Depois da troca do presidente, na última quinta-feira, a China está promovendo uma reforma na equipe do governo. Mas o economista Zhou Xiaochuan foi mantido como o presidente do Banco Popular da China, em um esforço para acelerar reformas baseadas no mercado, necessárias para sustentar o crescimento a longo prazo da segunda maior potência do mundo. Zhou é uma peça-chave da liberalização financeira chinesa, e sua manutenção no comando do banco central assegura a continuidade da política econômica e reforça o esforço de Pequim em colocar o crescimento em bases mais sustentáveis.
“Ao manter o senhor Zhou como presidente do banco central, os novos líderes sinalizam que endossam o que ele alcançou e desejam que a China continue as reformas financeiras”, disse Ting Lu, economista para a China do Bank of America-Merrill Lynch, em Hong Kong. Zhou, que assumiu o comando do BC chinês em 2002, tem liderado a flexibilização das taxas de juros e abolido o câmbio atrelado ao dólar norte-americano, um passo para tornar o iuane uma moeda global. O anúncio, que era bastante esperado, ocorreu no penúltimo dia da sessão anual do Parlamento chinês, o Congresso Nacional do Povo.
Não ficou claro por quanto tempo Zhou seguirá à frente da autoridade monetária. Ele é a pessoa que ficou por mais tempo à frente da instituição desde que a República da China foi criada, em 1949, e deverá se tornar um dos que, por mais tempo, serviu como presidente de um BC em todo o mundo.
A curto prazo, Zhou precisa controlar a inflação — que atingiu, em fevereiro, no acumulado em 12 meses, o pico em 10 meses — e manter a recuperação econômica nos trilhos. O índice de preços ao consumidor subiu 3,2% em fevereiro, na comparação anual, de acordo com dados do Departamento Nacional de Estatísticas da China. O resultado ficou acima das expectativas do mercado, que esperava alta de 3% no indicador. A produção industrial anual combinada em janeiro e fevereiro teve um avanço de apenas 9,9%, o menor desde outubro 2012, o ponto de partida da recente recuperação econômica do gigante asiático.
Nomeações
Das mudanças já confirmadas, o governo chinês nomeou oficialmente seus dois principais diplomatas e o ministro da Defesa ontem, como parte do novo governo do presidente Xi Jinping e do premiê Li Keqiang.
Yang Jiechi, embaixador em Washington de 2001 a 2005, deixa o cargo de ministro das Relações Exteriores para assumir o de conselheiro de Estado, responsável pela política externa. Em seu lugar entra Wang Yi, ex-embaixador da China no Japão. Ambos foram eleitos pelos delegados do Partido Comunista na sessão anual do Parlamento, em reunião no Grande Salão do Povo, em Pequim.
Chang Wanquan, que administrava o ambicioso programa espacial chinês, foi escolhido como ministro da Defesa. De passado humilde, ele tem defendido a modernização das Forças Armadas. É mais um testa de ferro que será o rosto do establishment militar chinês para o mundo exterior.