A Ucrânia revelou neste sábado (6) que derrubou pela primeira vez um míssil hipersônico russo Kinzhal, durante uma onda de ataques de Moscou durante a madrugada de quarta para quinta-feira. O míssil foi derrubado em Kiev graças ao sistema antiaéreo Patriot fornecido por Washington. Também neste sábado, o líder do grupo paramilitar russo Wagner voltou a dizer que deseja retirar seus homens do front em Bakhmut, e um escritor próximo de Vladimir Putin foi ferido em uma explosão.
(RFI) A Rússia enfrenta novos reveses neste final de semana. Quando o presidente russo, Vladimir Putin, apresentou ao mundo o míssil Kinzhal em 2018, ele o chamou de “arma ideal” por sua dificuldade para ser interceptado. O armamento, no entanto, não resistiu ao avançado sistema de defesa antiaérea concebido nos Estados Unidos.
“Sim, derrubamos o ‘inigualável’ míssil Kinzhal”, afirmou o general Mikola Oleshchuk no Telegram. “Felicito o povo ucraniano por este acontecimento histórico”, acrescentou.
A Ucrânia recebeu os primeiros Patriot em meados de abril. Na época, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que o equipamento fortaleceria “de forma significativa” as defesas do país contra os ataques russos.
Em outro sinal de fragilidade da ofensiva deflagrada por Moscou, o líder do grupo paramilitar Wagner pediu, neste sábado, autorização ao Exército russo para entregar as suas posições na cidade ucraniana de Bakhmut às tropas do líder checheno Ramzan Kadyrov, em protesto contra a falta de munições. Yevgeny Prigozhin deu prazo até 10 de maio para que o ministro da Defesa russo, Sergei Shoogu, concretize essa mudança de comando. Há meses que o líder do grupo Wagner acusa o Estado-Maior russo de não fornecer aos seus homens munições suficientes para conquistar Bakhmut. Uma vitória dos paramilitares ofuscaria o Exército regular russo no leste da Ucrânia.
Prigozhin justificou o pedido “devido a uma escassez de munições de longa data”, acusando o Estado-Maior russo de ter fornecido a ele apenas 32% das munições solicitadas desde outubro passado. Na sexta-feira (5), ele já tinha ameaçado retirar as suas tropas de Bakhmut, epicentro de combates sangrentos há vários meses.
No Telegram, o líder checheno Ramzan Kadyrov reagiu à proposta de Prigozhin dizendo que os seus combatentes estavam prontos para ocupar as posições russas na cidade, caso o grupo Wagner retirasse de fato as suas unidades do local. “Os nossos combatentes estão prontos para avançar e ocupar a cidade. Serão necessárias algumas horas”, afirmou o checheno, indicando que as suas tropas já tinham lutado ao lado dos paramilitares do Wagner nas cidades ucranianas de Popasna, Severodonetsk e Lissychansk, conquistadas pela Rússia.
No sábado de manhã, em uma mensagem separada, Prigozhin agradeceu a proposta de Kadyrov, assegurando que Bakhmut, que tem resistido aos ataques russos, “sem dúvida será tomada pelas tropas chechenas”.
Explosão fere escritor pró-Kremlin
Em mais um incidente envolvendo aliados de Putin, o escritor nacionalista russo Zakhar Prilepin, defensor ferrenho da ofensiva militar do Kremlin na Ucrânia, foi ferido neste sábado, após a detonação de um explosivo posicionado no carro em que ele circulava. A explosão matou o motorista do escritor, anunciou o Comitê de Investigação da Rússia, que abriu um inquérito por “ato terrorista”.
Moscou acusou imediatamente a Ucrânia e seus aliados ocidentais pelo atentado. O incidente aconteceu na região de Nizhny Novgorod, centro-oeste da Rússia, onde o escritor nasceu. O ministério informou a detenção de um suspeito.
Fontes médicas e das forças de segurança que pediram anonimato, citadas por agências de notícias russas, afirmam que Prilepin sofreu ferimentos nas pernas. De acordo com Comissão de Investigação, o escritor estava no carro “com a família” quando ocorreu a explosão. “Zakhar (Prilepin) sofreu pequenas fraturas, sua vida não está em perigo”, afirmou o governador da região de Nizhny Novgorod no Telegram.
Após a divulgação das primeiras informações sobre a explosão, a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, acusou Ucrânia, Estados Unidos, Reino Unido e Otan de envolvimento no ato “terrorista”.
Figura de destaque na cena literária russa, com livros traduzidos para vários idiomas, o escritor de 47 anos está comprometido desde 2014 com os separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia e lutou ao lado dos insurgentes. Desde então, este veterano das guerras da Chechênia na década de 1990 viaja com frequência ao leste da Ucrânia. Ele defende Putin e sua ofensiva contra o país vizinho, iniciada em 24 de fevereiro de 2022.
(Com informações da AFP)