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Ofensiva russa na Ucrânia mantém país às escuras e atinge prédio residencial em Dnipro

(RFI) O balanço de vítimas de um ataque com míssil russo que atingiu neste sábado (14) um edifício residencial em Dnipro, no leste da Ucrânia, subiu para 23 mortos e ao menos 73 feridos. Equipes de resgate trabalham no local neste domingo (15) em busca de sobreviventes bloqueados sob os escombros do prédio, que desabou parcialmente. As autoridades declararam três dias de luto oficial pelas mortes. 

A Rússia atacou no sábado (14) infraestruturas energéticas e bairros residenciais em várias regiões da Ucrânia. O Estado-Maior ucraniano informou que Moscou disparou 57 mísseis e efetuou 69 bombardeios por meio de lança-morteiros, acrescentando que 26 projéteis foram interceptados.

Quase todo o país passou a noite e a madrugada no escuro. Em Kiev, Kharkiv e Lviv, houve cortes de energia por causa dos danos às instalações.

As imagens provenientes de Dnipro são particularmente dramáticas. Um míssil disparado pela Rússia atingiu um prédio residencial de oito andares que era ocupado pelos moradores. A explosão produziu estilhaços e dejetos fumegantes que caíram em imóveis vizinhos no bairro. O governador da região de Dnipropetrovsk, Valentyn Reznitchenko, disse que ao todo 72 apartamentos foram destruídos e outros 230 danificados pela explosão do armamento.

As equipes de resgate trabalham no local, já que 35 pessoas continuavam desaparecidas na tarde de domingo, de acordo com familiares que acompanham a remoção dos escombros. Quarenta pessoas foram hospitalizadas após o ataque, das quais quatro recebem cuidados intensivos. Entre os mortos, há uma adolescente de 15 anos. 

Em um comunicado divulgado neste domingo, o Ministério da Defesa russo confirmou ter lançado no sábado uma série de mísseis contra o Exército ucraniano e infraestruturas do país, “atingindo todos os objetivos”, sem mencionar o ataque a Dnipro. 

Uma porta-voz do Comando Sul ucraniano, Natalia Houmeniuk, disse a um canal de TV local que a Rússia tinha disparado apenas a metade dos mísseis de cruzeiro que enviou ao Mar Negro. “Isto mostra que eles ainda estão preparando algo”, disse ela.

Alemanha sob pressão

Quase um ano depois do início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022, e sem conseguir as vitórias militares que esperava, a Rússia tem bombardeado sistematicamente as infraestruturas ucranianas – centrais elétricas e a rede de distribuição de água potável, particularmente na região de Kiev. As autoridades ucranianas alertaram a população que haverá cortes de luz nos próximos dias. Milhares de pessoas estão sem aquecimento doméstico em pleno inverno, enfrentando temperaturas negativas. 

Em sua mensagem de vídeo noturna diária, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fez um novo apelo aos aliados ocidentais, no sábado, para fornecer mais armas a seu país.

Os ministros da Defesa de países aliados da Ucrânia devem se reunir na próxima sexta-feira na base militar de Ramstein, na Alemanha, para detalhar e coordenar o embarque de novos equipamentos militares.

A França já anunciou em 4 de janeiro que forneceria à Ucrânia tanques leves de combate do modelo AMX-10 RC. Ontem, o Reino Unido informou que enviará, nas próximas semanas, 14 tanques pesados Challenger 2 para ajudar o Exército ucraniano a combater as forças russas. 

O governo alemão anunciou no início de janeiro que iria abastecer a Ucrânia com cerca de 40 veículos de combate de infantaria Marder até o final do primeiro trimestre. Mas Berlim parece relutante em entregar veículos pesados, como os tanques Leopard 2, embora o Ministro da Economia, Robert Habeck, tenha dito neste fim de semana que não descarta esta opção. 

Porém, em uma entrevista ao jornal Bild, o presidente do grupo alemão de armamentos Rheinmetall disse que se Berlim decidisse fornercer modelos Leopard 2 à Ucrânia, a entrega só poderia ocorrer em 2024, devido às adaptações industriais necessárias à produção. 

Moscou tem advertido que o fornecimento de tanques pesados à Ucrânia marcaria uma nova e perigosa escalada do conflito, que já deixou milhares de mortos, milhões de desabrigados e refugiados, além de ter reduzido cidades ucranianas a ruínas.

À espera de uma contraofensiva

Analistas consideram que sem o apoio da Europa e dos Estados Unidos, a Ucrânia não conseguirá defender seu território da Rússia. Muitos temem que a entrega de armamentos ocidentais chegue tarde, uma vez que Moscou já prepara uma contraofensiva para o final do inverno e pode, inclusive, iniciar uma nova campanha de recrutamento de combatentes.

No Donbass, um porta-voz do Comando Leste do Exército ucraniano, Serhiy Cherevaty, disse à televisão ucraniana que as forças russas tinham bombardeado a área de Soledar e Bakhmut 234 vezes nas últimas 24 horas. Atualmente, os combates terrestres estão concentrados nesta área.

No sábado, autoridades ucranianas desmentiram a alegada conquista de Soledar, onde acontecem batalhas de rua. Soldados russos são respaldados por mercenários do grupo Wagner, que atuam para Moscou. “Nossos soldados estão constantemente repelindo ataques inimigos, dia e noite”, declarou a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar.

Em entrevista ao canal de televisão Rossiya 1, neste domingo, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que o que ele qualifica de “operação militar especial na Ucrânia” atravessa uma “dinâmica positiva”, acrescentando que tudo acontece de acordo com os planos do Ministério da Defesa e do Estado-Maior russo. 

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