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Aliança do Pacífico quer ampliar comércio com Ásia e rivalizar com Mercosul

Bloco formado por Chile, Peru, Colômbia e México quer tarifa zero de exportação para todos os produtos nos próximos cinco anos e ser plataforma para negócios com a Ásia. Europeus também demonstram interesse.

A Aliança do Pacífico, zona de livre comércio lançada em junho de 2012 por Chile, Peru, Colômbia e México, quer liberar 90% dos produtos de qualquer tipo de tarifa até 31 de março e dar, assim, o pontapé inicial para o início do comércio entre seus membros. A Aliança pretende, ainda, estabelecer tarifa zero para todos os produtos nos próximos cinco anos.

Por ser tão liberal, o novo bloco econômico já desperta a atenção da Europa e dos Estados Unidos. Ele tem por objetivos, ainda, ampliar o comércio com a Ásia e rivalizar com o Mercosul – bloco que até hoje não conseguiu fechar um acordo de livre comércio com a União Europeia.

A Aliança do Pacífico já nasce como força regional: os quatro países-membros somam 206 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 2 trilhões de dólares – o que representa cerca de 35% de toda a riqueza da América Latina e mais de 55% das exportações da região.
 

Os membros da Aliança se destacam pelo crescimento econômico acima da média latino-americana, estimada em 3,1% anuais. Peru (6,3%), Chile (5,5%), Colômbia (4,8%) e México (3,5%) turbinam suas economias na esteira do comércio com a Ásia e, principalmente, com a exportação de commodities para a China. Por outro lado, os países da Aliança precisam de produtos com maior valor agregado – combinação que poderá ser de sucesso.

"O objetivo não é conter o avanço chinês, mas se unir para negociar melhor e eventualmente atrair investimentos desse país para a região e vice-versa", afirma Pedro Paulo Zahluth Bastos, professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

As economias dos quatro membros estão entre as mais liberalizadas do mundo. O Chile, por exemplo, tem 22 acordos comerciais com 60 países e regiões, entre os quais União Europeia, Estados Unidos, China, Canadá, Japão e Coreia do Sul. Por sua vez, o México possui 12 acordos com o total de 44 países e regiões.

A Colômbia e o México são os membros que mais se beneficiariam com a integração. Os colombianos possuem tratados de livre comércio com Estados Unidos, Canadá e China, e podem levar seus produtos a esses mercados com preços melhores do que os dos países do Mercosul.

Interesse europeu

Enquanto as negociações entre Mercosul e União Europeia para a criação de uma área de livre comércio estão emperradas, os países europeus já demonstram interesse especial pela Aliança do Pacífico – cujos Estados-membros contam atualmente com governos neoliberais, com exceção do Peru.

"A União Europeia se interessa por um bloco que se inicia agora, que tem uma estrutura mais leve e que não tem maiores ambições. Mas tudo indica ser um projeto de integração que vai andar de forma mais ágil do que o Mercosul", frisou Evaldo Alves, coordenador do curso de negócios internacionais e comércio exterior da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A Espanha, por exemplo, já sinalizou a possibilidade de participar do bloco como membro observador. Como antiga potência colonial e com estreitos laços culturais e econômicos com a região latino-americana, o país ibérico, que no momento se recupera de forte crise econômica, vê a aliança comercial como uma porta de entrada para a região da Ásia-Pacífico.

Mas também de olho na concorrência com a Aliança, representantes dos países do Mercosul iniciaram em março as discussões técnicas para realizar uma oferta de liberalização comercial com a União Europeia. A proposta deverá ser apresentada para os europeus até o final deste ano.

A área da agricultura continua sendo a principal barreira para fechar o acordo, já que os sul-americanos reclamam que os governos europeus dão subsídios aos próprios produtores, tornando a concorrência desigual.

Aliança do Pacífico versus Mercosul

A Aliança do Pacífico, por se tratar de uma zona de livre comércio, deve ter mais sucesso do que vários projetos de integração, como a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e, até mesmo, o Mercosul, que é um projeto mais sofisticado e com gestão mais complexa.

"A Aliança é menos ambiciosa, pois não contempla a parte política, como por exemplo, um parlamento. O Mercosul tem como modelo a União Europeia, e a Aliança, o Nafta. São formações e objetivos diferentes. A Aliança só objetiva trocas comerciais", afirmou Virgílio Arraes, professor de História Contemporânea da Universidade de Brasília (UnB).

Para os especialistas, o Mercosul tem cometido erros básicos, tais como suspender do bloco comercial o Paraguai, que se aproximou dos Estados Unidos, em termos comerciais. Dessa forma, o Mercosul precisa rapidamente reposicionar sua estratégia, senão irá se tornar um bloco econômico de menor relevância na América Latina.

 

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