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As Dificuldade de Operações de Aeronaves Remotamente Pilotadas


Nelson Düring
Editor-chefe DefesaNet


As operações de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) têm sido um feito marcante nas operações militares iniciadas nos anos 2000, em especial na “Guerra ao Terror”. Muito discutidas e pouco entendidas nas suas capacidades e limitações, passaram a ser o mal ou solução de tudo. (Nota DefesaNet – Adotamos o nome ARP que englobará também o significado de: VANT / Drone /UAV / etc. .A FAB também está usando esta denominação)

O Tribunal de Contas Americano ( US Government Accountability Office) realizou um estudo sobre  com o título “AIR FORCE Actions Needed to Strengthen Management of Unmanned Aerial System Pilots”, liberado no dia 10 ABR 14. O estudo foi a pedido do Senado Americano, com o intuito de analisar o impacto de enorme expansão das atividades   das Aeronaves Remotamente Pilotadas dentro da USAF.

A maior parte das operações de ARPs do Departamento de Defesa Americano são conduzidas  pela USAF.  Em 2007, o número de pilotos de ARPs era de 400, que pulou para 1.350, em 2013.

Isto levou a USAF, em 2010, criar uma nova especialidade a de piloto de ARP, até então eram usados pilotos de aeronaves tripuladas, em especial caças.

Isto levou a um impacto positivo nos custos,  pois a USAF gasta cerca de U$65.000 (sessenta e cinco mil dólares),  para treinar cada piloto de ARP para completar o “Undergraduate RPA (ARP) Training. Para um piloto de caça o gasto sobe para  U$557.000 (quinhentos e cinquenta e sete mil dólares), para completar a parte do Undergraduate Pilot Training

As ARP

A USAF expandiu rapidamente o emprego de ARP na última década, em especial para apoiar as campanhas do Iraque e Afeganistão
 
Basicamente usa três tipos de ARPs:

1 –  MQ 1 (Predator) – multimissão, média altitude, voo de longa duração usado como plataforma de inteligência e secundariamente como ataque –  Fabricante General Atomics Aeronautical Systems, Inc
2 – MQ 9 (Reaper) – O mais bem armado ARP – Fabricante General Atomics Aeronautical Systems, Inc
3 –  RQ-4 (Global Hawk) – Usado para inteligência voa a grande altitude – Fabricante NorthropGrumman

As ARP realizam as tradicionais missões de inteligência,vigilância e  reconhecimento com a capacidade de analisar as áreas de interesse para as operações militares. Nas ARP MQ-1 Predator e o  MQ-9 Reaper foram adicionados mísseis ar-terra, para atacar alvos no solo, empregando designador de alvos a laser e visores termográficos.
 
Também incluíram missões com  ARPs equipados  com sensores para localizar Artefatos Explosivos Improvisados (IEDs), entre outras missões.
 

A estrutura da Split Mission. Centro de controle em Base Aérea nos Estados Unidos e ARP na área de Operação – Arte GAO

A Estrutura Combat Air Patrol

O  termo Combat Air Patrol (CAP), refere-se a capacidade de um grupo operar um ARP 24 horas em voo. Isto inclui tempo em rota de ida e volta para a área alvo. Dependendo da distância do alvo, mais de uma CAP pode ser necessária para uma cobertura 24 horas de um determinado ponto.
 
Uma  CAP tem normalmente cerca de quarto ARPs, três no Teatro de Operações (TO), e um nos Estados Unidos para fins de treinamento.
 
Baseado em estudos a USAF concluiu que as tripulações para os Esquadrões de MQ-1 Predator são de 10:1, ou seja 10 pilotos são necessários para manter  um ARP Predator voando em um período de  24 horas.
 
Os mesmos padrões foram adotados pela USAF para  os Esquadrões equipados com MQ-9 Reaper .
 
O estudo das operações das CAPs mostra que na prática a USAF tem adotado uma proporção de 7:1 a 8:5:1, em períodos de grande demanda chegou a cair para 6:1.

Isso significa que os pilotos e operadores de sensores tiveram uma demanda maior de trabalho.  

A USAF tem planos de ter 65 CAPs o que requereria cerca de 1.600 a 1.650 pilotos de ARPs.
 
Os problemas

A  operação contínua em um ritmo de 24horas /7dias/365dias, acabou gerando pressões que erodiram algumas das vantagens iniciais e criaram outras demandas.

A USAF adota o conceito de “Remote Split Operations”. O controle dos ARPs está localizado em Bases Aéreas nos Estados Unidos (identificadas 8 Bases), enquanto os ARPs operam desde bases localizadas no exterior.

A operação de voo e sensores realizada desde os Estados Unidos é transmitida via satélite aos ARPs voando na área de operações.

Equipes locais cuidam dos pousos e decolagens e manutenção das ARPs.

A possibilidade de ter as CAPs  baseadas em solo americano foi vista como um ponto vantajoso inicialmente. Porém gerou uma situação interessante, que já tinha sido identificado com as tripulações da OTAN durante a Operação Força Aliada (Kosovo 1989).

A convivência em família durante o período de operações militares acaba gerando um stress pesado para os membros das CAPs. Entre os pontos significativos:
 

1 – No War – No Peace – A postura dos Guerra durante o turno de serviço e a Paz fora do serviço. Tripulações indicam que seria interessante terem uma um período similar ao de irem para o front;
2 – O Stress dos Turnos – A demanda 24 / 7 /365 leva a uma convivência familiar e com os amigos difícil, em especial se é necessário trocar de turno;
3 – Longos períodos de serviço – Enquanto o deslocamento para o front é de 6 meses, muitos operadores de RP estão em missão há vários anos;  
4 – Atividades Administrativas – quando no front as equipes não realizam tarefas administrativas, burocráticas, o que é exigido quando estão nos Estados Unidos além das operações nas CAPs ;
5 – A (in)segurança das Bases nos Estados Unidos – Como tornado público que as CAPs estão posicionadas em Bases Aéreas, nos Estados Unidos, tanto as estruturas, como as equipes e seus familiares passaram a serem alvos de atividades terroristas.

 

 Piloto de ARP atividade sem Glamour

 A USAF empregou primeiramente pilotos de aeronaves tripuladas para assumirem as funções de pilotos de ARPs, e de graduados para operarem os sensores.
 
A posição adotada por cada força americana está descrita na tabela abaixo
(Fonte GAO)

Força Voo Operadores de
Sistemas e Sensores
USAF Oficiais Até 2010 somente  pilotos de aeronaves tripuladas Graduados
Após 2010 Criada Função de Piloto de ARP
US Navy Oficiais – Não há carreira especial para pilotar RPA Graduados
US Army Graduados Graduados
USMC Graduados Graduados

 

Dentro da USAF a operação dos ARPs evidentemente não tem o glamour e charme das aeronaves tripuladas. Acabou sendo vista como função menor e as vagas preenchidas com  membros menos qualificados.
 
O resultado foi um índice de promoções menor para os envolvidos com os ARPs. Sem dúvida competir com o glamour de pilotar um caça é uma tarefa árdua para os pilotos de ARPs, que ainda terão um longo caminho pela frente.

A USAF não tem conseguido prencher as vagas para pilotos de ARPs, nos três últimos anos, e também enfrenta dificuldades de retenção dos pilotos.

 

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