Nelson Düring
Editor-Chefe DefesaNet
A Harpia foi o nome dado pelos primeiros exploradores europeus pelo tamanho e a ferocidade das águias, em função das monstruosas meio-mulheres/meio-águias da mitologia grega clássica. Como as corujas, elas têm um disco facial de penas menores que pode focar ondas sonoras para melhorar suas capacidades auditivas.
As Harpias são predadores tremendamente eficazes, com garras mais compridas do que as de um urso-cinzento. É uma águia adaptada ao voo acrobático em ambientes florestais de espaços fechados. Em homenagem a este belo espécime de ave das Florestas Tropicais foi dado o nome da empresa criada pela EMBRAER Segurança & Defesa e AEL Sistemas, em 2011.
Mesmo com todas estas características da ave que deu nome à empresa a EMBRAER Defesa & Segurança anunciou (07JAN2015) o encerramento das atividades da empresa HARPIA Sistemas S.A.
Empresa criada dentro do Acordo Estratégico anunciado pela EMBRAER Defesa & Segurança e a AEL Sistemas, subsidiária da ELBIT, em Abril 2011, durante a LAAD2011.
Constituída formalmente, em Setembro daquele ano, a HARPIA Sistemas S.A., também significou a participação da EMBRAER Defesa & Segurança no capital da AEL Sistemas S.A dentro do acordo estratégico entre as duas empresas. A HARPIA tinha como foco a exploração do mercado de veículos aéreos não-tripulados, denominados de VANT. E o capital da empresa era constituído pela Embraer Defesa e Segurança com 51% e a AEL 49%.
O comunicado emitido na época descrevia a empresa:
“Com sede em Brasília, Distrito Federal, as atividades da HARPIA envolverão marketing, desenvolvimento, integração de sistemas, fabricação, comercialização e suporte pós-venda de VANT, bem como simuladores e atividades de modernização de sistemas aviônicos. A empresa oferecerá soluções mais abrangentes em sistemas complexos, aumentando a oferta de produtos genuinamente brasileiros no mercado de defesa e segurança.”
Posteriormente, em 2013, houve a inclusão da AVIBRAS, sendo o projeto Falcão transferido para a HARPIA. A constituição do capital da empresa passou a ser formado dessa forma: a AVIBRAS com 9%, a AEL Sistemas com 40% e a EMBRAER Defesa e Segurança com 51% das ações.
As indefinições quantos aos projetos de VANT pelo Ministério da Defesa e as Forças e as restrições orçamentárias (ressaltada na nota da EMBRAER Defesa & Segurança), nos últimos anos levou a estagnação da empresa.
Os recursos necessários para atualizar o VANT Falcão da AVIBRAS, agora como produto do portfólio da empresa, e torná-lo com nível operacional nunca foram disponibilizados. A dissolução da HARPIA já tinha ocorrido de forma legal em 2015, sendo comunicada agora ao mercado.
No ano de 2015 a EMBRAER Defesa & Segurança entrou no capital da empresa FT Sistemas, de São José dos Campos, especializada no desenvolvimento de VANTS, através do Fundo Aeroespacial, com a FINEP, BNDES e a Agência Desenvolve SP. A nota colocada pelo gestor do Fundo Aeroespacial:
“O fundo investiu na FT sistemas porque é a melhor empresa do setor.
Tem tecnologia inovadora e softwares próprios de voo autônomo, reconhecida e selecionada pela Embraer e pelo Exército Brasileiro e de outros países como sua plataforma padrão e exclusiva para Vants na sua categoria. Investimos também porque possui uma equipe empreendedora, altamente motivada e profissional.
Temos certeza que a companhia brilhará tanto no Brasil como no mercado internacional”
João Antonio Lopes Filho
PORTBANK
O Acordo Estratégico EMBRAER Defesa & Segurança e a AEL Sistemas tem um pazo de 5 anos. Em 2016/7 deverá ser equacionado os rumos desse Acordo entre as duas empresas.
A AEL Sistemas continuará no apoio às atividades dos Sistemas VANTS ELBIT Hermes, em operação pela FAB, no Esquadrão Horus, 1°/12° Grupo de Aviação, baseado em Santa Maria (RS).
DefesaNet não conseguiu até o momento de fechar o artigo uma posição da AVIBRAS Aeroespacial sobre a continuidade do Projeto FALCÃO.
Abaixo íntegra da Nota Oficial emitida pela EMBRAER Defesa & Segurança, AVIBRAS Divisão Aérea e Naval S.A.e a AEL Sistemas:
COMUNICADO – Encerramento das atividades da HARPIA
Devido ao fator estratégico do projeto para concepção de um Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada (SARP) nacional, as empresas continuarão a desenvolver as tecnologias para atendimento futuro das demandas das Forças Armadas brasileiras e do mercado civil em um novo formato, podendo inclusive atuar em conjunto no futuro. As empresas reconhecem que a preservação do conhecimento é fundamental para manter a capacidade tecnológica adquirida e, por isso, realocaram os profissionais da HARPIA Sistemas em outros programas. |
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