Relatório Otálvora: Pressão internacional pela entrada de Ajuda Humanitária à Venezuela


 EDGAR C. OTÁLVORA
@ecotalvora


A presença de Guaidó em Cúcuta, Colômbia, foi entendida como sua decisão de liderar a operação para tentar entrar nessa ajuda apesar da oposição do regime de Maduro.

Está programada a data de, 25FEV2019, para ocorrer em Bogotá, a décima primeira reunião ao nível dos ministros das Relações Exteriores do Grupo Lima. Embora os EUA não pertençam formalmente ao Grupo Lima, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, estará presente na reunião de Bogotá. O governo do Brasil será representado pelo vice-presidente General Hamilton Mourão e pelo chanceler Ernesto Araujo.
 
O objetivo da reunião é acertar novas ações de pressão sobre o governo de Nicolás Maduro. a partir dos resultados das operações de Ajuda Humanitária, que ocorreram, em 23FEV2019, partindo desde a Colômbia, o Brasil e a ilha de Curaçao.
O Grupo de Lima é formado pelos governos da Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai e Peru e Santa Lúcia.

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O dia 23 de fevereiro foi conceituado pelos líderes da aliança que apóia Juan Guaidó como um ponto de ruptura em sua luta contra o regime de Maduro. Nas últimas semanas, os EUA têm executado uma grande mobilização logística em adquirir e movimentar alimentos e suprimentos médicos para a cidade de Cucuta, na fronteira com a Venezuela, com apoio operacional do governo de Ivan Duque, também o governo brasileiro, com o apoio dos EUA organizou uma operação trazer ajuda humanitária do sul do país para o estado de Roraima, na fronteira com o estado de Bolívar, na Venezuela. 

O Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM) programou uma série de voos diretos de sua base no estado da Flórida transportando cargas de ajuda preparadas pela USAID diretamente para Cúcuta (Colômbia).

Como demonstração de apoio político internacional, em 22FEV2019, Iván Duque mudou-se para Cúcuta, juntamente com figuras políticas da Colômbia e da Venezuela. Dois vôos em aviões da Força Aérea Colombiana mobilizaram Duque e seus convidados, alguns dos quais haviam participado na noite anterior em um jantar no Palácio Presidencial Nariño. Secretário-Geral do Luis Almagro OEA, o representante diplomáticode  Juan Guaidó, em Bogotá, Humberto Calderón Berti, recebido, em 22FEV2019, com a categoria de embaixador para a Colômbia e os políticos venezuelanos como Julio Borges e Diego Arria faziam parte da lista de convidados de Duque, que foi acompanhado por sua vice-presidente Marta Lucía Ramirez.

No aeroporto Camilo Daza em Cúcuta, Duque recebeu os presidentes do Paraguai Mario Abdó Benítez e do chileno Sebastián Piñera, que viajaram com seus respectivos ministros das Relações Exteriores. O presidente do Brasil foi convidado a comparecer, mas ele preferiu enviar seu chanceler. Enquanto no lado colombiano da ponte ligando Cúcuta com Las Tienditas na Venezuela ocorreu o concerto "Venezuela Live Aid", organizado pelo britânico Richard Branson, no aeroporto Camilo Daza onde permaneceu Duque foi a recepção dos dignitários estrangeiros, aviões militares do Chile e dos EUA com novas remessas de ajuda e o enviado especial do Departamento de Estado para a Venezuela, Elliott Abrams. 

Enquanto isso, o jornal El Mundo, de Madri (provavelmente sem seus próprios editores o saberem) deu o furo em uma coluna de Cayetana Alvarez de Toledo escrita desde Cúcuta segundo a qual, Juan Guaidó tinha entrado na Colômbia. Poucas horas depois, Guaidó foi acompanhado por Duque, Abdó e Piñera até o palco onde o concerto já terminava. Guaidó, que deixou Caracas no dia anterior, conseguiu contornar os controles do governo de Maduro e estava em Cúcuta sob a proteção do governo colombiano com os líderes do Chile e do Paraguai como testemunhas.

Os acordos entre os enviados de Guaidó e os governos do Brasil e da Colômbia implicam que a responsabilidade pela entrada da ajuda humanitária no território venezuelano deve ser feita pelos venezuelanos. A presença de Guaidó, em Cúcuta, foi entendida como sua decisão de liderar a operação para tentar entrar nessa ajuda apesar da oposição do regime de Maduro.

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No final da tarde de 21FEV2019, o Secretário de Estado dos EUA. Mike Pompeo fez uma rápida visita a Nova York, que não estava em sua agenda oficial. O objetivo de sua viagem foi realizar uma reunião com o Secretário Geral da ONU, Antonio Guterres, solicitada pelo Departamento de Estado no início do dia. Segundo fontes oficiais, Pompeo levou duas questões a Guterres, a situação no Iêmen e a preocupação de Washington com as ameaças de Maduro de impedir violentamente a entrada da ajuda humanitária. Guterres prometeu transmitir essa mensagem ao chanceler de Maduro, Jorge Arreaza, com quem ele planejava se encontrar no dia seguinte.

Em entrevista Pompeo com Cristina Londoño ao Canal Telemundo, em 22FEV2019, o principal diplomata dos EUA disse que o "regime Maduro entende perfeitamente que os EUA estão comprometidos a apoiar o presidente Guaidó e a vontade popular do povo venezuelano e vamos ser duros com isso". A afirmação de Pompeo vem em meio a acusações dos governos da Rússia e Cuba, aliados Maduro sobre supostas preparações dos EUA para a ação militar na Venezuela. Enquanto isso, Jorge Arreaza de Nova York disse que planeja uma nova reunião com o enviado americano Elliott Abrams.

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No Palácio do Planalto, em Brasília, no final da tarde 22FEV2019, foi o local para uma reunião incomum dos chefes dos poderes públicos brasileiros. Presidente Jair Bolsonaro convidou o presidente do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, o presidente do Senado Davi Alcolumbre e Presidente da Câmara Rodrigo Maia para uma reunião em que também contou com a presença do vice-presidente Hamilton Mourão, o Chanceler Ernesto Araújo, Ministro da Defesa Fernando Azevedo e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional Gen Ex Augusto Heleno. 

O tema do encontro foi a ajuda humanitária brasileira à Venezuela. Bolsonaro confirmou aos presentes que seu governo não tinha planos de entrar no território venezuelano e provocar uma crise internacional. A ajuda humanitária fornecida pelo Brasil e pelos EUA seria transferida do território brasileiro pelos venezuelanos, conforme solicitado por Guaidó. Essas explicações também foram transmitidas ao alto comando militar. Só depois dessa reunião o porta-voz da presidência brasileira Otávio do Rêgo Barros informou sobre a operação de envio de alimentos e remédios para a fronteira com a Venezuela.

A presidência brasileira tem monitorado diretamente a situação em suas fronteiras com a Venezuela e durante a semana houve várias reuniões de Bolsonaro com seus ministros da área de defesa.

 
 

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