centro de produção de aeronaves de caça. “O objetivo também é produzir aqui quaisquer pedidos futuros de Gripen para o Brasil, bem como de outros países”, explica o Diretor de Cooperação Industrial do Programa Gripen Brasileiro na Saab Brasil, Luis Antonio Hernandez Gonzales.
Os bastidores
A Embraer e a Saab têm trabalhado em estreita colaboração para a implantação dessa linha de montagem, por isso organizaram uma equipe robusta para atuar no projeto. Cerca de 200 funcionários estão diretamente envolvidos, sendo 60 dedicados à área de produção como operadores, supervisores e gerentes e o restante provendo suporte de engenharia de produção, suprimentos, logística, qualidade, administrativo e outros.
Estudos foram feitos para alinhar procedimentos e metodologias das empresas para permitir a comunicação entre as áreas técnicas, industriais, de qualidade e outras. As aeroestruturas produzidas pela Saab em São Bernardo do Campo (SP) e as demais fabricadas na Suécia foram levadas para Gavião Peixoto para a montagem final do caça.
O trabalho industrial inclui a junção de quatro conjuntos estruturais: a fuselagem traseira, a fuselagem central da asa, a unidade de canhão e a fuselagem dianteira. Depois, são instalados os cabeamentos, equipamentos, sistemas, trem de pouso, aviônicos, canopi, assentos ejetáveis, radar, motor e outros. E, por fim, a aeronave segue para os testes funcionais e voos de produção, preparando para a entrega final para a FAB.
Por dentro das instalações
Com o intuito de ampliar a versatilidade do Gripen para permitir que ele responda da melhor forma aos interesses da FAB, foi inaugurado, em novembro de 2016, o Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen (do inglês, Gripen Design and Development Network – GDDN), na Embraer, um centro de engenharia responsável pelos processos de desenvolvimento como integração de sistemas, projeto de aeroestruturas, instalação de sistemas e interface homem-máquina. O espaço foi implantado com a missão de ser o eixo central de grande parte do desenvolvimento tecnológico do novo caça do Brasil pela Saab e pela Embraer, junto a outras empresas e instituições brasileiras parceiras.
O ambiente é integrado virtualmente entre os dois países e com segurança de dados e informações. “Esse tipo de experiência agrega positivamente à carreira de todos os envolvidos por conta da interação com outros profissionais de culturas diferentes. A conexão direta com a Suécia nos permite um fluxo mais fácil de tomada de decisão e prosseguimento na concretização e desenvolvimento do Gripen. Isso não tem preço, pois se trata de uma oportunidade única de participar do ciclo de desenvolvimento de um caça para o Brasil”, diz Felipe Langellotti Silva, engenheiro de desenvolvimento de produtos da Embraer.
Na Embraer também fica sediado o Centro de Ensaios em Voo do Gripen (Gripen Flight Test Centre – GFTC), uma estrutura que faz parte do Programa de Transferência de Tecnologia do Gripen. O espaço foi construído para garantir a padronização de todos os procedimentos de ensaios em voo, permitindo o ganho de eficiência e a agilidade na captação e compartilhamento das informações entre os países.
Fotos: Saab Group