- A Águas Azuis, Sociedade de Propósito Específico (SPE) estabelecida entre a thyssenkrupp Marine Systems, a Embraer Defesa & Segurança e a Atech, é responsável pela construção das fragatas Classe Tamandaré para a Marinha do Brasil
- As atividades de construção da primeira fragata já foram iniciadas na thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul, em Santa Catarina
- A construção de embarcações sem desenhos impressos é uma iniciativa inédita na indústria naval sul-americana
A thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul é palco do mais inovador projeto naval já desenvolvido no país: a construção das fragatas Classe Tamandaré para a Marinha do Brasil. Serão quatro embarcações de defesa, equipadas com as mais avançadas tecnologias existentes.
O que quase ninguém sabe é que a inovação do projeto não se resume às tecnologias e os sistemas que estarão presentes nas embarcações. A forma como ele é concebida é inédita na indústria naval sul-americana. Historicamente, projetos desse porte são desenvolvidos a partir de uma grande quantidade de documentos impressos: são desenhos, procedimentos e manuais que demandam muitas cópias e atualizações recorrentes.
Um cenário que transcende o benefício ao meio ambiente. A digitalização de uma linha produtiva tem como foco a segurança das informações contidas nos documentos devido à confidencialidade exigida em um projeto militar. Diante desse desafio, o estaleiro, com o apoio da matriz da thyssenkrupp Marine Systems na Alemanha, implementou uma metodologia para projetos de engenharia batizada de “Paperless”, que consiste em eliminar o uso de desenhos em papel na linha de produção das fragatas, digitalizando e preparando o estaleiro para ser referência em implementação tecnológica.
Para que tudo funcione, foram instalados mais de 20 totens com computadores na área de produção do estaleiro – até o fim do ano serão 40 – e cerca de 25 tablets. Nesses equipamentos, os trabalhadores envolvidos no projeto conseguem acessar os sistemas, desenhos no formato 2D e 3D, check-lists, procedimentos e manuais, tudo sempre atualizado em tempo real pelo time de engenharia do Brasil e da Alemanha. Por meio desta transformação digital, os processos diários como o apontamento de mão de obra, solicitação interna de consumíveis, rastreabilidade de chapas, perfis, tubulações e verificação da qualidade são otimizados.
A próxima etapa é ainda mais inovadora: a utilização da realidade aumentada. Por meio de óculos com essa tecnologia, será possível sobrepor hologramas à peça física, conferindo posicionamento de montagem, interferência entre setores, layout dos compartimentos, além de efetuar a verificação da qualidade. Isso pode ser feito por profissionais in loco ou até mesmo por especialistas da thyssenkrupp na Alemanha.
“A entrega de um produto tecnológico começa em sua produção. Esses investimentos em inovação irão garantir a entrega das fragatas com os mais elevados padrões de qualidade e excelência, dentro dos prazos estabelecidos em conjunto com a EMGEPRON e a Marinha do Brasil”, explica Fernando Queiroz, CEO da Águas Azuis. O líder de produção do estaleiro, João Aldo Filho Hofmann, destacou que a maquete do primeiro navio, apresentada em junho deste ano, já foi construída 100% paperlesss, ou seja, sem a impressão de desenhos em papel.
O projeto é liderado pela engenheira naval Letícia Bodanese, que trabalha há dois anos na thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul. Ela conta que o principal desafio em projetos inovadores como o paperless é cultural. “As pessoas, naturalmente, tendem a resistir ao processo de mudança. Mas após uma etapa de conscientização, aprendem a trabalhar no novo cenário e contribuem com o processo, incorporando as mudanças em seus hábitos, contribuindo para o desenvolvimento pessoal de cada colaborador e o desenvolvimento da empresa”, explica a engenheira. Para ela, o fato de o conceito ter sido introduzido desde o início do projeto de construção das Fragatas Classe Tamandaré também foi um fator de sucesso para a iniciativa.
Adquirido pela thyssenkrupp em 2020, o Estaleiro Brasil Sul é um dos mais modernos do Brasil. Localizado em região com forte vocação naval, em uma área de 310.000 m², tem grande capacidade de construção e aplica os mais inovadores processos de produção com alto nível de automação e tecnologia de ponta. Nos últimos anos, já entregou grandes embarcações, como por exemplo, navios para operações offshore de, aproximadamente, 90 metros de comprimento e 19 metros de boca.
Conheça as empresas por trás da construção das fragatas Classe Tamandaré
As empresas integrantes da SPE Águas Azuis possuem um sólido e longo histórico de relacionamento com o Brasil, além de forte presença em vários outros países. Líder da parceria, a thyssenkrupp Marine Systems, empresa do Grupo thyssenkrupp, é um dos fornecedores líderes mundiais de sistemas para submarinos e embarcações de superfície naval, bem como tecnologias de segurança marítima com histórico secular de construção naval. A Embraer Defesa & Segurança, unidade de negócio da Embraer, está presente em mais de 60 países e é líder na indústria aeroespacial e de defesa na América Latina. A Atech, subsidiária da Embraer, desenvolve soluções inovadoras para controle de tráfego aéreo, sistemas de comando e controle, segurança cibernética, sistemas de instrumentação e controle, sistemas embarcados e simuladores. A aliança naval entre a thyssenkrupp Marine Systems e o Grupo Embraer também estabelece bases para a exportação de produtos de defesa naval a partir do Brasil.
A thyssenkrupp está fornecendo a tecnologia naval de sua comprovada plataforma de construção de navios de defesa da Classe MEKO®, já utilizada em 82 embarcações em operação em Marinhas de 15 países, entre eles Portugal, Grécia, Austrália, Argentina e Argélia. O conceito exclusivo MEKO® de design modular facilita a integração local e a transferência de tecnologia, ajudando a reduzir os custos de manutenção e modernização. Combinando tecnologia de ponta, inovação e capacidades robustas de combate, a Classe MEKO® é um autêntico navio-escolta para águas azuis com qualidades excepcionais de autonomia e robustez.
A Embraer é responsável por integrar sensores e armamentos ao Sistema de Gerenciamento de Combate (CMS), incorporando ao programa seus 50 anos de experiência em soluções de tecnologia de sistemas e suporte em serviço. Já a Atech supervisiona o desenvolvimento do CMS, o Enlace de Dados Tático e as atividades de Integração e Testes do CMS em parceria com a ATLAS ELEKTRONIK, subsidiária da thyssenkrupp Marine Systems, e do Sistema Integrado de Gerenciamento da Plataforma (IPMS), em parceria com a L3Harris. Além disso, participa, em conjunto com a EMGEPRON e a Marinha do Brasil, do processo de transferência de tecnologia desses sistemas, atividade que tem como objetivo o recebimento, pelo Brasil, de conhecimento necessário ao desenvolvimento e à manutenção dos sistemas embarcados, capazes de gerenciar a operação das Fragatas Tamandaré por meio do monitoramento e controle dos seus diversos sistemas integrados.
Sobre a thyssenkrupp
A thyssenkrupp é um grupo internacional de empresas que compreende negócios industriais e de tecnologia independentes e emprega cerca de 96.000 pessoas em 48 países. No ano fiscal 2021/2022 registrou um faturamento de €41 bilhões. Suas atividades comerciais foram agrupadas em seis segmentos: Materials Services, Industrial Components, Automotive Technology, Steel Europe, Marine Systems, e Multi Tracks. Os negócios desenvolvem soluções sustentáveis para os desafios do futuro com base em um amplo know-how tecnológico. Cerca de 3.600 colaboradores trabalham em pesquisa e desenvolvimento em 75 localidades em todo o mundo, principalmente nas áreas de proteção climática, transição energética, transformação digital na indústria e mobilidade do futuro. O grupo thyssenkrupp possui atualmente um portfólio de aproximadamente 17.370 patentes. Sob a marca guarda-chuva thyssenkrupp, o grupo cria valor de longo prazo com produtos, tecnologias e serviços inovadores e ajuda a tornar a vida melhor para as gerações futuras. Para isso, a empresa persegue metas ambiciosas de proteção climática e otimiza sua própria eficiência energética e climática. Ao mesmo tempo, usa suas diversas habilidades ao longo das cadeias de valor relevantes para desempenhar um papel significativo na promoção da transformação verde de seus clientes.
Na América do Sul, as atividades da empresa remontam ao ano de 1837, empregando atualmente cerca de 3.700 colaboradores na região nos segmentos automotivo, energia, química e defesa naval. Na América do Sul, a empresa contabilizou durante o ano fiscal 2021/2022 um faturamento equivalente a R$ 5,2 bilhões.