A reunião de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que começou na manhã desta terça-feira (11) em Vilnius, na Lituânia, já resulta em mais reforços militares à Ucrânia, enquanto o presidente Volodymyr Zelensky ainda espera decisões mais claras sobre uma possível adesão de seu país à aliança militar. França e Alemanha anunciaram novas entregas de armas a Kiev, e Moscou reage apontando “erro” dos ocidentais.
(RFI) A guerra na Ucrânia domina os debates do evento, que acontece a 35 km da fronteira com Belarus, aliada de Moscou. A cúpula tem a presença de líderes dos 31 países que integram a Otan.
O presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu fornecer mísseis de longo alcance do modelo Scalp, que, em sua opinião, permitirão ao Exército ucraniano realizar bombardeios de maior profundidade em áreas ocupadas. “O que é importante para nós é enviar uma mensagem de apoio à Ucrânia, de unidade da Otan e a determinação de que a Rússia não pode e não deve vencer esta guerra,” declarou Macron durante o encontro.
No início da tarde, uma fonte militar francesa confirmou que os mísseis Scalp já haviam sido entregues e que a França “obteve garantia por escrito de que o armamento só será utilizado dentro das fronteiras reconhecidas internacionalmente da Ucrânia”.
Os mísseis podem ser lançados de um barco ou avião de combate e transportar uma carga explosiva de 450 kg. Dependendo da versão, podem atingir alvos localizados entre 250 km e 500 km.
Já a Alemanha, segundo maior provedor dos esforços de defesa ucranianos, anunciou mais € 700 milhões em armamentos para Kiev. A lista de Berlim inclui 40 veículos blindados, dois lançadores para o sistema de defesa antiaérea Patriot e 25 tanques Leopard 1, além de munição. O programa “responde às necessidades da Ucrânia: defesa aérea, tanques, artilharia. Com isso, trazemos uma importante contribuição para o fortalecimento da sustentabilidade da Ucrânia”, revelou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, em um comunicado.
O governo norueguês também aumentará sua ajuda militar à Ucrânia em 2,5 bilhões de coroas (cerca de € 220 milhões) este ano para alcançar €10 bilhões de coroas, conforme anúncio feito na terça-feira. “A guerra defensiva que a Ucrânia está travando acontece agora. É nesse momento que a ajuda é realmente necessária”, disse o primeiro-ministro norueguês, Jens Gahr Støre, durante uma entrevista à imprensa de seu país, à margem da cúpula da Otan, em Vilnius.
A Noruega é um dos países que entregou tanques de batalha Leopard 2 para a Ucrânia (8 ao todo), além de outros veículos blindados, sistemas múltiplos de lançadores de foguetes e projéteis de artilharia.
Zelensky pede pressa
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que esperava mais agilidade em posicionamentos dos países-membros da aliança sobre a adesão da Ucrânia à Otan, teve suas expectativas rejeitadas pelo americano Joe Biden, entre outros líderes, como o chanceler alemão, Olaf Scholz, que deram declarações bem mais cautelosas, temendo um confronto direto com a Rússia e o risco de uma terceira guerra mundial.
Zelensky criticou a “indecisão e as hesitações” da Otan, que em sua avaliação apenas encorajam a política de terror da Rússia. Para o presidente ucraniano, “será um absurdo se a Otan não oferecer um calendário com etapas definidas para futuras negociações”.
Na falta de unanimidade, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, garantiu que a ajuda militar a Kiev será reforçada e as condições formais de adesão da Ucrânia serão suavizadas, em medidas que serão apresentadas nesta quarta-feira (12), em uma sessão de trabalho com a participação de Zelensky.
Já Olaf Scholz anunciou nesta terça-feira uma declaração conjunta dos países do G7 (França, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália, Canadá) sobre “compromissos de segurança” para a Ucrânia.
Depois de 14 meses de espera e negociações, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, deu nesta segunda-feira (10) o sinal verde para a entrada da Suécia na Otan, o que, para analistas internacionais, significa uma mudança em sua política externa em relação ao Ocidente.
Kremlin denuncia sentimento anti-Rússia
O Kremlin declarou que acompanha de perto o que define como uma cúpula anti-Rússia e destacou que a adesão da Suécia, agora que a Turquia levantou seu veto contra o pedido de Estocolmo, terá “consequências negativas”, com medidas já previstas e planejadas, de acordo com o porta-voz do presidente Vladimir Putin.
“A Rússia é vista como um inimigo, um adversário, e é nessa perspectiva que as discussões ocorrem”, disse o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, a repórteres.
Moscou também declarou que a França comete “um erro” com o fornecimento de mísseis de longo alcance e promete retaliações.
(Com informações da AFP)