Venezuela lidera compra de armas na América do Sul

Jamil Chade

A Venezuela é o país sul-americano que mais gastou com armas na última década. Os dados divulgados ontem pelo Instituto Internacional de Pesquisa sobre a Paz (SIPRI), com sede em Estocolmo, mostram que o arsenal do regime chavista vem basicamente de dois países: China e Rússia.

Mesmo em meio à crise econômica, os gastos militares venezuelanos superam os de Iraque e Afeganistão. Segundo o Sipri, 89% das armas compradas pela Venezuela são de origem chinesa e russa.

"Depois que Hugo Chávez assumiu, em 1999, as relações com os principais fornecedores, Europa e EUA, praticamente acabaram", diz o informe do instituto, referência mundial no monitoramento do fluxo de armas.

O Sipri não calcula a compra de armas em dólares, já que muitos acordos são sigilosos. Assim, o instituto desenvolveu um indicador próprio, conhecido como "índice do valor de tendência (TIV), que mede a venda de armas convencionais. Por essa conta, a Venezuela importou 4,1 mil TIVs nos últimos dez anos – o Brasil, apenas 2,1 mil.

Em termos de mercado, a importação pela Venezuela já foi de 2% do fluxo de armas no mundo, superior ao de Iraque e Afeganistão.

Com a crise, a partir de 2014, a queda nas compras foi de 40%. O levantamento revela ainda que houve um salto na venda de armas para países do Oriente Médio e da Ásia.

O maior fornecedor continua sendo os EUA, com 34% do mercado mundial.

Durante os últimos cinco anos, a Arábia Saudita se converteu no segundo importador mundial de armas, atrás da Índia. Os americanos são os principais fornecedores dos sauditas, com 61% das vendas.

No geral, as vendas de armas aumentaram 10% entre 2013 e 2017.

Segundo o SIPRI, o comércio de armas na América Latina vem caindo, coincidindo com um "baixo nível de tensão" entre países e com a queda nos conflitos internos, como na Colômbia. A crise econômica no Brasil também pesou. Entre 2013 e 2017, houve redução de 31% na importação de armas pelo País em comparação com 2008-2012.

O Brasil, que tinha 1% do mercado de compra de armas do mundo, passou a apenas 0,6%. Franceses, americanos e alemães são os principais fornecedores.

Apesar da queda, o SIPRI aponta que o Brasil assinou contratos para produtos que serão entregues entre 2018 e 2025. Isso inclui cinco submarinos da França e 36 jatos suecos.

Quanto à exportação, o Brasil representa hoje 0,2% do mercado mundial, com uma queda de 20% com relação a 2012. O País é hoje o 24.º que mais vende armas no mundo: 32% delas foram para o Afeganistão, 31% para a Indonésia e 9% para Angola.

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