Iohannis Baptistae
(João Batista)
Analista Militar Especial para DefesaNet
A Rússia enviou dois bombardeiros estratégicos Tupolev Tu-160, da Aviação de longo curso (VKS), para a Venezuela. Há pouco sentido prático neste vôo, mas aqui podemos falar apenas sobre uma missão – uma demonstração. Para quem é a demonstração também é óbvio – claro, para os Estados Unidos. Uma espécie de resposta ao próximo envio de navios de guerra norte-americanos para o Mar Negro (depois de ações agressivas contra os navios da Marinha Ucraniana pelos russos).
Os dois bombardeiros estratégicos Tupolev Tu-160S/M1s (RF-94100 e RF-94102, compõem a frota de 16 aeronaves da Força Aérea Russa. Eles voaram 10.000km desde a base aérea de Engels a Caracas. A maior parte do voo ocorreu no Atlântico Norte, onde foram acompanhados por caças F-16 da Noruega.
O gesto é certamente ameaçador e midiático, mas não assustador: e assim fica claro que o uso prático das capacidades de combate dessas aeronaves não é o esperado. A Rússia não é capaz de organizar patrulhas na Costa Leste dos EUA como uma ameaça sistêmica, voos solitários serão mais irritantes do que assustadores. Ao contrário dos Estados Unidos, que é capaz de organizar de forma sistêmica as patrulhas do Mar Negro, observando estritamente a Convenção de Montreux (passagem dos estreitos do mar Negro).
Uma curiosidade é que os voos dos Tu-160 Blackjack para a Venezuela e América Central, ocorrem em exatos períodos e cinco anos entre cada voo. Ocorreram em 2008, em 2013 e agora em 2018.
Enquanto o isso o Kremlin está tentando manter um padrão, respondendo a todas as iniciativas consideradas hostis. O problema, como sempre, é que o aumento mútuo no grau ao longo do tempo (e muito rapidamente) levantará a questão de mudar para um novo nível qualitativo. Onde as ações de demonstração de projeção de poder viáveis se tornarem insuficientes. Mas, para subir o tom, a Rússia atualmente não tem possibilidades práticas.
A única coisa que realmente pode assustar em tais eventos é o nível intelectual da liderança russa, que simplesmente não consegue descobrir onde está o limite, a linha de fronteira onde vale a pena parar.
No caso da Venezuela a simples presença do Tu-160S/M1s produz o impacto midiático e afaga os aliados Bolivarianos parece ser o suficiente. A chegada dos Tu-160S/M1s no mesmo dia em que um governo hostil ao Blivariano do Nicolas Maduro, era diplomado (o Brasileiro Jair Bolsonaro), dá um conteúdo regional. Porém o Kremlin não é dado a ações tão explícitas assim.
Coube ao Secretário de Estado americano Mark Pompeo passar o recibo e valorizar a ação russa. Um jogo de cena.
#Russia's government has sent bombers halfway around the world to #Venezuela. The Russian and Venezuelan people should see this for what it is: two corrupt governments squandering public funds, and squelching liberty and freedom while their people suffer. pic.twitter.com/bCBGbGtaHT
— Secretary Pompeo (@SecPompeo) 11 de dezembro de 2018
Mesmo em ruas escuras, não é costume retirar uma faca por qualquer motivo e balançá-la para a direita e para a esquerda. Você sempre pode encontrar um homem que calmamente sacará uma pistola – e então o valentão com uma faca terá que retroceder e esconder sua pequena faca, ou participar de um combate no qual ele simplesmente não terá chance.
O problema está apenas na adequação da liderança do Kremlin – muitas vezes, e sem razão, começa a manusear uma faca, e que pode acabar sem uso. Para eles é lamentável – mas isso não importa, não sinto muito.
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O repórter do Canal de TV Militar russo TV Zveda fala emocionado quando o Fupolev TU-160S/M1s toca a pista do aeroporto de Maiquetia, em Caracas, Venezuela.