São Paulo pode ser uma das primeiras cidades a ter táxi voador elétrico da Airbus

Vinícius Casagrande

A cidade de São Paulo pode ser uma das primeiras do mundo a realizar voos de passageiros com os novos veículos elétricos voadores da Airbus. “Os veículos elétricos estão chegando, e acreditamos que São Paulo é uma ótima cidade para isso”, afirma Uma Subramanian, CEO da Voom, aplicativo de reserva de voos de helicóptero que pertence à Airbus.

A Voom opera atualmente em apenas duas cidades: São Paulo e Cidade do México. A empresa iniciou suas operações na capital paulista em abril de 2017 e afirma ter um crescimento mensal de 200% ao mês na quantidade de voos. A Voom, no entanto, não é dona dos helicópteros. A empresa é uma plataforma para a reserva dos voos, que são operados por empresas de táxi aéreo autorizadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

“A Voom é uma empresa de solução para a mobilidade aérea. A razão pela qual lançamos a Voom não foi apenas para transportar passageiros de helicóptero, mas para descobrir como esse mercado funciona”, afirma a CEO da empresa.

Hoje helicóptero, amanhã táxi-aéreo

Segundo Uma, ter informações precisas sobre o comportamento dos passageiros que utilizam o helicóptero se locomover dentro da cidade é essencial para o futuro lançamento dos veículos elétricos voadores, chamados também de eVTOL (veículo elétrico de pouso e decolagem vertical, na sigla em inglês).

“Nosso objetivo é fazer as pessoas voarem hoje de helicóptero e, quando o eVTOL estiver certificado pela Anac e apto a voar, podermos colocá-los em serviço. É isso o que estamos fazendo”, diz. “Estamos criando um mercado para o eVTOL”, declara.

Foi de olho nesse mercado futuro que a Airbus escolheu a cidade de São Paulo para iniciar as operações da Voom no ano passado. A CEO da Voom afirma que a capital paulista deverá ser uma das primeiras a receber os novos veículos elétricos voadores. “Mas isso depende da Anac”, ressalta.

Voos em grandes cidades devem demorar dez anos

Para iniciar os voos de passageiros, os veículos elétricos ainda têm um longo caminho pela frente. A Airbus é uma das mais avançadas no projeto. No final de janeiro deste ano, a empresa fez o primeiro voo do protótipo Vahana. A CEO da Voom prevê, no entanto, que somente em cerca de dez anos esses veículos estarão totalmente aptos a voar em grandes cidades transportando passageiros.

A Uber tem um projeto para iniciar os voos com os veículos elétricos voadores a partir de 2021 em Dallas e Los Angeles, ambas nos EUA. A CEO da Voom afirma, no entanto, não acreditar que esse prazo seja viável.

A maior dificuldade é exatamente receber a certificação das autoridades aeronáuticas. “Estamos conversando com os reguladores neste momento e não sabemos quando. Há um longo processo de certificação e não há nada concreto para agora. É certo que haverá eVTOLs transportando passageiros em breve, mas ainda não em áreas urbanas”, afirma Uma.

Crescimento nos voos de helicópteros

Enquanto os veículos elétricos voadores não recebem autorização de decolagem, a Voom quer aumentar a quantidade de passageiros que utilizam os helicópteros para se locomover dentro da cidade de São Paulo.

“Esperamos que seja um crescimento rápido, e que cada vez mais pessoas possam voar conosco. Queremos dobrar nossos voos nos próximos meses em São Paulo e estamos trabalhando em novas parcerias”, diz.

A Voom já tem um acordo com a Cabify no qual o passageiro pode chamar um carro para levá-lo até um heliponto mais próximo e, então, embarcar no helicóptero. A empresa também já negocia parcerias com companhias aéreas e hotéis para uma venda conjunta dos serviços.

Segundo dados divulgados pela Voom, quintas e sextas-feiras são os dias mais movimentados, especialmente no horário das 17h às 19h. O aeroporto de Guarulhos é o destino mais procurado pelos passageiros. Uma viagem entre o bairro do Itaim Bibi, em São Paulo, e Guarulhos leva 11 minutos. No trânsito do horário de pico em São Paulo, o mesmo trajeto pode levar mais de duas horas de carro.

No total a Voom opera atualmente em dez helipontos da cidade de São Paulo. O voo entre o Itaim Bibi e Guarulhos custa R$ 380 por pessoa. Já a viagem entre a região de Alphaville, na Grande São Paulo, e a avenida Paulista custa R$ 250.

Segundo a empresa, quase metade dos passageiros voou de helicóptero pela primeira vez ao contratar o serviço. E, aparentemente, eles gostam de fazer inveja a quem está parado no trânsito. As fotos mais compartilhadas no Instagram durante a viagem retratam exatamente o trânsito da Marginal Pinheiros visto de cima.

 

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