Fenômenos meteorológicos cada vez mais extremos, alimentados pelas mudanças climáticas
causaram um aumento nos desastres naturais nos últimos 50 anos. As informações são da
Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgadas no relatório de 2021 realizado em
conjunto com o Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR).
Intitulado “Atlas de Mortalidade e Perdas Econômicas de Extremos de Tempo, Clima e Água”, o
documento da OMM mostra que, de 1970 a 2019, os desastres naturais equivaleram a 50% de
todos os desastres, 45% de todas as mortes reportadas no período e 74% de todas as perdas
econômicas.
No Brasil, em diversos períodos, muitas metrópoles também sofrem as consequências das
tempestades. No norte da Região a estação chuvosa principal é de março a maio, no sul e
sudeste as chuvas ocorrem principalmente durante o período de dezembro a fevereiro e no
leste a estação chuvosa é de maio a julho.
Em São José dos Campos interior de São Paulo, uma tecnologia denominada de Radar
Meteorológico RMT 0200 vem desempenhando um papel importantíssimo para a prevenção
de catástrofes.
Desenvolvido e produzido pela empresa IACIT Soluções Tecnológicas S.A, o Radar RMT 0200 de
dupla polarização em estado sólido é um sistema de última geração e o único no Brasil a
empregar tal tecnologia para a detecção de fenômenos meteorológicos a longas distâncias,
sendo possível monitorar um raio de até 400 quilômetros, com a previsão de fenômenos
intensos que possam provocar desastres naturais. Possui transceptor baseado na tecnologia de
Rádio Definido por Software (SDR) e utiliza a técnica de modulação não linear (NLFM).
Os instrumentos que estão instalados (como no caso de estações meteorológicas, ou
pluviômetros) eles apontam a quantidade de precipitação que aconteceu, dentre outras
variáveis. O Radar Meteorológico (como no caso o RMT), ele proporciona o operador a fazer
acompanhamento da célula de chuva, antes mesmo que ela precipite, explica a meteorologista
da IACIT, Raniele Pinheiro.
As informações do radar, agregadas a informações de pluviômetros, estações hidrológicas e
sensores geotécnicos, além de outros instrumentos instalados em áreas de risco, auxiliam no
monitoramento das regiões do Vale do Paraíba, Litoral Norte, regiões metropolitanas de São
Paulo e de Campinas e algumas cidades do sul fluminense e mineiro.
Com área de cobertura de 400 quilômetros de raio, as informações geradas pelo radar,
combinadas a outras fontes de dados, permitem que o Cemaden aumente a capacidade de
prevenção de desastres e emita alertas antecipados para os municípios.
A tecnologia avançada do Radar Meteorológico RMT 0200, fabricado pela IACIT, traz como
possibilidades a aplicação deste sistema em outras áreas como, dar suporte ao controle de
tráfego aérea, colaborar com a agricultura, contribuir com a autonomia tecnológica nacional e
salvaguardar vidas.
“O produto também encontra aplicação no controle e gerenciamento de tráfego aéreo. Ele
apoia, por exemplo, o controlador de voo na sugestão de desvio de rota de uma aeronave e no
gerenciamento do fluxo. Se tem um sistema em formação em uma determinada área, ele pode
redirecionar o fluxo e, portanto, mitigar risco para a aeronave”, diz o diretor de Marketing e
Vendas da IACIT, Gustavo Hissi.
Segundo Gustavo, o Radar pode ainda ser utilizado na agricultura. “Quando se aplica um
defensivo, ele precisa de um tempo para agir. Se chove logo em seguida, perde-se um grande
investimento, visto que a aplicação de defensivos tem um alto custo. O radar pode ser
aplicado em pesquisas também, apoiando a comunidade científica no entendimento dos
fenômenos atmosféricos.”, exemplificou o diretor da IACIT.
Gustavo também destacou as oportunidades no mercado exterior. “A IACIT tem uma atuação
forte no mercado internacional, olhando principalmente para os mercados da América Latina,
África e Ásia, onde o emprego do radar meteorológico tem uma aderência muito grande”.
O Radar RMT 200 está instalado no Parque Tecnológico de São José dos Campos, na sede do
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de
pesquisa subordinada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).