Maria Tsalla ou Irina Smeriva não mostra o rosto na maioria das fotos encontradas nas redes
Por Alfredo Mergulhão e Paulo Assad — Rio de Janeiro
O Globo Portal
22 Março 2023
O Serviço Nacional de Inteligência da Grécia (EYP) revelou ter identificado uma espiã russa morando no país europeu com uma identidade falsa, na última semana. Atendendo pelo nome Maria Tsalla, Irina Alexandrovna Smireva vivia em Atenas desde 2018 e seria casada com o austro-brasileiro Gerhard Daniel Campos Wittich — também apontado como espião russo.
A verdadeira identidade de Maria Tsalla começou a ser revelada quando a EYP detectou uma tentativa de acesso aos dados de cidadãos gregos falecidos. Essa prática é internacionalmente atribuída aos Serviços de Inteligência da Rússia e remonta aos tempos de Guerra Fria.
Nota DefesaNet Chamamos a atenção dos leitores para o inusitado número de artigos mencionando atividades de agentes russos ou no Brasil ou no exterior tentando usar documentos como sendo cidadãos brasileiros. Ver a matéria RUSSIA DOCS – PF transfere suspeito de ser espião russo para presídio de segurança máxima em Brasília O Editor |
Os dados de cidadãos mortos seriam usados para criar identidades falsas destinadas a espiões russos. Maria Tsalla teria se apropriado, em 2018, dos documentos de uma criança grega morta em dezembro de 1991. Ela teria pago cerca de 5 milhões de euros em 2018 pela nova identidade.
Durante sua vida na Grécia, Maria Tsalla tinha um namorado. O jornal The Times informou que ele ficou chocado quando tomou conhecimento, pela imprensa, da verdadeira identidade da companheira. Na Grécia, a espiã levava uma vida pacata, se passava por fotógrafa e tinha uma loja de produtos de crochê.
Maria Tsalla deixou o país no começo deste ano. Em janeiro, ela disse ao namorado que iria passar alguns dias em sua terra natal para tratar de assuntos familiares. Nunca mais voltou. De acordo com o canal de televisão grego SKAI, os serviços secretos russos a chamaram de volta, assim como seu verdadeiro marido “brasileiro”.
O namorado grego de Maria Tsalla também descobriu, nesta semana, que a espiã russa seria casada com um homem que vivia no Rio de Janeiro. Ele foi identificado como sendo o austro-brasileiro Gerahrd Daniel Campos Wittich.
Daniel Campos tem endereço na cidade do Rio e, segundo o The Times, também usava identidade falsa. Na capital fluminense, ele possui uma empresa de impressão 3D registrada em seu nome. O GLOBO entrou em contato com o estabelecimento nesta terça por duas vezes, mas os funcionários não quiseram se manifestar.
Em uma postagem do dia 16 de janeiro, em grupo no Facebook de mochileiros na Malásia, uma brasileira pede ajuda para localizar o homem, que estaria desaparecido desde o dia 9 daquele mês. Ela diz, na postagem, que Daniel Campos estava sem contato com a família e que a Embaixada do Brasil na Malásia já havia sido acionada. Desde, então, não é possível encontrar outras referências sobre o homem nas redes.
Procurado pelo GLOBO, o Itamaraty e a Polícia Federal não se manifestaram. A reportagem também pediu um posicionamento para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre a possível presença de um espião russo no pais. A Abin respondeu que não irá comentar o assunto.
As Embaixadas da Rússia e da Áustria também foram procuradas e não responderam até o momento da publicação desta reportagem.
Mulher apontada como espiã russa visitou o Brasil e esteve no Rio e em Ouro Preto
Serviço de inteligência grego diz que Maria Tsalla, cujo nome verdadeiro seria Irina Smiereva, alegou ter origens brasileiras; ela também teria mantido um relacionamento com um outro agente, que atuava no Brasil
Por Alfredo Mergulhão e Paulo Assad — Rio de Janeiro
O Globo Portal
24/03/2023 15h59 Atualizado 24/03/2023
Publicações nas redes sociais mostram a passagem de Maria Tsalla, apontada pelos serviços de inteligência gregos como a espiã russa Irina Alexandrovna Smireva, pelo território brasileiro. Em seu perfil no Instagram é possível encontrar fotos tiradas pela mulher em ruas da cidade do Rio de Janeiro, Arraial do Cabo, Petrópolis e Ouro Preto (MG), datadas de 2019.
Irina Alexandrovna Smireva assumiu a identidade de Maria Tsalla cerca de um ano antes das fotos serem tiradas, segundo informações divulgadas pela Serviço Nacional de Inteligência da Grécia (EYP). Em 2018, Tsalla, que se identificava como fotógrafa nas redes sociais, passou a morar em Atenas, onde abriu uma loja de crochê. Aos amigos, ela dizia ter “origens brasileiras” e ter optado por morar na Grécia após vender seus bens no Brasil, segundo o jornal Kathimerini.
Tsalla deixou a Grécia em janeiro deste ano, pouco antes de sua identidade ser descoberta pelas autoridades do país. No tempo em que viveu no país europeu, levou uma vida pacata e chegou a ter uma namorado grego, que disse ter ficado “chocado” ao descobrir a identidade da parceira.
Em janeiro, ela disse a conhecidos que tiraria férias e iria passar alguns dias fora do país para tratar de assuntos familiares. Nunca mais voltou.
Espião no Brasil
O namorado grego de Maria Tsalla também descobriu, nesta semana, que a espiã russa seria casada com um homem que vivia no Rio de Janeiro, que seria também um outro agente russo. Ele foi identificado como sendo o austro-brasileiro Gerhard Daniel Campos Wittich.
Daniel Campos tem endereço na cidade do Rio e, segundo o The Times, também usava identidade falsa. Na capital fluminense, ele possui uma empresa de impressão 3D registrada em seu nome. O GLOBO entrou em contato com o estabelecimento nesta terça por duas vezes, mas os funcionários não quiseram se manifestar.
Em uma postagem do dia 16 de janeiro, em grupo no Facebook de mochileiros na Malásia, uma brasileira pede ajuda para localizar o homem, que estaria desaparecido desde o dia 9 daquele mês. Ela diz, na postagem, que Daniel Campos estava sem contato com a família e que a Embaixada do Brasil na Malásia já havia sido acionada. Desde, então, não é possível encontrar outras referências sobre o homem nas redes.
Procurado pelo GLOBO, o Itamaraty e a Polícia Federal não se manifestaram. A reportagem também pediu um posicionamento para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre a possível presença de um espião russo no pais. A Abin respondeu que não irá comentar o assunto.
As Embaixadas da Rússia e da Aústria também foram procuradas e não responderam até o momento da publicação desta reportagem.