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Ucrânia diz resistir apesar de batalhas intensas em Soledar

(Reuters) – A Ucrânia disse nesta quinta-feira que suas tropas ainda resistem apesar dos combates intensos em um campo de batalha coberto de corpos na cidade de Soledar, no leste ucraniano, onde mercenários russos têm reivindicado a primeira vitória significativa de Moscou em seis meses.

O grupo mercenário ultranacionalista da Rússia Wagner –dirigido por um aliado do presidente russo, Vladimir Putin, fora da cadeia habitual de comando militar–, afirma ter capturado a cidade de mineração de sal Soledar após dias de combates intensos que a deixaram repleta de mortos ucranianos.

Até agora Moscou tem evitado proclamar vitória no local. A Ucrânia reconheceu os avanços russos, mas disse nesta quinta-feira que sua própria guarnição não havia se retirado.”A luta é feroz”, disse a vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Malyar, em um briefing nesta quinta-feira, acrescentando que os russos estão “se movendo sobre seus próprios cadáveres”.

A Reuters não conseguiu verificar de forma independente a situação em Soledar.

Malyar disse que a Rússia ampliou o número de unidades militares na Ucrânia de 250 para 280 na semana passada, enquanto busca ganhar a iniciativa estratégica.

Observadores do Kremlin tentam digerir a mais recente mudança de liderança no campo de batalha pela Rússia, um dia depois que Valery Gerasimov, chefe do estado-maior do Exército, recebeu de surpresa o comando direto da invasão. O comandante anterior, Sergei Surovikin, foi efetivamente rebaixado e se tornou um dos três assessores de Gerasimov.

Moscou explicou a decisão –pelo menos a terceira mudança abrupta de comando no conflito que já dura 11 meses– como uma resposta à crescente importância da campanha.

Comentaristas russos e ocidentais veem as medidas como tentativas de transferir a culpa por meses de reveses que fizeram a Rússia perder cerca de 40% do território conquistado desde fevereiro.

Se a Rússia conseguir capturar Soledar, será o maior ganho de Moscou desde uma série de recuos humilhantes no segundo semestre de 2022. Mas especialistas militares dizem que o custo tem sido desproporcional, após batalhas intensas abarrotarem a lama com corpos.

Soledar tinha pouco mais de 10.000 habitantes antes da guerra, e a Rússia não tem sucedido em suas repetidas tentativas de capturar a cidade vizinha de Bakhmut, que é dez vezes maior e bem mais importante.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, zombou da noção de que os ganhos da Rússia representam uma vitória importante.

“Agora, o Estado terrorista e seus propagandistas estão tentando fingir que alguma parte da nossa cidade de Soledar –uma cidade que foi quase completamente destruída pelos ocupantes– é supostamente algum tipo de conquista da Rússia”, disse ele em um discurso transmitido durante a noite.

Rússia nomeia maior autoridade militar para supervisionar operação na Ucrânia

O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, nomeou o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov, nesta quarta-feira, para supervisionar a campanha militar na Ucrânia, na mais recente reformulação da liderança militar de Moscou.

Gerasimov, como Shoigu, enfrentou duras críticas dos blogueiros militares da Rússia por vários contratempos no campo de batalha e pelo fracasso de Moscou em garantir a vitória em uma campanha que o Kremlin esperava levar pouco tempo.

Em um comunicado, o Ministério da Defesa disse que Shoigu havia nomeado Gerasimov como comandante do grupo de forças combinadas para a “operação militar especial” na Ucrânia. É a posição mais importante entre os generais do campo de batalha da Rússia.

Em outubro passado, a Rússia colocou Sergey Surovikin, apelidado de “General Armageddon” pela imprensa russa por sua suposta crueldade, no comando geral das operações na Ucrânia após uma série de contraofensivas das forças ucranianas que mudaram o rumo do conflito.

Surovikin agora permanecerá como vice de Gerasimov, disse o Ministério da Defesa.

As mudanças são projetadas para aumentar a eficácia das operações militares na Ucrânia, disse o ministério, mais de 10 meses depois do início uma campanha na qual dezenas de milhares de soldados de ambos os lados, bem como civis ucranianos, foram mortos.

“O aumento do nível da chefia da operação militar especial está relacionado com o alargamento da escala de tarefas… gestão das forças russas”, disse o comunicado do ministério.

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