A Argentina voltou a levar nesta terça-feira às Nações Unidas sua histórica reivindicação pelas Malvinas, ato no qual contou com o respaldo "unânime" da América Latina para exigir que o Reino Unido negocie a soberania das ilhas.
O chanceler argentino, Héctor Timerman, se reuniu com o secretário-geral da ONU para pedir novamente que exerça seus bons ofícios perante as autoridades britânicas. Após o encontro, ele disse que Ban Ki-moon confirmou que o Reino Unido já rejeitou a mediação oferecida.
"É lamentável que, havendo 40 resoluções da ONU para que os dois países negociem um acordo pacífico e definitivo sobre a soberania das ilhas, o Reino Unido tenha rejeitado", afirmou em entrevista coletiva o chefe da diplomacia argentina.
Ao término da reunião, e enquanto Timerman e seus colegas latino-americanos compareciam perante a imprensa, o escritório do porta-voz de Ban emitiu um breve comunicado no qual disse tomar nota do "forte respaldo regional" ao governo argentino e no qual reiterou seus bons ofícios "se as partes estão dispostas a aceitá-los".
Timerman esteve acompanhado na sua visita à ONU pelo chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, que foi ao encontro com Ban Ki-moon em representação da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac); de seu colega uruguaio, Luis Almagro, pelo Mercosul, e do vice-ministro das Relações Exteriores do Peru, José Beraún Aranibar, em nome da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
O representante do governo argentino voltou a repetir hoje que o referendo realizado nas ilhas em março "foi ilegal" e disse que "a ONU também não o reconhece" porque se trata de uma consulta organizada por uma potência colonizadora.
Por sua parte, o embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, lamentou que o ministro argentino e seus colegas da América Latina dediquem "tão pouco tempo" a falar sobre os moradores das ilhas e a "expressão legítima de seu direito à livre determinação e a escolher seu próprio destino".
Perguntado por uma possível mediação do papa Francisco, Timerman lembrou que a presidente argentina, Cristina Kirchner, já se reuniu com o santo padre e pediu sua intervenção. "Quando o papa Francisco era o cardeal (argentino) Jorge Mario Bergoglio já disse que as Malvinas eram argentinas", acrescentou o chanceler.
A Guerra das Malvinas começou em abril de 1982 com o desembarque de tropas argentinas no arquipélago e terminou em junho do mesmo ano com sua rendição perante as forças enviadas pelo Reino Unido, depois de um conflito no qual morreram 255 britânicos, três ilhéus e 649 argentinos.