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Desafios e oportunidades da Aviação Naval na Amazônia

Conheça a atuação dos aviadores da Marinha do Brasil na região

Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Luciana Almeida – Manaus, AM

As peculiaridades da região amazônica apresentam uma série de desafios aos militares das Forças Armadas. A imensidão da área, por exemplo, torna o emprego de aeronaves essencial à efetividade das ações desenvolvidas. Habituados a sobrevoar o oceano, os aviadores navais que atuam na Amazônia Ocidental precisam conhecer e se adaptar às especificidades do voo amazônico.

Subordinado ao Comando do 9º Distrito Naval, o 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral do Noroeste (HU-91) está sediado em Manaus (AM). Seu Comandante é o Capitão de Fragata, Aviador Naval, Fábio Ricardo Fonseca dos Santos, que está na Marinha do Brasil (MB) há 28 anos, dos quais um ano e meio no Amazonas. Ele relata algumas vantagens de sobrevoar a região. “Ao sobrevoarmos o mar, por exemplo, não temos como nos orientar visualmente; já sobre a floresta, temos os rios, que são boa fonte de referência para a navegação, e também pontos de apoio, caso seja necessário um pouso de emergência, em uma margem em que haja uma área adequada para pouso”, explicou.

Porém, quanto à meteorologia, o Aviador Naval explica que a atmosfera do mar, que é salina, confere maior previsibilidade das condições de tempo. “Conseguimos perceber melhor as variações meteorológicas no mar; já na Floresta Amazônica, as mudanças acontecem muito rápido, devido à quantidade de calor e umidade. Então, por vezes, temos a rápida formação de um nevoeiro, como os que acontecem pela manhã, próximo às copas das árvores, chamados de ‘Aru’, formados, principalmente, quando chove no dia anterior”, compara o Comandante Fonseca.

Desafios de voar sobre os rios da Amazônia

Aeronave UH-12 “Esquilo” durante uma operação na Amazônia

Além da meteorologia, os pontos críticos para as operações aéreas na Amazônia são, basicamente, a existência de locais de pouso e o suporte logístico. O Comandante Fonseca pontua que, por se tratar de uma área muito grande de mata, com baixa densidade populacional, atingir todos os rincões da Amazônia torna-se um desafio. “Precisamos de pontos de apoio para abastecimento. A aeronave Esquilo, de porte menor, tem uma boa autonomia, mas não o suficiente para alcançar determinados lugares, como, por exemplo, ir de Manaus até Tabatinga. Nesse caso, por exemplo, precisamos parar no meio do caminho para abastecer”, esclareceu.

Outro desafio de voar na Amazônia é o cuidado com a fauna. A questão do perigo aviário é sempre ponto de alerta. Enquanto as áreas urbanas registram maior presença de urubus, sobre a selva há uma variedade maior de animais, que apresentam diferentes portes e perfis de voo, o que exige mais atenção dos pilotos. Caso haja colisão com um pássaro, há o risco de dano severo à aeronave e a seus ocupantes.

Tarefas de uma aeronave da Marinha na Amazônia

Comandante Fonseca e mecânicos de voo do HU-91

Operar a partir dos navios confere versatilidade aos diversos tipos de operações na Amazônia, onde os rios representam importantes vias de acesso e integração do território. “Algumas dessas atividades podem ser resgate, apoio de fogo (atirador embarcado com armamento da própria aeronave), auxílio a uma patrulha naval, com uma busca, ou uma abordagem; evacuação aeromédica, se alguém tiver algum problema de saúde em uma área ribeirinha de difícil acesso; e onde mais houver necessidade”, exemplifica o Aviador Naval.

“Ainda podemos pousar em locais confinados, em uma ‘clareira’, ou em uma comunidade que tenha apenas um pequeno campo de futebol, para transportar, por exemplo, um agente público ou um médico do navio até uma localidade que não seja próxima das margens do rio”, complementou.

Segurança em primeiro lugar

Aeronave UH-12 “Esquilo” do HU-91 em apoio à patrulha naval da MB no rio Negro


Para se garantir um voo seguro, nos rios da Amazônia ou em qualquer outro lugar, o Comandante Fonseca afirma que um bom planejamento é item obrigatório. “Costumamos dizer que o voo se inicia já no seu preparo. Começamos a voar desde o momento em que passamos a ver a meteorologia e planejar a navegação no briefing [reunião prévia antes de cada missão, para se levantar todas as informações necessárias]”, destaca. Para ele, “o segredo de um voo seguro é estar planejado, treinado e conhecer o comportamento dos rios, da meteorologia. Além dos pilotos, existe o suporte essencial do fiel da aeronave, o mecânico de voo. A equipe precisa se preparar muito bem antes de voar, estar bem sintonizada, além de coletar as informações possíveis para chegar ao destino”.

O fiel de aeronave do Esquadrão HU-91, o Segundo-Sargento Ailson Nóbrega de Oliveira, que está na Marinha há 17 anos, dos quais seis na Amazônia, também detalha as peculiaridades de sobrevoar a região. “A qualquer momento, aqui, pode desabar uma chuva. Por conta disso, constantemente, fazemos pousos de precaução. Também temos o recurso do abastecimento por tambor; já que, em muitos lugares, não há local para abastecer, temos que deixar tambores de combustível no caminho, antecipadamente. Então, o fiel de aeronave precisa ser bem versátil e rápido no tempo de resposta de configuração da aeronave. Mas, a nossa atuação é bem gratificante. Eu não trocaria essa experiência por nenhuma outra”, enfatizou.

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