Sob a chuva fina que caiu no final da tarde do último sábado (30 de março) o Major-Brigadeiro José Rebelo Meira de Vasconcelos foi sepultado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. O herói da aviação de caça na Segunda Guerra Mundial faleceu na manhã do dia 30 de março.
O velório do Major-Brigadeiro Meira reuniu diferentes gerações de pilotos de caça, militares, parentes e amigos no Terceiro Comando Aéreo Regional (III COMAR). O Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito, acompanhado de membros do Alto Comando, prestigiou a despedida ao ex-combatente. “De eterno, o seu legado de inconteste amor à Força Aérea Brasileira e sua sublime devoção à aviação de caça permanecerão, carinhosamente, guardados em nossos corações, como uma poderosa centelha a alimentar nossos ideais de absoluto amor à Pátria. Hoje, a despeito da imensurável dor sentida por todos os aqui presentes, fica o modelo deste aguerrido homem dos céus, imortalizado na história do nosso glorioso País”, afirmou o Tenente-Brigadeiro Saito, em mensagem proferida durante o velório.
No hangar do III COMAR, companheiros do Grupo de Aviação de Caça relembraram histórias do heroi da Força Aérea Brasileira (FAB). O Capitão Osias Machado da Silva conheceu o então Segundo-Tenente Meira no Panamá, em 1944, quando o 1° Grupo de Aviação de Caça (1° GAVCA) realizava a transição entre as aeronaves T-6 e P-40. “Não tínhamos piloto de caça no Brasil, e fomos ao Panamá em fevereiro de 1944 para fazer a formação desses pilotos. O Tenente Meira tinha o jeito e a aparência de um garoto, era muito inteligente e excelente piloto”, contou o Capitão Osias, que foi para o Panamá como Soldado de Primeira Classe. A amizade durou uma vida toda e, na noite anterior ao falecimento, o Major-Brigadeiro Meira conversou com o amigo. “Recebi uma mensagem de que ele queria falar comigo e telefonei para ele no hospital, ele estava bastante tranquilo e conversamos como sempre fazíamos”, relembrou o Capitão.
Para Ariston Andrade, que integrou o GAVCA como Soldado no Panamá, o Major-Brigadeiro Meira se destacava pelo trato com os demais militares. “Ele tinha uma excepcional capacidade de relacionamento humano. O Meirinha dava atenção a todos, e tinha uma atenção especial com os Soldados”, observou.
A amizade do Major João Rodrigues Filho com o Major-Brigadeiro Meira também teve início no Panamá e atravessou mais de sessenta anos. “Eu era Terceiro Sargento, trabalhava na manutenção das aeronaves. Lembro que, logo no início do treinamento com o P-40 houve um acidente e um Aspirante morreu. O Meira ficou profundamente chocado, lembro de vê-lo chorar desolado a morte do colega”, afirmou o Major João que viu o amigo pela última vez no início de março, no almoço realizado mensalmente pelos ex-combatentes da caça.
Para as gerações mais novas, o Major-Brigadeiro Meira é fonte de inspiração. “A maneira entusiasmada como ele falava da aviação naturalmente faziam dele um espelho para qualquer aviador com quem tivesse contato”, afirmou a Primeiro-Tenente Aviadora Carla Borges, integrante do Primeiro Esquadrão do Décimo Sexto Grupo de Aviação (1°/16° GAV), Esquadrão Adelphi, que teve contato com o Major Brigadeiro Meira em inúmeras solenidades da Caça na Base Aérea de Santa Cruz (BASC)