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Atendimento Pré-Hospitalar Tático: salvando vidas em cenários de guerra

Atividades realizadas no EXCON Tápio 2023 simulam salvamento tático aéreo de vítimas em estado crítico

Agência Força Aérea, por Tenente Eniele Santos

Nas situações mais críticas, nas quais a segurança está comprometida e a vida humana está em risco constante, militares especializados em Atendimento Pré-Hospitalar Tático (APH-T) demonstram uma coragem inabalável. Formados pelo Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS) – unidade com a missão de realizar instrução especializada para os tripulantes e equipes de busca e resgate (SAR) da Força Aérea Brasileira (FAB), esses militares, dotados de conhecimentos médicos avançados e equipados com instrumentos de tecnologia de ponta, operam nas linhas de frente, buscando socorrer e estabilizar os feridos de forma rápida e eficaz.

Treinamento teórico: Protocolo MARCH

Durante o Exercício Conjunto (EXCON) Tápio 2023, foram realizadas oficinas de treinamento de APH-Tático com os homens de resgate, com o intuito de fazer uma reciclagem das funções que eles executam em operações reais. Para treinamentos desta natureza, existe um protocolo mundial, o Tactical Combat Casualty Care (TC-3), que segue a sequência de siglas, MARCH, na qual cada letra simboliza um cuidado que deve ser seguido, em ordem de prioridade: Massiva Hemorragia, Aérea (Vias), Respiração, Circulação e Hipotermia.

“Por ser neurologista, aqui no EXCON Tápio 2023 estou responsável pela letra ‘H’, que corresponde às instruções voltadas à avaliação do nível de consciência, às escalas de responsividade e aos sinais que os militares podem ter em um combate decorrente de trauma de crânio encefálico ou raquimedular. Assim, conseguimos passar todos esses conhecimentos usando exemplos de casos clínicos, com a intenção de massificar tudo que eles precisam fazer em combate, com o objetivo de salvar vidas”, explica a integrante da Diretoria de Saúde da Aeronáutica (DIRSA), Major Médica Carla Isabel dos Santos Silvestre.

Neste sentido, a Capitão Médica Patrícia Bastos de Aguiar Martins Costa, do Primeiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (1º/8º GAV) – Esquadrão Falcão, destaca a letra ‘C’, do protocolo MARCH, que remete à circulação, na qual se avalia toda a parte circulatória, ou seja, todas as questões relacionadas a perfusões, pulso e nível de consciência. Por isso, há instruções de acesso venoso e intraósseo, que é o principal em um ambiente tático, devido à sua rapidez e eficácia.

“Uma vítima de trauma, por exemplo, em muitos casos, encontra-se em estado de choque, e assim, as veias e os vasos ficam contraídos. Por isso, o acesso intraósseo torna-se essencial para a estabilização da pessoa acidentada”, explica a médica.

A coordenação eficiente dos militares envolvidos na missão é primordial para o sucesso de operações em cenários de guerra. Equipes altamente treinadas trabalham em conjunto para garantir uma resposta rápida e eficaz aos feridos. Em situações como essas, helicópteros e aeronaves – como o SC-105 Amazonas, o H-60 Black Hawk, o H-36 Caracal, entre outros, são frequentemente utilizados com o intuito de realizar evacuações médicas (EVAM).

De acordo com o Capitão Médico Vinicius Guimarães Tinoco Ayres, do Hospital de Aeronáutica de Canoas (HACO), instrutor especializado em APH, as ferramentas médicas são passadas aos homens de resgate para que eles possam ter, ao encontrar a vítima em locais de difícil acesso, condições de avaliar a saúde delas, principalmente as relacionadas aos sangramento e controle da respiração. “Nós treinamos esses militares para atuar de forma rápida e precisa. Eles são, muitas vezes, os primeiros a chegar até as vítimas. É extremamente necessário que eles saibam tudo que se deve fazer para estabilizá-las, para que elas não corram perigo de morte até chegar ao hospital”, explica o Capitão Ayres.

Teoria na prática: desencarceramento de vítimas

Com o apoio do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Mato Grosso Sul (CBMMS) e da Guarda Aérea Nacional do Estado de Nova Iorque (NYANG), para fechar a primeira semana de atividades do EXCON Tápio 2023, equipes do PARA-SAR realizaram diversas atividades de treinamento e puderam colocar em prática tudo que aprenderam.  Com isso, foi possível treinar as técnicas de acesso a aeronaves e estruturas colapsadas em situações de acidentes aeronáuticos, bem como a expansão delas, para o resgate das vítimas.

“Essa atividade é posta em prática em diversas situações reais, por exemplo, quando ocorrem desastres e calamidades públicas. Com as técnicas ensinadas, os resgateiros podem acessar essas estruturas colapsadas com mais técnica, utilizando as ferramentas adequadas, bem como os métodos de extração de vítimas de dentro dessas estruturas de maneira segura”, explica o Operador Especial da Equipe SAR da FAB, Capitão Médico Felipe Lessa.

Especializado em técnicas de resgate, o CBMMS foi fundamental para apresentar ferramentas para o desencarceramento de vítimas. “Elas encontram-se presas às ferragens de uma aeronave e precisam ser resgatadas. Para isso, treinamos as ações de retirada e de atendimento pré-hospitalar no local, proporcionando o resgate e o salvamento”, descreve o Sub-Tenente Hamilton Junior, do CBMMS.

Fotos: Sargento Müller Marin/ CECOMSAERVídeo: Sargento André Souza/ CECOMSAER

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